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"Precisamos de ciência, tecnologia e inovação para manter a floresta"

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12/10/2021

Julio Taketomi

MANAUS (AM) – Atualmente, cerca de 80% dos produtos hortifrutigranjeiros são importados para o Amazonas. Diante dessa realidade, em entrevista ao EM TEMPO, o vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (Fieam), Nelson Azevedo, defende a utilização da tecnologia para potencializar a bioeconomia no agronegócio.

EM TEMPO - Em seu último artigo, algumas lideranças se sentiram incomodadas com suas considerações sobre a Amazônia e o agronegócio. O que o senhor tem a dizer a respeito?

Nelson Azevedo - Nem sempre conseguimos expressar nosso pensamento sem causar incompreensões. A falha é nossa. Mas sua pergunta permite que eu esclareça meus pontos de vista. O primeiro deles é a defesa intransigente da economia agrícola do Brasil, que hoje responde por 50% de nossa balança comercial. E vejo, como perfeitamente factível, a convivência e a colaboração desta economia com o setor produtivo do Amazonas.

EM TEMPO - Mas você afirmou que o agronegócio não precisa da Amazônia, citando a ministra da Agricultura, Teresa Cristina.

Nelson - Esta frase foi colocada no momento de pico das queimadas do ano passado, atribuídas de modo leviano pelos ambientalistas aos empresários do setor agropecuário. O acordo Mercosul-União Europeia, naquele momento, foi ameaçado de ser suspenso por causa disso. E algumas organizações estavam pressionando seus governos para suspender as importações de alimento do Brasil. É muito importante separar essas notícias dos interesses que as produzem. Os concorrentes do Primeiro Mundo utilizam todo tipo de pressão para boicotar nossas exportações, não sejamos ingênuos.

EM TEMPO - Tudo bem até esse momento. Entretanto, você menciona que a preservação da floresta é o principal argumento de sobrevivência da economia da Zona Franca de Manaus. Como é que fica? O agronegócio não polui, não desmata, não queima a floresta?

Nelson - Mencionei a respeito desse assunto dois fatos: Primeiro, precisamos de ciência, tecnologia e inovação para manter a floresta com potencialidade de manter sua umidade e vapor para a formação de rios voadores. Se não atentarmos para isso, a Amazônia deixará de contribuir com seus recursos hídricos para a robustez do agronegócio. Em segundo lugar, exaltei as tecnologias da Embrapa para produzir mais em espaço físico menor. Refiro-me à tecnologia da Integração Lavoura Pecuária Floresta (ILPF), muito utilizada na pecuária de leite no Sul do Amazonas. Essa tecnologia foi adotada por um dos mais competentes empreendedores da pecuária amazonense pelo Muni Lourenço, defensor intransigente da tecnologia na pecuária e na lavoura. E não há outro caminho.

EM TEMPO - Do ponto de vista do Amazonas, como você enxerga outros formatos de colaboração com o agronegócio?

Nelson - Em todas as minhas reflexões, é insistente o convite à união de todos. O conflito entre os brasileiros nos enfraquece e pode nos destruir. O Brasil precisa de acolhimento. Em nenhum setor da atividade humana, os extremos agregam definitivamente. E é só pela união de propósitos que vamos fortalecer a brasilidade, nossos direitos e economia, que vai resgatar a pujança de que somos capazes. Insisti também na necessidade de que os recursos gerados pela Zona Franca de Manaus, 75% apropriados pela União, sejam aplicados na Amazônia, na pesquisa e desenvolvimento de inovação tecnológica para suporte das diversas economias.

EM TEMPO - Quer dizer então que você defende a parceria entre bioeconomia e agronegócio?

Nelson - Sem sombra de dúvidas. Afinal, sou empresário da indústria e um agricultor apaixonado. Aqui, no Amazonas, dependemos da floresta, optamos por protegê-la e dependemos também do alimento. Importamos de outros estados 80% daquilo que comemos. Às vezes, pode não ficar claro, mas não custa repetir, nós amamos, precisamos e torcemos por estes heróis que põem comida na mesa dos brasileiros e da nossa tribo. E do mundo.

Fonte: EM TEMPO

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