02/07/2025 08:44
Do financiamento industrial à vocação regional: o papel da universidade pública na formação de empreendedores da floresta, articulando conhecimento, território e futuro.
A Universidade do Estado do Amazonas (UEA) é muito mais que uma instituição de ensino: é uma engenharia social viva. Sua capilaridade territorial, com presença em todos os municípios do Amazonas, e sua base de financiamento vinculada à indústria da Zona Franca de Manaus a colocam como eixo central de um projeto realista e transformador de desenvolvimento regional. O que está em jogo é a reintegração produtiva da juventude amazônica — das margens urbanas às calhas dos rios — num processo de afirmação cidadã, emancipação econômica e enraizamento cultural.
Reintegrar juventudes, reconstruir futuros
A Universidade do Estado do Amazonas (UEA) é muito mais que uma instituição de ensino: é uma engenharia social viva. Sua capilaridade territorial, com presença em todos os municípios do Amazonas, e sua base de financiamento vinculada à indústria da Zona Franca de Manaus a colocam como eixo central de um projeto realista e transformador de desenvolvimento regional. O que está em jogo é a reintegração produtiva da juventude amazônica — das margens urbanas às calhas dos rios — num processo de afirmação cidadã, emancipação econômica e enraizamento cultural.
A indústria financia. A universidade transforma.
A UEA é sustentada pelos recursos oriundos do Polo Industrial de Manaus, que responde por cerca de 30% do PIB da Região Norte. Este elo financeiro não é apenas contábil, mas ético. “O pacto social que financia a universidade exige, em contrapartida, uma atuação propositiva que devolva à sociedade soluções de pertencimento, geração de renda, inovação local e cuidado ambiental aos nossos jovens”, insiste o reitor da UEA, André Zogahib. É nesse sentido que a universidade se torna também uma arquitetura de prosperidade — onde o saber gera sentido, oportunidade e cidadania.
Empreendedorismo de propósito: o futuro como vocação
A parceria com o SEBRAE, materializada no Workshop Empretec Urbano, representa uma virada de chave. Trata-se da maior metodologia de formação de empreendedores do mundo, implantada no Brasil sob exclusividade do SEBRAE e com forte presença na UEA em 2025. O programa é uma imersão comportamental de 60 horas, com critérios seletivos rigorosos e entrevistas realizadas por inteligência artificial, voltado à formação de jovens com perfil empreendedor, identidade regional e responsabilidade socioambiental.
Mais do que capacitar tecnicamente, o Empretec desperta três dimensões fundamentais:
- Autoidentificação — resgate da autoestima e da vocação interior;
- Ancestralidade — conexão com a cultura dos saberes da floresta;
- Inserção produtiva — aproximação com cadeias sustentáveis e oportunidades reais de negócios.
Das calhas dos rios aos bairros das periferias: o desafio da acessibilidade
Que propostas temos para os jovens das calhas dos rios, onde a renda é escassa e a logística é um desafio cotidiano? E para a juventude da periferia de Manaus, onde quem multa contra o relógio do transporte precário no bairro do Brasileirinho sonha com uma qualificação que permita emprego digno ou, melhor ainda, um negócio enraizado na ética amazônica?
É com esse horizonte que a UEA, por meio da AGIN, e o SEBRAE estruturam novas estratégias:
- Interiorização das tecnologias sociais, com formação presencial nos campi e oficinas em comunidades;
- Adensamento das cadeias produtivas regionais, com estímulo ao empreendedorismo em alimentos regionais, turismo de base comunitária, fitoterápicos, biojoias, resíduos recicláveis e soluções de energia limpa;
- Criação de redes de apoio e mentoria, com grupos no WhatsApp, entrevistas guiadas por IA e certificação nacional emitida pelo Sistema Empretec.
A universidade como ponte entre saberes e setores
A UEA precisa ser o elo de confiança entre o mundo ancestral e o mundo que virá. Um elo entre o saber ribeirinho e a propriedade intelectual global. Entre a oralidade da floresta e os algoritmos da inteligência artificial. Entre a biodiversidade amazônica e os bioativos do mercado cosmético, farmacêutico e alimentar.
Prosperidade é um verbo coletivo
A universidade não pode ser uma torre de marfim. Ela precisa ser um pé na lama e outro no laboratório. Uma mão no teclado e outra na canoa. Um projeto coletivo de reencantamento da Amazônia com base no conhecimento, na inclusão e na sustentabilidade.
A Agência de Inovação da UEA está pronta para esse chamado. Queremos formar empreendedores que não apenas abram negócios, mas abram caminhos. Queremos que a ciência fale a língua da floresta. E que o empreendedorismo se curve diante da ética da sustentabilidade