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ZFM: o Apocalipse, não, vem aí

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29/01/2019

Alfredo Lopes

Na edição desta segunda-feira, 28 de janeiro, nas páginas do Estadão, o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio, reforçou o coro contra as possíveis mudanças em estudo na equipe econômica para acabar ou modificar o sistema de funcionamento da Zona Franca de Manaus, levando ao desemprego uma multidão de trabalhadores que sustentam a absoluta maioria dos 4 milhões de habitantes do Estado. Uma dessas soluções remete ao repasse direto para os governos locais do volume necessário de recursos para mitigar os estragos sociais da mudança. Uma notória balela.

Esse alarmismo exige um debate maduro e transparente a respeito. A começar no interior da classe política, a grande responsável pelos descaminhos desse modelo de acertos. Há 50 anos, grupos políticos se engalfinham na busca do poder, postados de costas para a Lei e para os Direitos, sobretudo os de caráter civil e aqueles que dariam amparo - e mais benefícios à sociedade - ao setor produtivo aqui existente. Não há união local e regional capaz de somar forças e projetos de integração da economia local no sumário de uma política industrial, de ciência, tecnologia e inovação, ambiental e cultural.

E mais: esse litígio por interesses pessoais e de grupo não permite que essa unidade local se estenda aos demais estados vizinhos para se formar uma frente parlamentar amazônica de defesa de nossos direitos e necessidades. Se é cada um por si Deus não será por ninguém. Não tenhamos dúvidas, sejamos ou não crentes na Justiça em caixa alta e na solidariedade universal.

Vamos a alguns casos/bandeiras graves/emergenciais em que essa futrica política fracassou aos olhos do cidadão nestes 52 anos de contrapartida fiscal. Começando pela questão urbana, por que até hoje a prefeitura de Manaus não cumpriu a determinação da justiça federal de recuperar a tragédia urbana e viária do Polo Industrial de Manaus? Alegar que ninguém aceita fazer essa obra sem explicar as presepadas que ela encobre é desacatar a dignidade e a inteligência das pessoas.

Por que a riqueza aqui gerada não é aplicada na promoção socioeconômica da região? Nos últimos governos dos partidos de centro-esquerda, de 1994 em diante, onde a classe política do Amazonas esteve bem perto do poder, não recuperaram a BR 319, não flexibilizaram o veto ao PPB, para adensar, diversificar e regionalizar a indústria de Manaus? Por que ninguém exige que 3 a 5% da riqueza aqui gerada seja aplicada em infraestrutura? Por que, em vez de construir gasodutos, arenas de futebol e pontes sem prioridade/necessidade demonstrável, não promoveram o crescimento integral e integrado do Amazonas cujo interior vive o completo abandono? Não temos uma comunicação compatível com as demandas das empresas locais. Não temos Porto público, não temos logística de transportes decente, muito menos autonomia para construir matriz energética compatível com nossa vocação socioambiental. Por que tantos por quês sem plausível explicação? Vamos responder com honestidade essas questões e traições civis, pois são elas que devem acabar. Assim como devem acabar as relações sombrias do toma-lá dá-cá entre alguns atores que se dizem representantes dos interesses setoriais. A hora é de somar esforços e talentos em torno de um projeto comum de economia transparente e de uma ordem social decente... e nada mais.

*Alfredo é filósofo e ensaísta - alfredo.lopes@uol.com.br

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