17/03/2021
Fonte: Jornal do Commercio
Marco Dassori
A despeito da segunda
onda, e do fechamento provisório de praticamente todas as
suas lojas, o Amazonas voltou
a registrar saldo positivo de
empregos com carteira assinada na virada do ano. Depois do
tombo de dezembro, o Estado
registrou expansão de 0,49%
na variação mensal, dada a
predominância das admissões
(+13.581) em detrimento dos
desligamentos (-11.525). No
total, foram geradas 2.056 vagas no primeiro mês do ano,
conferindo um resultado bem
melhor do que o apresentado
em dezembro (-1.250). O saldo
de Manaus foi ainda melhor
(+2.199)
A alta foi sustentada por indústria e serviços, sendo que o
saldo positivo de vagas celetistas de janeiro foi o mais baixo
para o Estado desde o começo
da pandemia. Ficou bem atrás
do pico registrado em agosto
de 2020 (+7.019), aproximando-
-se da marca de julho do mesmo ano (+2.974) –o primeiro
resultado positivo, após a primeira onda e a reabertura do
comércio local. O desempenho
do Amazonas ficou abaixo da
média nacional (+0,66%), embora tenha superado a região
Norte (+0,38%)
A performance positiva de
janeiro possibilitou ao Estado manter o saldo acumulado
dos últimos 12 meses no azul,
pelo quinto mês seguido. Os
dados com ajuste apontam que
o período rendeu incremento
de 2,47% na criação de vagas
(+10.186), com as contratações
(156.690) superando as demissões (146.504). Com isso, o estoque registrado no mês passado foi de 423.058 ocupações. Os
números estão na mais recente
edição do “Novo Caged”, divulgada pelo Ministério da
Economia, nesta terça (16).
A mesma base de dados indica que a média nacional também cresceu em janeiro de 2021, com saldo de 260.353 postos de trabalho formais, com 1.527.083 admissões e 1.266.730 desligamentos. O número superou com folga o registro de janeiro de 2020 (117.793, com ajustes) e foi o melhor resultado para o mês desde o início da série histórica, em 1992. O estoque chegou a 39.623.321 vínculos e todos os setores econômicos avançaram no mês. “O resultado mostra que o país continuou com a recuperação econômica após o pico de casos de covid de 2020, que fechou parte das atividades econômicas no país”, assinalou o Ministério da Economia, no texto de divulgação do estudo.
Serviços e indústria Dos cinco setores econômicos listados pelo “Novo Caged”, apenas serviços (+1.728) e indústria (+1.291) criaram empregos formais, na comparação de janeiro de 2021 com dezembro de 2020. A expansão nos serviços do Amazonas foi sustentada basicamente por saúde humana e serviços sociais (+1.263) e atividades administrativas e serviços complementares (+955), em detrimento de alojamento e alimentação (-491) e educação (-188), entre outros. Em 12 meses, o saldo da atividade foi de 2.460 vagas.
A performance de janeiro permitiu à indústria amazonense reverter o saldo negativo de dezembro (-277). Os números foram puxados pela indústria de transformação (+1.252) e pelo segmento de água, esgoto, atividades de gestão de resíduos e descontaminação (+46), na variação mensal. Mas, não conseguiu o mesmo na indústria extrativa (-1) e no subsetor de eletricidade e gás (-6). O setor acumulou 4.694 postos de trabalho, nos últimos 12 meses.
Na outra ponta, comércio e reparação de veículos (-823) amargou a pior performance da lista –em contraste com o saldo positivo de 214 vagas registrado no mês anterior. Foi seguido de longe pela atividade de construção, que amargou o corte de 141 postos celetistas. O setor que engloba agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura, por outro lado, praticamente empatou, ao gerar apenas um emprego formal. Os saldos acumulados em 12 meses foram, +2.938 (comércio), +289 (construção) e -195 (agropecuária).
Segunda onda O vice-presidente da Fieam (Federação das Indústrias do Estado do Amazonas), Nelson Azevedo, destaca que o setor ganhou expertise ao atuar dentro das limitações estabelecidas pelos protocolos, e avalia que os empregos ainda se encontram em estabilidade, embora as fábricas já não contem mais com a possibilidade de flexibilizar contratos de trabalho. Para o dirigente, que também preside o Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Manaus, o PIM encontra-se em uma encruzilhada diante dos efeitos da pandemia na confiança e do consumidor brasileiro.
“Passamos muitas dificuldades em janeiro, mas o Polo segue funcionando em ritmo normal, embora ainda enfrente problemas de suprimento e não esteja com o uso de sua capacidade plena. A situação da pandemia no Sudeste é preocupante, porque é lá que está o nosso maior mercado. As empresas fizeram o possível para segurar os empregos, mas não se sabe até quando. Creio que em fevereiro e março, não deve ter grandes alterações. Torcemos que em abril as coisas talvez comecem a melhorar”, ponderou.
Comércio fechado O presidente da FCDL-AM (Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Estado do Amazonas), Ezra Azury, avalia que o resultado negativo para o varejo amazonense já era esperado pelo setor, e nem poderia ser diferente, já que as lojas estavam praticamente todas de portas fechadas. Segundo o dirigente 100% dos contratos de empregos temporários foram cancelados na virada do ano e, se não houvesse segunda onda, as empresas aproveitaram parte da mão de obra nos próximos meses, conforme a reação da economia.
No entendimento do presidente da FCDL-AM, no entanto, a tendência é que a atividade volte a empregar no mesmo
nível que enxugou empregos,
tão logo as restrições sanitárias ao seu funcionamento
sejam eliminadas. “Muitas
empresas tiveram de fechar
de vez e demitiram muito, no
processo. Mas, creio que só os
shoppings, que hoje trabalham
com apenas um turno, devem
contratar mais, assim que puderem operar durante 12 horas. Isso deve acontecer, com
demanda aquecida ou não. E,
com certeza, devemos ter flexibilização a partir da próxima
semana”, concluiu.