20/07/2021
Em menos de duas semanas, o novo Pronampe emprestou R$ 10 bilhões de um total de R$ 25 bilhões para cerca de 130 mil pequenas empresas, mas o próprio governo admite que o tamanho atual do programa não será suficiente para a demanda.
Muitos ainda se queixam de dificuldades para acessar os recursos, mas quem conseguiu, reestrutura dívidas e até investe, à espera da retomada da economia com o avanço na vacinação .
O Sebrae, no entanto, estima serem necessários entre R$ 160 bilhões e R$ 200 bilhões para ajudar as pequenas empresas, segmento que mais emprega, a saírem da crise e voltarem a crescer. Ou seja, muitas ficarão desassistidas.
O presidente do Sebrae, Carlos Melles, acredita que o crédito vem sendo absorvido rapidamente porque o programa tem um ótimo modelo, pois a garantia do Tesouro facilita a concessão de crédito aos pequenos pelos bancos.
Ele relata que chegou a pedir um aporte entre R$ 40 bilhões e R$ 50 bilhões para o segmento. O governo fez um aporte inicial de R$ 5 bilhões, que, alavancados pelos bancos, transformaram-se em R$ 25 bilhões.
"Quando nós falamos de R$ 40 bilhões, R$ 50 bilhões de aporte, prevíamos que esse valor poderia alavancar de R$ 160 bilhões a R$ 200 bilhões de crédito, que talvez seja a necessidade mais adequada da micro e pequena empresa hoje", explica Melles.
O empresário Rafael Nunes Plantz, dono da Tag Eventos, tentou empréstimo pelo Pronampe várias vezes e só conseguiu agora. Sua empresa aluga palcos, grades e estrutura para eventos no Estado do Rio, um setor que parou totalmente por vários meses e ainda não se recuperou.
"Tínhamos consciência de que seríamos os primeiros a parar e os últimos a ser beneficiados", diz Plantz.
O dinheiro já caiu na sua conta e tem destino certo: o pagamento de contas.
"Nosso setor ainda não voltou. A vacina está caminhando, mas ainda demora. Esse dinheiro vai cobrir o capital de giro de janeiro a abril e será usado na folha de pagamento", diz o empresário.
Recursos ajudam a reestruturar dívidas
Pagar dívidas, funcionários e fornecedores é a prioridade de quem consegue recursos, contam empresários e representantes dos setores de comércio e serviços, os mais prejudicados pela pandemia, pois dependem da circulação de pessoas.
Dados da CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas) mostram que, no primeiro quadrimestre de 2021, 437.787 empresas fecharam — alta de 22,9% em relação aos quatro meses imediatamente anteriores. Frente ao mesmo período de 2020, o aumento é de 23,1%.
No setor de bares e restaurantes, desde o início da pandemia, mais de 300 mil estabelecimentos fecharam. Segundo Paulo Solmucci, presidente da Abrasel, associação que representa o setor, 57% dos donos de bares e restaurantes estão operando com prejuízo, e 71% têm dívidas atrasadas.
Os principais débitos são relativos a impostos (federais, municipais e estaduais), água e luz, aluguel, FGTS e fornecedores, nessa ordem.
"Na primeira leva do Pronampe, muitos pegaram o empréstimo por precaução. Agora, quem conseguir, vai usar para reestruturar dívidas", afirma Solmucci, que considera que a ajuda demorou muito.
O subsecretário de Desenvolvimento das Micros e Pequenas Empresas do Ministério da Economia, Michael Dantas, reconhece que havia uma demanda reprimida por crédito no segmento e diz que a pasta trabalha em medidas de curto, médio e longo prazo para atendê-la.
Fonte: JCAM