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09/04/2021
Fonte: Jornal do Commercio
Depois de desabar dois dígitos na virada do ano, a indústria amazonense emendou um segundo mês seguido com tombo de produção, em fevereiro, em sintonia com os impactos prolongados da segunda onda de covid-19 e das restrições governamentais para garantir o isolamento social. A nova retração seguiu a trajetória da média nacional, embora tenha vindo com mais força e foi puxada novamente por segmentos industriais fortes no PIM, como os polos de duas rodas e de bens de informática. Os dados estão na pesquisa mensal do IBGE e foram divulgados nesta quinta (8).
A produção industrial do Estado voltou a ficar negativa em todas as comparações, no segundo mês de 2021. A atividade encolheu 0,9%, na passagem de janeiro para fevereiro de 2021, e ficou 9,9% aquém do patamar de fevereiro do ano passado – contra -10,9% e -9,7%, no levantamento anterior. Com isso, a indústria amazonense ainda amargou quedas acentuadas nos acumulados do bimestre (-9,8%) e dos últimos 12 meses (-7,3%).
Assim como ocorrido no levantamento anterior, o resultado do Amazonas ficou aquém da média nacional (-0,7%), entre janeiro de fevereiro de 2021, mas o Estado ainda conseguiu decolar do penúltimo para o sexto lugar, no ranking nacional do IBGE, que analisa as indústrias de 14 unidades federativas. Mato Grosso (+7,3%), Espírito Santo (+4,6%) e Goiás (+2%) encabeçaram a lista, enquanto Ceará (-7,7%), Pará (-7,4%) e Bahia (-5,8%) ficaram no rodapé.
Com a retração de dois dígitos na comparação com fevereiro de 2020, o setor industrial do Estado ficou ainda mais abaixo da média brasileira na variação anual (+0,4%), embora tenha conseguido avançar da penúltima para 11ª posição. Os melhores desempenhos vieram de Santa Catarina (+8,1%), Rio Grande do Sul (+7,9%) e Minas Gerais (+5,8%). Na outra ponta, Bahia (-20,9%), Pará (-11,4%) e Espírito Santo (-10,1%) amargaram as últimas posições em uma lista com apenas cinco crescimentos.
O decréscimo acumulado no ano fez o Amazonas se manter na penúltima colocação do ranking, além de ficar novamente aquém do combalido número brasileiro (-4,2%). O Estado só ganhou da Bahia (-18%), situando-se logo atrás do Espírito Santo (-9,3%). Em contrapartida, as melhores performances vieram de Santa Catarina (+9,5%), Rio Grande do Sul (+8,4%) e Minas Gerais (+7,8%).
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Plásticos e condicionadores
Na variação anual, as indústrias extrativas recuaram 4,9% e a indústria de transformação sofreu um novo desabamento de dos dígitos (10,1%). Dos nove segmentos da indústria de transformação investigados pelo IBGE no Amazonas, apenas quatro conseguiram fechar no azul: produtos de borracha e matéria plástico (+49,1%), máquinas e equipamentos (condicionadores de ar e terminais bancários, com +25,5%) máquinas, equipamentos e materiais elétricos (conversores, alarmes, condutores e baterias, com -12,3%) e produtos de metal (lâminas, aparelhos de barbear, estruturas de ferro, com +10,4%).
Na outra ponta, o pior resultado veio novamente de impressão e reprodução de gravações (DVDs e discos, com -71,1%), seguido por “outros equipamentos de transportes” (motocicletas e suas peças, com -26,1%), bebidas (-23,5%), equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (celulares, computadores e máquinas digitais, com -5,1%) e derivados do petróleo e de biocombustíveis (gás natural, com -2,5%).
Na comparação do primeiro bimestre de 2021 com igual acumulado do ano passado, o quadro é ainda menos encorajador. A indústria extrativa caiu 6,2% e as únicas atividades da indústria de transformação que alcançaram incremento foram as de produtos de borracha e de material plástico (+31,9%), produtos de metal (+7,6%) e máquinas e equipamentos (+4%).
“Pelo segundo mês consecutivo, a produção industrial do Amazonas caiu. Desta vez, a queda foi menor, mas ajudou a impactar negativamente o acumulado do ano, que já passou de 10% negativos. Esse fraco desempenho pode ser atribuído à pandemia da covid-19, que vem reduzindo o consumo e, consequentemente as vendas de produtos fabricados no Polo Industrial de Manaus. No mês, apenas quatro das dez atividades industriais conseguiram ter crescimento na produção. A média móvel trimestral não mostra números que indiquem um poder de reação para os próximos meses”, alertou o supervisor de disseminação de informações do IBGE-AM, Adjalma Nogueira Jaques.
“Fila de espera”
Em texto distribuído anteriormente pela assessoria de imprensa da (Abraciclo Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares), referente ao desempenho da produção de motocicletas do PIM, em fevereiro, o presidente da entidade, Marcos Fermanian, já havia avaliado que os números negativos do segmento refletiam o agravamento da crise sanitária em Manaus e a necessidade de as fábricas readequar turnos de trabalho para atender ao toque de recolher implantado pelo governo estadual.
“Essas medidas impediram que as fábricas mantivessem a curva crescente de produção registrada nos últimos meses de 2020. (…) Acreditamos que, com produção plena a partir de março, conseguiremos recuperar parte dos volumes e, com isso, ter condições de reduzir a fila de espera por motocicletas, que hoje é de cerca de 150 mil unidades”, ponderou.
“Fase crítica”
Na mesma linha, o presidente da Fieam (Federação das Indústrias do Estado do Amazonas), Antonio Silva, assinala que o acentuado declínio de produção registrado pela indústria amazonense, em fevereiro, já era aguardado pela entidade e aponta que o resultado representa a fase mais crítica da pandemia no Amazonas, que englobou a segunda quinzena de janeiro e o mês de fevereiro.
“Essa retração geral está diretamente ligada às medidas restritivas, que foram necessárias para contenção do avanço da pandemia. O mês de março ainda deve apresentar resquícios desse momento. Nossa preocupação agora está voltada para o agravamento da pandemia no restante do país, que também trará reflexos para a atividade local, haja vista que aproximadamente 98% do nosso faturamento advém do mercado nacional”, encerrou.