28/10/2021
Taxas cobradas por empresas portuárias para a armazenagem e o transporte de contêineres na modalidade cabotagem foram reajustadas em índices superiores a 900% em relação ao praticado até a última semana, no estado. Os preços, em média, saltaram de R$30 para mais de R$350 por dia. O reajuste reflete diretamente nos custos dos setores da indústria e do comércio, seguido do encarecimento do produto final ao consumidor.
O comunicado do reajuste tarifário foi repassado pelos Portos Chibatão e Super Terminais por meio de documento ao Centro da Indústria do Estado do Amazonas (Cieam).
No Porto Chibatão o valor cobrado por dia pelo contêiner saltou de R$38,55 para R$395. O aumento representa 924,64 %. O novo valor está em vigor desde segunda-feira (25/10).
No Porto Super Terminais o valor cobrado era R$37,05. O novo preço de R$390, que representa elevação de 953,63 %, deverá ser praticado a partir de 22 de novembro de 2021.
Segundo o presidente do Cieam, Wilson Périco, a elevação expressiva das taxas cobradas pelas empresas são injustificáveis. O empresário destacou que o conjunto de fatores econômicos negativos não justifica a majoração dos preços.
“Estamos sofrendo um impacto muito grande na atividade portuária. Nos dois portos a elevação do preço dos serviços saiu de R$30 para mais de R$300. É uma questão que merece esforço para o entendimento dos reais motivos dessa majoração porque não há inflação ou questão cambial que justifique aumento tão expressivo. Isso afeta todos nós”, disse o empresário.
De acordo com o presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Amazonas (Fecomércio-AM), Aderson Frota, os reajustes anunciados pelas empresas portuárias assim como os reajustes em cadeia que afetam o país há meses, refletem no contexto econômico em geral, principalmente, no aumento de preços no comércio.
“Os impactos mexem com o mapa geral da economia. No momento em que os preços do combustível e da energia elétrica começaram a aumentar, as operações portuárias também começaram a elevar os preços e isso repercute no produto final”, comentou.
Portos alegam aumento nos custos
O Porto Chibatão informou, no documento, que a variação do dólar e euro elevaram os custos operacionais de manutenção em 82%; somado à inflação (30%); dissídio salarial (5%); aumento do combustível (52%) e aumento nos gastos com energia elétrica (60%).
Conforme o comunicado da empresa enviado ao Cieam, o reajuste na infraestrutura portuária destinado a contêiner na modalidade cabotagem e longo curso na importação e exportação está em vigor desde segunda-feira.
Já o documento enviado pelo Porto Super Terminais ao Cieam cita como os principais impactos que motivaram a majoração os seguintes fatores: combustível e energia elétrica (55%); IGPM (36%); dissídio (5%); manutenção (87%), afetado pela variação do dólar.
A reportagem tentou contato com as empresas portuárias. O Porto Chibatão informou que não se pronunciaria sobre o assunto. O Porto Super Terminais não respondeu aos questionamentos até o fechamento da edição.
Texto: Priscila Caldas
Fonte: Real Time1