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Emprego no PIM sinaliza o melhor saldo de vagas formais desde 2014

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13/01/2020

Fonte: Jornal do Commercio

Marco Dassori

Os mais recentes Indicadores de Desempenho do Polo Industrial de Manaus sinalizam que a indústria da ZFM deve ter fechado 2019 com o melhor saldo de postos de trabalho desde 2014, mas o caminho para a retomada ao patamar pré-crise ainda é longo. Até setembro, as admissões (20.347) superaram as demissões (16.425) em 3.922 vagas. Meses de auge do setor, outubro, novembro e dezembro ainda não tiveram seus números divulgados pela Suframa.

Os cortes no Distrito Industrial começaram já em 2014, com a eliminação de 6.478 empregos temporários, efetivos e terceirizados, e se prolongaram até 2018 (-1.204), com um suave intervalo em 2017 (+360) – ano da Reforma Trabalhista. O ponto culminante das demissões se deu em 2015 (-25.661), no auge da crise, mas o ano seguinte também foi de dispensas (-6.123). Tendo em vista tal balanço, apesar do desempenho positivo de 2019, seria necessário criar mais 35.184 empregos para recuperar as vagas perdidas no período.

É justamente essa diferença que explica a redução na média de vagas ocupadas parque industrial manauenses, em setembro de 2019. O número de trabalhadores efetivos, temporários e terceirizados não passou de 83.728, o mais baixo do ano, depois do ápice do mês anterior (87.971). Também foi a menor marca para os meses de setembro desde 2014 (120.211).

O mesmo se dá no acumulado do ano. Somadas às vagas geradas de janeiro a segtembro de 2019, a média mensal de trabalhadores empregados na indústria incentivada não passou de 86.412. É um número mais baixo do que o registrado em 2018 (87.536) e só foi melhor do que o apresentado em 2016 (86.161), no auge da crise.

Desempenho por segmento

De 2014 a 2019, o maior baque foi sentido no polo naval, que mandou 58,40% de seu pessoal para casa – foram 644 postos de trabalho (2019) contra 1.548 (2018). Os polos têxtil (-51,69% e 413), mecânico (-42,74% e 5.722), editorial e gráfico (-40,99% e 501), de vestuário e calçados (-36,67% e 259), mineral não metálico (-36,52% e 358), metalúrgico (-27,06% e 6.349), termoplástico (-26,96% e 8.050), de isqueiros, canetas e barbeadores descartáveis (-24,44% e 2.541) e de brinquedos (-24,29% e 642) também cortaram mão de obra.

Os subsetores mais fortes não foram poupados. A despeito do breve ‘soluço’ de 2017 (36.198), eletroeletrônicos viram seu contingente encolher de 52.302 (2014) para 34.830 (2019), uma diferença de 33,40%. Imerso em um crise mais duradoura, em razão do engessamento do crédito ao consumidor, o polo de duas rodas sofreu comparativamente menos. Perdeu 14,47% de sua força de trabalho, ao passar de 18.225 (2014) para 15.588 (2019), sendo que teve seu ponto mais baixo justamente em 2017 (12.551).

Alguns segmentos industriais do PIM, entretanto, conseguiram aumentar seu contingente nesses cinco anos: mobiliário (+52,64% e 722), produtos alimentícios (+23,15% e 1.080), ótico (+16,99% e 668), bebidas (+15,67% e 2.369), madeireiro (+12,35% e 837), papel e papelão (+8,17% e 2.554), relojoeiro (+8,02% e 2.329 vagas) e químico (+4,70% e 3.117).

“Falta de apoio”

Para o presidente do Sindmetal-AM (Sindicato dos Metalúrgicos do Amazonas), Valdemir Santana, o saldo positivo se deve principalmente à geração de empregos temporários, graças ao acordo da entidade com oito fábricas do PIM, o que rendeu a criação de 4.500 vagas ao longo do ano passado. Especialmente nos polos de duas rodas e eletroeletrônico, embora o polo naval tenha ficado de fora, desta vez.

“O polo naval foi o que mais demitiu, pela falta de apoio do governo do Estado ao segmento, que ainda fabrica barcos de madeira, porque o custo dos de metal é muito mais elevado. De uma forma geral, a produtividade aumentou e o faturamento também, mas o emprego não. Tento ser otimista. O setor de motocicletas deve crescer um pouco, porque o combustível está ficando muito caro. Mas, não vejo apoio dos governos para que isso aconteça em todo o Distrito”, lamentou.

Qualificação e diversificação

Já o presidente do Corecon-AM (Conselho Regional de Economia do Estado do Amazonas), Francisco de Assis Mourão Junior, considera que a geração de empregos se dá na mesma dimensão da lenta recuperação da demanda, dado que o PIM é “um espelho” da economia brasileira. O economista destaca, contudo, que essa recuperação vem em bases frágeis e que é necessário pensar no futuro, dado o avanço da automação na indústria.

“Os programas federais de estímulo ao consumo impulsionaram a produção, mas o crescimento do emprego veio em linhas de produção de artigos de consumo, e nem tanto em bens duráveis. É preciso lembrar que a evolução tecnológica dificulta uma retomada do emprego. E, em tempos de crise, as empresas investem mais em tecnologia, o que inibe a criação de vagas. Por isso, temos que quebrar esse paradigma de que a mão de obra tem que ser barata, qualificando e diversificando nossos trabalhadores, pois cada vez se fará mais com menos”, concluiu.

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