10/02/2021
Fonte: Jornal do Commercio
Por Evaldo Pereira
Finalmente empreendedores começam a descobrir
as riquezas da Amazônia
e a explorá-las de forma
sustentável. A floresta amazônica pode gerar muito dinheiro
para seus habitantes e região sem
que seja necessário derrubar uma
única árvore. É
o que descobriu o gaúcho
Leonardo Baldissera, que
inaugurou ,
em agosto do
ano passado,
a Abufari Coleta e Beneficiamento de
Produtos da
Floresta Ltda,
em Tapauá, às
margens do
rio Purus, para
beneficiamento de castanhas e, nesses cinco
meses só viu o investimento valer
a pena.
“Eu era diretor jurídico de uma multinacional, mas não estava satisfeito com esse emprego porque não via possibilidade de crescer profissionalmente, então resolvi dar ‘uma olhada’ nesse terreno que minha família já tinha há vários anos, em Tapauá. Mandei fazer um estudo de viabilidade econômica sobre o potencial da região e a conclusão foi que, explorar a castanha seria um negócio bem interessante”, revelou.
Os castanhais da região do Purus são nativos, seculares, explorados extrativamente pelos moradores da região que, também, sempre foram explorados pelos ‘atravessadores’, negociadores que compram o produto por um preço muito baixo e o revendem com um valor bem mais alto, em Manaus ou outros centros. Leonardo acabou com a figura do ‘atravessador’ ao negociar diretamente com o castanheiro e, em seguida, beneficiar o produto para a revenda.
“No meu terreno moram 92 famílias, todas extratoras de castanhas, então negociei com eles. Com o apoio do Idam (Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Estado do Amazonas), essas pessoas passaram por treinamento e capacitação e começaram a explorar os castanhais de forma sustentável, colhendo os ouriços no tempo certo para que as castanhas não estragassem com a umidade ao ficar por dias jogadas no chão”, lembrou.
Nada se perde
Com a exploração sustentável, menos castanhas se estragade castanha para exportação. “Existe toda uma cientificidade no processo, que resultou em produtos de excelente qualidade, após intenso período de treinamento de pessoas, tanto no campo quanto na fábrica. Uma novidade na vida dos castanheiros locais, cujo sucesso se deve à atuação presencial de técnicos do Sistema Sepror, que estiveram na área de coleta levando seu conhecimento, o que contribuiu muito para uma dinâmica de produção e qualidade que hoje se pratica em nossa empresa”, destacou. Com a nova linha de crédito destinada à Abufari, através da Afeam (Agência de Fomento do Estado do Amazonas) no valor de R$ 1.028.928,00, recebida na segunda-feira (8), será viabilizado o projeto de expansão que fará com que a castanha industrializada em Tapauá chegue também aos mercados de Minas Gerais, Distrito Federal e Bahia, além de reforçar a atuação da empresa onde já tem sucesso nos negócios. Atualmente o produto é exportado em sacos com 20 quilos de castanhas, seladas a vácuo. “Começamos com as castanhas, um produto nativo, que estava aqui só esperando para ser comercializado. Agora vamos partir para explorar outras riquezas amazônicas, como o açaí, o cupuaçu, os óleos medicinais e todo e qualquer produto que a natureza nos dá de graça e quer apenas que sejam explorados racionalmente”, concluiu. A floresta amazônica pode gerar muito dinheiro para seus habitantes sem que seja necessário derrubar árvores ram e houve uma sensível melhora na qualidade do produto.
“Com isso, pude pagar 20% a mais no valor das castanhas para os produtores”, disse. De agosto até janeiro os castanheiros conseguiram recolher 140 toneladas de castanhas, logo repassadas para a Abufari Produtos Amazônicos que, após beneficiadas ficaram reduzidas a 35 toneladas de castanhas prontas para exportação.
“Queremos chegar a 40% de aproveitamento das castanhas compradas dos castanheiros, retiradas a casca, as sementes podres e as de qualidade inferior, ressecadas, mas nada se perde. As cascas e as sementes podres são transformadas em excelente adubo, e as castanhas ressecadas, não comerciais, viram ração para peixes e outros animais”, destacou.
“E ainda tem os ouriços. Em breve eles serão utilizados como fonte de energia, em forma de briquete, para movimentar nossa usina”, falou.
Leonardo ainda não fez um levantamento de quantas castanheiras existem em seu terreno, mas calcula em cerca de 20 mil árvores, muitas seculares, e ainda produzindo.
“Uma castanheira leva oito anos para começar a produzir os ouriços, que depois obedecem um ciclo de 18 meses entre uma safra e outra. Não pretendo derrubar uma única árvore no terreno, ao contrário, a intenção é plantar mais, e pretendemos expandir os negócios para além do meu terreno. Já entramos em contato com os demais castanheiros da região para que negociem sua produção conosco. Desde que eles se enquadrem na boa prática de produção, receberão o mesmo valor que os castanheiros da Abufari”, garantiu.
Projeto de expansão Apesar do pouco tempo de existência, a Abufari já abriu mercados em São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Com a chegada da produção dos castanheiros da região, agora em março, Leonardo espera chegar a 70 toneladas de castanha para exportação.
“Existe toda uma cientificidade no processo, que resultou em produtos de excelente qualidade, após intenso período de treinamento de pessoas, tanto no campo quanto na fábrica. Uma novidade na vida dos castanheiros locais, cujo sucesso se deve à atuação presencial de técnicos do Sistema Sepror, que estiveram na área de coleta levando seu conhecimento, o que contribuiu muito para uma dinâmica de produção e qualidade que hoje se pratica em nossa empresa”, destacou.
Com a nova linha de crédito destinada à Abufari, através da Afeam (Agência de Fomento do Estado do Amazonas) no valor de R$ 1.028.928,00, recebida na segunda-feira (8), será viabilizado o projeto de expansão que fará com que a castanha industrializada em Tapauá chegue também aos mercados de Minas Gerais, Distrito Federal e Bahia, além de reforçar a atuação da empresa onde já tem sucesso nos negócios
Atualmente o produto é exportado em sacos com 20 quilos
de castanhas, seladas a vácuo.
“Começamos com as castanhas, um produto nativo, que
estava aqui só esperando para
ser comercializado. Agora vamos
partir para explorar outras riquezas amazônicas, como o açaí, o
cupuaçu, os óleos medicinais e
todo e qualquer produto que a
natureza nos dá de graça e quer
apenas que sejam explorados racionalmente”, concluiu.