19/03/2021
Fonte: Jornal do Commercio
A nova rodada do programa
que permite às empresas cortarem jornada e salário e suspender contratos de trabalho deve
atingir entre 2,7 milhões e 3,0
milhões nas duas modalidades,
com custo entre R$ 5,8 bilhões e
R$ 6,5 bilhões para o governo.
Os dados constam na nota
técnica produzida pela Subsecretaria de Políticas Públicas de
Trabalho do Ministério da Economia, de 9 de março de 2021. Os
técnicos ainda podem refinar os
números, sobretudo se o quadro
de agravamento da pandemia de
covid-19 indicar maior demanda
pelo programa.
Para poupar recursos do FAT
(Fundo de Amparo ao Trabalhador) e conseguir direcioná-los ao
benefício emergencial (BEm), o
governo prepara reformulação
no seguro-desemprego.
O programa que permite os
acordos para proteger empregos
e aliviar o caixa das empresas
deve ter duração de quatro meses.
Um desenho inicial do BEm
previa que o governo bancaria
com recursos públicos os primeiros dois meses de benefício, e os
outros dois seriam uma antecipação do seguro-desemprego.
No entanto, o governo mudou a estratégia e decidiu bancar integralmente os benefícios de quem tiver jornada e salário reduzido ou contrato suspenso, sem interferir no seguro-desemprego desse trabalhador, que manterá o direito de forma integral caso seja demitido após o fim do acordo. O dinheiro do BEm sairá todo do FAT, mas sem necessidade de aportes adicionais pelo Tesouro Nacional. Com o aumento substancial da dívida pública em 2020, a equipe econômica tem buscado soluções para combater a crise da covid-19 que dependam menos de recursos obtidos via emissão de dívida pública. A economia obtida com a reformulação do seguro-desemprego abrirá espaço dentro do fundo para essas despesas.
Cenários
Os técnicos traçaram três cenários para o pagamento do BEm, agora chamado de “Bolsa Emergencial”. No cenário-base, que na visão do governo é o que tem mais chances de ocorrer, haveria 1,16 milhão de acordos de suspensão de contrato e 1,69 milhão de acordos de redução de jornada e salário (total de 2,85 milhões).
Considerando o gasto médio esperado com cada trabalhador, o custo do programa ficaria em R$ 6,14 bilhões.
Na redução de jornada e salário, os acordos podem ser firmados com cortes de 25%, 50% ou 70%, nos mesmos moldes da primeira rodada do programa em 2020.
No cenário conservador, menos contratos são alvo de acordo, 1,1 milhão em suspensão e 1,6 milhão em redução de jornada e salário. A despesa ficaria em R$ 5,82 bilhões. Já no cenário agressivo, haveria 1,2 milhão de suspensões de contrato e 1,8 milhão de acordos de redução de jornada e salário, com custo de R$ 6,46 bilhões.
As projeções levaram em conta as adesões ao BEm no período de setembro a dezembro de 2020. Os técnicos usaram esse período, e não o do pico de acordos logo no início do programa, porque consideram que houve uma acomodação no número de empresas que precisam do instrumento para seguir operando sem prejuízos e sem precisar demitir seus funcionários.
No início da pandemia, ainda sem grandes informações sobre o modo de dispersão da doença, muitos Estados decretaram o fechamento geral de atividades, inclusive industriais, o que gerou forte demanda pelos acordos. Hoje, muitos governadores já atuam sob protocolos preestabelecidos, segundo os quais as restrições são mais severas para os setores de comércio e serviços e mais brandas na indústria, onde há mais condições de se manter protocolos de distanciamento.
Por isso, o período de setembro a dezembro de 2020 é considerado uma amostra mais fiel ao que deve suceder agora, em 2021, com o relançamento do programa. O governo tem recebido informações de que o maior demandante do novo BEm será o setor de serviços.
Os cálculos também levaram
em conta projeções de qual deve
ser a duração dos acordos por
faixa de renda. Na nota, essa
metodologia é defendida sob o
argumento de proporcionar estimativas “mais ajustadas”. No ano
passado, o governo destinou R$
51,55 bilhões ao programa, mas
foram utilizados R$ 33,5 bilhões. Com informações de Estadão
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