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13/05/2021
Fonte: Jornal do Commercio
Na mesma proporção que o volume das águas avançam e sinalizam a sétima maior cheia da história, representantes do setor de navegação confirmam que algumas áreas portuárias já estão com dificuldades de atracação. Segundo o Sindarma (Sindicato das Empresas de Navegação Fluvial no Estado do Amazonas), se o volume progredir e chegar a marca dos 30 metros, as operações de embarcações nos portos podem ser severamente impactadas.
O diretor do (Sindarma), Dodó Carvalho, diz que apesar da dificuldade, os portos de carga de contêiner, de carreta e as cargas e os portos de recreios seguem operando normalmente, mas com o processo além do normal da subida das águas temem que a estrutura sofra impacto e tenha que parar.
“A dificuldade maior está na estrutura portuária fora desse circuito que são os portos de carga geral que dependendo da área já é possível sentir os efeitos. Mas continuamos na atividade. Ainda não estamos na iminência de parar, não sabemos se quando alcançar a cota de 30 metros o que efetivamente a gente vai viver”.
Conforme Carvalho, entre os impactos estão a redução nas áreas de desembarque, o que deve fazer as balsas aguardarem outra embarcação se retirarem para conseguirem atracar, além de aumentar o tempo de desembarque das mercadorias.
Desde o mês passado, a velocidade na subida do rio vem preocupando o segmento. Mesmo com as vantagens na navegabilidade com o rio cheio trazendo mais segurança para navegação, porque não tem banco de areia, existe a necessidade de redução no número de cargas transportadas, em especial nas localidades mais afetadas pela enchente. “Isso reduz o poder de compra das famílias ribeirinhas e a capacidade de produção, além do impacto das embarcações na vida dos ribeirinhos ao navegarem próximo às áreas comprometidas”, explica o representante do setor Dodo Carvalho.
Um outro aspecto negativo em relação a cheia apontado por ele é o aumento da correnteza do rio com um peso de água maior, consequentemente o consumo maior de diesel e o tempo de viagem maior. O impacto aos ribeirinhos também é uma preocupação “Corre o risco do banzeiro desses barcos arrancarem assoalho das casas danificando.
Ele diz que esses reflexos não chegam a influenciar nos preços das cargas. “É uma situação que deve perdurar por mais dois meses é mais esse pico de maio e um pouco do mês de junho para que a água comece a descer. É uma situação que ocorre todos os anos, mas não com essa intensidade”.
“Ainda faltam 60 centímetros para que chegue a 30 metros. A nossa esperança é que não chegue a essa marca. Estamos vivendo um dia de cada vez.
Alerta
No fim do mês de abril, o SGB-CPRM ( Serviço Geológico do Brasil) transmitiu o “2o Alerta de Cheias Manaus 2021”. Essa marca indicava que a cota de inundação severa, de 29,00m, havia sido ultrapassada. A mesma cota de referência já havia sido atingida para os outros municípios incluídos nos estudos, Manacapuru e Itacoatiara, ao longo do mês de abril. Para o SGB-CPRM, a cota de inundação é caracterizada quando a inundação passa a gerar impactos severos ao município.
Os resultados apresentados confirmaram as previsões iniciais de que se pode esperar cheias de grandes magnitudes para a região central da Amazônia, ao longo dos próximos meses. Segundo Luna Gripp, pesquisadora em geociências responsável pelo Sistema de Alerta Hidrológico (SAH) da Bacia do Amazonas, o grande volume de chuvas observado no princípio do ano fez com que o nível dos rios amazônicos subisse rapidamente, padrão este que está atuante até agora. Assim, mesmo que o padrão de chuvas observados se mantenha dentro do esperado para o período daqui para frente, o fato dos níveis dos rios já estarem expressivamente altos, contribui para as altas probabilidades apresentadas, de observamos cheias de grandes magnitudes nesses rios em 2021.
Nesta terça-feira (11), o Rio Negro alcançou a marca de 29,52 m. A cheia de 2012, é considerada a maior da história na capital, segundo o CPRM (Serviço Geológico do Brasil).