10/06/2021
Fonte: EM TEMPO
Vanessa Lemes
Manaus – Considerada uma potência econômica, a China é o principal país de origem das importações do Brasil desde 2019. E o Amazonas permaneceu como o estado que mais importou do país asiático em abril de 2021, com um crescimento de 47,86% em importações, comparado ao mesmo período de 2020.
A análise foi realizada pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação (Sedecti), baseado nos dados da Balança Comercial do Amazonas. Economistas avaliam que o Amazonas deve manter relações com a China, porém, precisa buscar diversificar o mercado.
O levantamento da Sedecti também mostrou que, em números, o Amazonas importou US$ 1,01 bilhão da China em abril deste ano. Dos produtos importados do país asiático, peças de aparelhos transmissores foram os principais, equivalente a US$ 177 milhões, ou 17,49% do volume. Já os “processadores e controladores” apareceram em segundo lugar, alcançando a cifra de US$ 87 milhões, com 8,61% do total.
Com uma ascensão célebre registrada nos últimos 15 anos, a China conquistou um espaço significativo no comércio exterior.
Segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), o país chinês foi responsável por 21,9% das compras externas do Brasil em 2020. Para fazer uma comparação, em 2006, a China mantinha 8,6% das importações brasileiras.
Exportações
Já as exportações do Amazonas em abril deste ano tiveram um crescimento expressivo, de 76,34% em comparação com 2020, chegando a US$ 79,76 milhões. Pelo quarto mês consecutivo, a Venezuela foi o principal comprador dos produtos produzidos no estado, como “misturas e pastas para preparação de produtos de padaria”, correspondendo a 23,69%, e o ouro semimanufaturado, equivalendo a 15,63% do total de volume exportado.
Porém, o “ouro em outras formas semimanufaturados” tiveram maior saída para a Alemanha, equivalente a 65,62% do volume total, e o principal produto exportado. Já as motocicletas, ficaram em segundo lugar como os produtos com maior saída do Amazonas, correspondente a 15,28% do total de exportações. Mas a Argentina foi o país que mais adquiriu as motocicletas.
Para o presidente da Federação da Indústria do Estado do Amazonas (Fieam), Antônio Silva, o resultado positivo em 2021 em comparação com o mesmo período de 2020 para exportações deu-se pelo quadro do primeiro pico da pandemia no estado e no país no ano passado. Dessa forma, a indústria da Zona Franca de Manaus (ZFM) também apresentou um saldo positivo em abril deste ano.
Sobre a relação entre o país asiático e o Amazonas em produtos importados, o representante da indústria explica que essa dependência é indispensável. “A China vem se consolidado há algum tempo como a principal parceira comercial do Brasil, e, consequentemente, do Amazonas, ainda que a balança comercial seja amplamente desfavorável para o Estado. É [inevitável] que exista uma relação [benéfica]entre as partes”, salienta Silva.
De acordo com o economista José Altamir Barroso, a China é o maior fornecedor de insumos da ZFM, pois o modelo depende deles para a fabricação de seus produtos. Ele acrescenta que essa dependência gera um bom relacionamento para as exportações locais.
“Atualmente, a China é o maior responsável pelo crescimento de nossas exportações. As nossas commodities abastecem o país asiático, fazendo da China, nosso maior parceiro comercial e ainda mais, um dos maiores investidores. Para o Amazonas, [essa parceria tem] total importância no abastecimento dos componentes”, destaca.
Por outro lado, Barroso analisa que essa conexão gera aspectos negativos, como crises mundiais, que afetam toda a cadeia econômica desse mercado. A pandemia, por exemplo, foi a prova mais recente disso. Com o impedimento em realizar transações de um país para o outro, a produção do PIM foi totalmente afetada pela ausência de insumos para a fabricação.
Segundo o economista Origenes Martins, a importação e exportação não podem ser deixadas à deriva e nem dependerem de um só parceiro.
“Logicamente, as relações econômicas com a China são importantes para a nossa economia, tanto como país quanto em relação ao nosso estado. No entanto, a dependência econômica da nossa região em relação à China nos coloca na corda bamba das variações políticas e econômicas do mercado internacional. Devemos continuar a parceria forte com a China, porém, buscando a diversificação de parceiros”, finaliza.