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Confiança dos manauaras cresce um pouco

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25/11/2021

Marco Dassori

A confiança do consumidor de Manaus interrompeu uma série de dez meses seguidos de queda, para avançar 6% na passagem de outubro para novembro. A melhora veio na contramão da média nacional. Em mês de adiantamento de 13º salários e preparativos para festas de fim de ano, o otimismo foi carreado pela percepção em relação ao consumo e à renda atual, em detrimento das perspectivas.

O número local seguiu novamente na direção contrária da média nacional. Os dados são do índice de ICF (Intenção de Consumo das Famílias) da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo).

O ICF de Manaus passou de 30,5 para 32,3 pontos, entre outubro e novembro, mas ainda correspondeu a praticamente metade do placar de 12 meses antes (58,6 pontos). A despeito da melhora, a pontuação se situou na zona de insatisfação (até 100 pontos) pelo 19ª mês consecutivo. Na média brasileira, o indicador caiu 0,9% na variação mensal e ficou nos 73,4 pontos, seguindo abaixo do nível de satisfação (100 pontos), o que ocorre desde abril de 2015.

Apesar disso, apresentou o maior nível desde março de 2021 (73,8 pontos) e bateu o patamar de 12 meses atrás (69,8 pontos), com 5,1% de vantagem. Apesar de obter o segundo maior crescimento mensal (+0,2%), a região Norte compareceu mais uma vez com a menor pontuação do país (56,6 pontos) e com a pior variação anual (-14,2%). A maioria dos subíndices recuou nesse tipo de comparação, com exceção de “momento para compra de duráveis” (+13,9%). Em relação a outubro de 2021, o melhor desempenho veio do Nordeste (+0,3% e 74,3 pontos), enquanto Centro-Oeste (-2,8% e 70,6 pontos), Sudeste (-2,3% e 74,4 pontos) e Sul (-0,3% e 84,6 pontos) retraíram.

Para a capital amazonense, novembro ainda capturou a terceira pior pontuação da série histórica de 13 meses fornecida pela CNC –melhor apenas do que outubro e setembro (30,7 pontos). Diferente do ocorrido no mês anterior, seis dos sete componentes do ICF avançaram na variação mensal, mas todos se mantiveram na zona de insatisfação. As altas foram puxadas pelas percepções sobre nível de consumo atual (+32,5%) e renda atual (+13,2%). Na sequência vieram perspectiva de consumo (+9,3%), emprego atual (+8%), “momento para compra de duráveis” (+4,8%), compra a prazo/ acesso ao crédito (+1,4%). O único dado negativo veio da perspectiva profissional (-0,4%).

Renda e emprego

Em termos absolutos, as intenções de compras do manauense ainda são puxadas para baixo pela forma como as famílias veem seu nível de consumo atual, o pior dado da lista e o único com apenas um dígito (9,5 pontos). Nada menos do que 93,8% dizem que estão comprando menos do que no ano passado, sendo que a restrição é maior entre os que recebem abaixo de dez salários mínimos (94,7%).

Apenas 3,3% dizem que estão consumindo mais –com predomínio das famílias mais ricas (6,1%). Os outros 2,7% afirmaram que está tudo na mesma. Outro entrave significativo vem da perspectiva de consumo (19,4 pontos) e das avaliações sobre a renda familiar atual (21 pontos).

Para 86,9%, o consumo familiar e da população como um todo deve ser menor nos próximos meses. Uma parcela de 6,3% arrisca dizer que será maior e outros 6,1% avaliam que seguirá igual. Em paralelo, 83,3% dizem que a renda familiar piorou, em relação ao cenário de econômico de 12 meses antes. Só 4,3% viram melhora e os outros 12,3% apontaram empate.

O entendimento sobre a situação atual do emprego (49,7 pontos) experimentou melhora e passou a ser a melhor pontuação da lista – embora ainda siga no patamar de insatisfação. A maioria ainda se diz “menos segura” (56,5%).

Os consumidores que não veem mudanças e os desempregados representaram fatias respectivas de 19,6% e de 17,4%, enquanto só 6,2% se dizem “mais seguros”.

Na perspectiva profissional (31,4 pontos), a percepção majoritária também é negativa (82,1%), em detrimento da faixa cadente de otimistas (13,5%) e dos indecisos (4,4%). Em ambos os casos, o pessimismo é maior entre os que ganham menos.

A insatisfação melhorou também em relação à situação atual do crédito (47,5 pontos). Para 66,7%, o acesso ficou mais difícil, quando comparado ao panorama do ano passado. Apenas 14,3% dizem que ficou mais fácil e 18,9% apontam estabilidade. O cenário é ligeiramente melhor na visão do “momento para aquisição de bens duráveis” (47,8 pontos), o segundo melhor dado da lista. Pelo menos 74,6% garantem que esta não é a melhor hora isso, só 22,4% têm opinião contrária e os 2,9% restantes não sabem. Em ambas as situações, as dificuldades e cautela são predominantes nas famílias de menor renda.

“Período de dificuldades”

A despeito da variação mensal positiva, o presidente em exercício da Fecomércio-AM (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Amazonas), Aderson Frota, lembrou que o índice de consumo das famílias ainda está significativamente menor do que o do mesmo mês do ano passado. O dirigente avalia, no entanto, que dados da arrecadação e de geração de vagas temporárias, e a própria sazonalidade, podem indicar uma tendência de melhora.

“Ainda atravessamos um período de dificuldades para gerar empregos novos. Existe muito menos segurança, até porque os problemas que o mercado passa, a economia não tem gerado postos de trabalho dentro das expectativas. O crédito está mais difícil e o custo do dinheiro cresceu. O consumo está menor, mas nossa expectativa é que vamos superar isso neste fim de ano. É claro que todos esses desencontros são provocados por duas ondas de pandemia, que esperamos que não venham a acontecer mais”, ponderou.

“Incertezas econômicas”

Em âmbito nacional, a sondagem mostrou que o encarecimento do crédito afetou as perspectivas de consumo (-1,5%). Em texto distribuído à imprensa, a economista responsável pela pesquisa, Catarina Carneiro da Silva, explicou que o crédito é “um artifício” dos consumidores para aumentar renda e tentar manter o padrão de consumo. “A incerteza quanto ao tempo necessário para abrandar o processo inflacionário e o nível que os juros devem alcançar para conseguir o objetivo já estão influenciando no momento de consumir e gerando maior cautela”, apontou.

No mesmo texto, ao observar que o item “acesso ao crédito” obteve a segunda queda consecutiva (-2,3%) e a maior taxa negativa do mês, o presidente da CNC, José Roberto Tadros, avaliou que o recuo no subíndice foi influenciado pela escalada na trajetória dos juros, iniciada pelo BC, para conter o aumento generalizado dos preços.

“Os números demonstram que as incertezas econômicas e políticas estão sendo incorporadas pelos consumidores”, finalizou.

Fonte: JCAM

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