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UEA, a expectativa da economia II

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13/11/2013 17:38

Se é verdade que a melhor maneira de resguardar o patrimônio natural é atribuir-lhe um valor econômico, também é verdade que este valor cresce em dimensões exponenciais na medida em que incorpora o fator do conhecimento em formato de inovação. Estas premissas estão intimamente relacionadas às iniciativas históricas de associar, no bioma amazônico, economia e academia, no sentido estrito da pesquisa e ensino, mirando o desenvolvimento inteligente das potencialidades naturais. Foi assim desde a fundação do Museu Paraense Emílio Goeldi, em 1871, a mais antiga iniciativa de fazer Ciência a partir da perspectiva da floresta. E não poderia ser diferente com a Universidade do Estado do Amazonas, criada em 2000, já no clima de pressão para identificar mecanismos de adensamento, diversificação e interiorização da produção de riqueza concentrada em Manaus. Não se trata de um plano B que se estriba na desconstrução do plano vigente, o modelo industrial da Zona Franca de Manaus, mas de consolidar esse modelo, apostar na agregação de valor a seus itens de produção através da inovação, de olho na competitividade de sua planta manufatureira, e mirar nas outras vocações de negócios. Tratar o peixe da industrialização vigente de olho no gato das novas matrizes econômicas da biodiversidade, da geodiversidade, das alternativas energéticas, da aquicultura que se coloque como desafio central a segurança alimentar de um planeta apinhado de conglomerados humanos carentes da oferta de proteínas.

A transdisciplinaridade essencial

É a academia que dá pilastras para manter em pé a economia sem descuidar da memória, da história, da cultura e do jeito singular com que o fator humano interage com a floresta há mais de 15 mil anos. Por isso a arqueologia e áreas afins são vitais no desafio de decifrar e reinventar a Amazônia, identificar e ajustar suas lições aos desafios e demandas do tecido social. Por isso é que é importante manter, lado a lado nesta catraia da investigação e identificação de novas saída, a engenharia e etnobotânica, biologia e a ciências sociais, a arquitetura sustentável e o paisagismo tradicional na produção dos utensílios e da ventilação adequada dos espaços domésticos, coletivos de comunhão. Como adequar a ração eficiente da cadeia alimentar que resguarda a piscicultura de espécies atraentes sem o conhecimento dos bioindicadores representados pelos microrganismos determinados pelo ciclo das águas e da relação vital entre oferta de proteínas e fertilização das várzeas. Num cenário de informação instantânea e comunicação digital, o modo de fazer ciência, agregar inovação e promover o desenvolvimento, vai obrigar a informática ser tratada com as ciências do ambiente, num conceito dinâmico de inventário florestal e bionegócios.

A árvore da vida

O exemplo dos bionegócios na economia do açaí – no cardápio de biodesafios de uma universidade conectada a um bioma que abriga 20% da genética do planeta – sintetiza o universo infinito de possibilidade que as palmáceas da Amazônia representam. Além de frequentar as gôndolas dos supermercados dos nutrientes diferenciados, o açaí passa a transformar seus caroços em energia e em mobiliário de resistência acentuada com a produção de MDF, medium density fiberboard, de acordo com as pesquisas da academia no Pará, originalmente uma placa de fibra de madeira de média densidade, que ganha mais densidade por conta da estrutura molecular dessa espécie. São placas e pranchas para substituir madeira principalmente em móveis, que hoje costumam ser comprados da indústria gaúcha. Depois de virar sensação destacada na vitrine dos bioenergéticos, o açaí cede passagem ao buriti, já denominado a árvore da vida, uma das plantas mais generosas da flora amazônica que – como o dendê, a bacaba, o patuá... – dela se aproveita tudo, da folha ao óleo. Sem falar de seu suco, um dos mais inebriantes da floresta. Hoje, em diversos recantos da Amazônia e do cerrado, é possível, às comunidades rurais que fazem o extrativismo do seu fruto, conciliar geração de renda e ao mesmo tempo conservação da espécie. Empresas como a L'Oréal, já divulgam no mercado global a grife do buriti associada à classificação de Tree of life.
 
Gargalos e desafios

A grande expectativa da parceria entre economia e academia, entretanto, por parte do setor produtivo, é a qualificação de recursos humanos, da identificação e promoção de talentos, uma das lacunas da competitividade e um dos gargalos de crescimento seguro e perene para a prosperidade dos investimentos e da sociedade. E não apenas dos recursos humanos da área tecnológica, na informática, cibernética, biótica e nanotecnologia, da gestão e dinamização dos empreendimentos, dos especialistas em regulação e controle, mas da formação de bons professores, que possam restaurar e atualizar o conhecimento da Aritmética, da Gramática, a partir e principalmente do Ensino Fundamental, a base de toda a preparação posterior. Professores que sejam capazes de educar para a comunicação digital da comunhão social de valores e atitudes que não podem entrar em escassez como a transparência no trato, o respeito ao outro, seus direitos e escolhas, e ao patrimônio, o físico e moral, público e particular, que dá suporte ao tecido social. Professores que estimulem o empreendedorismo e um espírito coletivo da comunhão social e distribuição equânime de oportunidades e das condições efetivas de realização pessoal e profissional. É evidente que essa é uma tarefa de todos, premissa que vai garantir o desempenho eficiente e efetivo da academia na perspectiva de uma nova economia.
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Esta Coluna é publicada às quartas, quintas e sextas-feiras, de responsabilidade do Centro da Indústria do Estado do Amazonas. Editor responsável: Alfredo MR Lopes.  cieam@cieam.com.br

Publicado no Jornal do Commercio do dia 14.11.2013

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