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Coluna do CIEAM

Informação: sistematização, acesso e benefícios.

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12/07/2013 09:59

No debate que se seguiu à apresentação do ICL, o Indicador de Competitividade Logística, tese de mestrado do pesquisador Américo Minori da Ufam, objeto de análise do Comitê de Logistica do Cieam/Fieam, surgiram algumas proposições que merecem atenção especial. Uma delas diz respeito às dificuldades que a academia, empresas e público em geral encontram para acessar informações do desempenho da economia do estado, sistematizadas e adequadas para revelar avanços, alcance, dificuldades e desafios para estudiosos, investidores e gestores. Evocou-se, como sempre, a extinção do CODEAMA, que funcionou no Estado até a década de 80, um centro admirável de informação integrada, histórica e de atualização permanente numa época em que não havia Google ou comunicação digital. Os portais da Fazenda, Seplan, Prefeitura e IBGE, hoje, não "conversam" entre si e a consulta, muitas vezes, exige treinamento do usuário no programa adotado. Uma desarticulação penosa e nociva aos objetivos dos interessados e um breque nos avanços que a informação fluida e articulada pode permitir. A Lei de Acesso à Informação foi criada pra isso, permitir ao contribuinte, por exemplo, que acompanhe o uso e alcance de seus impostos, e que possa se manifestar a respeito deles.
Mensuração e gestão proativa – O debate em torno da pesquisa para elaboração dos ICLs, Indicadores de Competitividade Logística, mostrou que a sistematização da informação, mais a circulação e acesso de dados, aliadas à disponibilidade do agente público (Receita, MAPA, Anvisa e Sefaz) são fatores de aumento da competitividade, portanto de consolidação do modelo, aumento da arrecadação e dos benefícios sociais que isso representa. E que a nova lógica do 24-7, 24 horas por dia, 7 dias por semana de funcionamento da estrutura de desembaraço alfandegário, só vai mostrar seu alcance e ganhos com uma revisão e redimensionamento da rotina operacional. Nesse contexto, pesquisas acadêmicas podem sugerir a racionalização de desempenhos e mensurações de novas variáveis, uma metodologia que se presta a outros setores da economia. É importante lembrar que o IDH, o indicador da ONU para avaliar o desenvolvimento humano e adotado por gestores públicos no planejamento de intervenções, trabalha com essa metodologia, usando as variáveis de educação, PIB e qualidade de vida.
Indicadores da ANTAQ – Único órgão público presente, a Antaq - Agência de Transportes Aquaviários, ouviu dos integrantes do Comitê de Logística do CIEAM/FIEAM a sugestão de aproximar-se dos atores relacionados para organizar e sistematizar a base de dados do setor. E ainda divulgar junto às entidades e opinião pública suas pesquisas e inventários, dando a conhecer melhor seus objetivos e ações. Na linha da formulação de indicadores, a Agência acaba de concluir o Plano Nacional de Integração Logística das Bacias, com cenários até 2050, de balizamento hidroviário visando escoamento da produção e transporte de passageiros, elaborado pela Universidade Federal do Paraná. Igualmente importante e resultante de fecunda parceria com a academia, a Antaq contratou a Universidade Federal do Pará para fazer um levantamento de carga e passageiros nos rios da Amazônia. São 14 milhões de passageiros por ano nos barcos regionais e 4,5 milhões de toneladas de carga.  O estudo mapeou as estações hidroviárias e constatou que as duas melhores estão no Amazonas, Manaus e Tabatinga. A nova pesquisa em andamento é para mapear e aferir indicadores de conforto dos barcos regionais, informações preciosas com potencialidade de negócios excepcional.  
Luzes da História – O mapeamento de cargas, passageiros e conforto - alvo de levantamentos estratégicos da Agência - foi feito pela primeira vez na segunda metade do século XIX pelos investidores ingleses e pelo Barão de Mauá, em pleno Ciclo da Borracha. Eles perceberam que a logística do látex era também a logística de mantimentos, artefatos e, especialmente de passageiros. Mauá instalou a Companhia de Navegação da Amazônia e os ingleses investiram 20 milhões de libras nos estaleiros da Escócia, pra produzir barcos ajustados às especificidades regionais e demandas globais. Um filão de negócios que a perspectiva do olhar acadêmico local não percebeu até os nossos dias. Não há curso de Engenharia Naval nas nossas universidades e o Polo Naval anunciado – sejam louvadas as boas intenções de seus idealizadores – não passa de um PowerPoint bem elaborado em cima de uma realidade que se confunde com as milhares paisagens da monotonia singela e bucólica do beiradão amazônico.
Meditação inadiável – E se o modelo de incentivos da Zona Franca de Manaus, pra (não) variar, está na berlinda, no bojo da crise industrial do país, e empurra alguns observadores mais atentos para ler e entender o que os economistas chamam de "doença holandesa", que nos últimos anos reduziu de 46% para 17% a participação do setor industrial na composição do Produto Interno Produto, é hora de aprofundar as conversas. Na Holanda nos anos 1970, o conceito econômico da "doença" descreve o declínio da indústria manufatureira naquele país após a descoberta de gás natural. O aumento de receita decorrente da exportação de gás desindustrializou a nação devido à valorização cambial, que tornou o setor manufatureiro menos competitivo aos produtos externos. Um caso diferente no atacado, mas com similitudes no varejo brasileiro e local. Por isso é que não podemos apagar os incêndios dos gargalos de infraestrutura com apenas a promessa da prorrogação dos incentivos fiscais. Essa constatação nos remete a uma profunda avaliação - uma mediação monacal - e tomadas de decisão no curto e médio prazo, antes que decidam à revelia geral.
Indústria do conhecimento – Nos últimos anos, a economia do Pará - que historicamente aproxima academia e investimentos - tomou algumas decisões. Uma delas foi a escolha de deixar de ser um exportador de matéria prima, exatamente por sua dependência do preço de commodities do extrativismo mineral e vegetal. Nove entre os dez produtos paraenses que mais geram riquezas são originário do extrativismo, pilotadas pela extração de minérios: ferro, bauxita, alumínio, manganês, estanho, ouro, tudo destinados à exportação. É bem verdade que a produção de alimentos, bebidas e mobiliário alcança um patamar significativo. A produção de MDF a partir de caroço de açaí na indústria moveleira, a produção de curauá, a fibra vegetal para a indústria automobilística e de eletrônicos, ecologicamente correta são sinais desse despertar e da formulação das chamadas indústrias do conhecimento. Voltaremos ao assunto.
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Esta Coluna é publicada às quartas, quintas e sextas-feiras, de responsabilidade do Centro da Indústria do Estado do Amazonas. Editor responsável: Alfredo MR Lopes.  cieam@cieam.com.br

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