05/07/2024 08:32
Por Alfredo Lopes Coluna Follow-up
Com a recente renovação da Lei da Informática para até 2074, buscamos entender melhor as implicações desta medida para as empresas locais, no contexto do desenvolvimento regional e na ampliação de negócios de impacto na Amazônia.
Inovação e Tecnologia com Floresta em pé! A terceira edição do evento ocorrerá de 5 a 7 de novembro no Studio 5 Centro de Convenções, em Manaus. Consolidada como uma plataforma de reconhecimento nacional e internacional de apresentação de produtos e serviços, desde sua primeira edição em 2022, a ExpoAmazônia Bio&TIC tem fortalecido os Polos de Bioeconomia e de Tecnologia da Informação e Comunicação como vetores que promovem o desenvolvimento socioeconômico e sustentável da Amazônia.
Coluna Follow-up – Vânia, estamos na semana de lançamento da III Edição da Expo Amazônia Bio&TIC, e um mês após o anúncio da renovação da Lei da Informática até 2074. Gostaríamos de saber sua opinião sobre a renovação e quais as implicações para as empresas de Bioeconomia e Tecnologia da Informação e Comunicação na Amazônia. Quais são as principais vantagens dessa renovação para a região?
Vânia Thaumaturgo: A renovação da Lei de Informática até 2074 é uma iniciativa estratégica que traz inúmeras vantagens para a Amazônia. Primeiramente, ela oferece uma base estável de incentivos fiscais e investimentos em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), o que é algo muito importante e decisivo para atrair empresas de tecnologia para a região. E que se torna ainda mais importante considerando que a combinação de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) com a Bioeconomia pode transformar a Amazônia em um polo de inovação sustentável mundial, aproveitando sua rica biodiversidade e recursos naturais para produzir com alta agregação de valor.
FUp – Como a integração de TIC e Bioeconomia pode beneficiar a economia local?
Vânia: A integração de TIC com a Bioeconomia é nosso grande desafio. Se formos bem sucedidos, isso vai revolucionar diversos setores na Amazônia. Por exemplo, na indústria existem incontáveis demandas de ativos da biodiversidade, na agricultura sustentável, na digitalização e no uso de nanotecnologia avançada que podem aumentar a produtividade e a sustentabilidade das práticas de biotecnologia e de agroindústria – que são dois fatores cada vez mais impactantes em relação a competitividade nos mercados.
No campo da medicina, a biotecnologia pode levar ao desenvolvimento de novos medicamentos e tratamentos baseados em recursos naturais da região, por exemplo. Além disso, o monitoramento ambiental por satélite e outras tecnologias de conservação podem ajudar a preservar as florestas e a biodiversidade. Esses avanços impulsionam de forma robusta e consistente o crescimento econômico e promovem o uso mais sustentável dos recursos naturais.
FUp– A Lei de Informática prevê incentivos fiscais e investimentos obrigatórios em P&D. Como esses elementos podem atrair empresas para a Amazônia?
Vânia: Os incentivos fiscais e os investimentos obrigatórios em P&D são grandes atrativos para as empresas de tecnologia. Eis a razão do primeiro lugar do Amazonas no ranking nacional de intensidade tecnológica. Os incentivos reduzem o custo operacional e fomentam a inovação. Para a Amazônia, isso significa que mais empresas estarão dispostas a investir em tecnologias que utilizem os recursos naturais de forma sustentável. Além de criar empregos, esses investimentos podem fortalecer a economia local e tornar a região um centro de excelência em bioeconomia alinhada com TIC.
FUp – O fortalecimento do setor de TIC na Amazônia também requer investimentos em educação e capacitação. Quais são as estratégias para alcançar isso?
Vânia: Investir em educação e capacitação é fundamental para o sucesso a longo prazo. Programas de treinamento e parcerias com universidades e centros de pesquisa são essenciais para formar uma força de trabalho qualificada. Isso inclui cursos de especialização, programas de estágio e iniciativas de educação continuada. Ao capacitar os profissionais locais, estamos preparando a Amazônia para desenvolver e implementar soluções tecnológicas inovadoras, promovendo uma bioeconomia que mantém a floresta em pé. Com investimentos direcionados e uma visão de longo prazo, a Amazônia pode se tornar um exemplo mundial de inovação sustentável, gerando prosperidade econômica e preservando o meio ambiente.
FUp – Quais são os principais desafios para estabelecer Polos Digitais nas cidades da Amazônia e como a ExpoAmazônia Bio & TIC está ajudando a superar esses desafios?
Vânia: Os principais desafios incluem a falta de infraestrutura de internet de alta qualidade e a necessidade de capacitação das pessoas nas comunidades ribeirinhas. A ExpoAmazônia Bio & TIC está ajudando a superar esses desafios ao promover discussões sobre inclusão digital e ao reunir diversos atores econômicos e sociais para fomentar o desenvolvimento de tecnologias e inovações que podem ser implementadas na região. Além disso, a ExpoAmazônia serve como um espaço para apresentação de projetos e iniciativas que podem atrair investimentos e parcerias para a criação desses polos digitais.
FUp – Como o projeto Norte Conectado pode acelerar a inclusão digital nas comunidades ribeirinhas e qual é o papel do governo federal nesse processo?
Vânia: O projeto Norte Conectado visa expandir a infraestrutura de internet em toda a região amazônica, o que é crucial para a inclusão digital. O governo federal tem um papel fundamental ao fornecer os recursos e a infraestrutura necessários para implementar o projeto. Com a expansão da internet, as comunidades ribeirinhas terão acesso a ferramentas digitais e oportunidades de capacitação, o que permitirá a criação de empregos e o desenvolvimento de novos negócios baseados em tecnologia da informação e comunicação. A velocidade de implementação e a abrangência do projeto são essenciais para alcançar esses objetivos.
FUp – O estudo da Federação das Indústrias do Ceará destacou que o Amazonas é o Estado que mais gera empregos em tecnologia. Quais são as principais estratégias para expandir esse conhecimento para outras regiões da Amazônia?
Vânia: As principais estratégias incluem a criação de programas de capacitação e treinamento em tecnologia da informação e comunicação, a promoção de parcerias entre empresas de tecnologia e instituições educacionais, e o incentivo ao empreendedorismo local. Além disso, é importante criar incentivos para que empresas de tecnologia se estabeleçam em outras regiões da Amazônia, promovendo a transferência de conhecimento e a criação de novas oportunidades de emprego. A disseminação de boas práticas e o fortalecimento de redes de colaboração também são fundamentais para expandir o conhecimento tecnológico.
FUp – De que maneira a Bioeconomia e a Biotecnologia podem ser integradas com a Tecnologia da Informação e Comunicação para promover um desenvolvimento sustentável na Amazônia?
Vânia: A integração da Bioeconomia e Biotecnologia com a Tecnologia da Informação e Comunicação pode ser alcançada através do desenvolvimento de plataformas digitais que facilitem a pesquisa e a inovação em produtos biológicos. Por exemplo, tecnologias de big data e inteligência artificial podem ser usadas para melhorar a eficiência da produção biológica e para monitorar a biodiversidade da região. Além disso, a criação de aplicativos e plataformas online pode facilitar a comercialização de produtos biológicos e permitir o acesso a mercados globais, promovendo um desenvolvimento econômico sustentável que preserva a floresta.
FUp – Quais são os benefícios econômicos e sociais esperados com a implementação dos Polos Digitais na Amazônia, especialmente para as comunidades mais remotas?
Vânia: Os benefícios econômicos incluem a criação de novos empregos, o aumento da renda das comunidades locais e a diversificação da economia regional. Socialmente, a implementação dos Polos Digitais pode levar à inclusão digital, proporcionando acesso à educação e serviços de saúde de qualidade, além de fortalecer as redes de comunicação e cooperação entre as comunidades.
A capacitação em tecnologia da informação pode empoderar as populações locais, promovendo o desenvolvimento de habilidades e conhecimentos que podem ser aplicados em diversos setores da economia. Além disso, a ExpoAmazônia facilita a troca de conhecimentos e experiências entre diferentes atores, incluindo comunidades locais, pesquisadores, empresários e formuladores de políticas, criando um ambiente propício para a implementação de projetos sustentáveis que beneficiam a região como um todo.
(*) Coluna Follow-up é publicada no Jornal do Commercio do Amazonas, sob a responsabilidade do CIEAM, e coordenação editorial de Alfredo Lopes, consultor da entidade e editor-geral da Coluna Follow-up
Vânia Thaumaturgo é CEO da Osten Digital, presidente do Conselho de Administração do Polo Digital de Manaus e Head de Relações Internacionais na Amazônia da Bertha Capital.
Fonte: BrasilAmazôniaAgora