28/02/2024 12:35
“…o guaraná lidera os inumeráveis formatos de aproveitamento e mimetização do banco genético da floresta e suas infinitas possibilidades de Bioeconomia. Sua exploração inovadora e sustentável agrega outras frutos e iniciativas bioenergéticas e refrescantes como faz o Guaraná Magistral há 80 anos.”
Por Igor Lopes
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Programa Prioritário de Bioeconomia (PPBio), coordenado pelo IDESAM e demais iniciativas nesta área, como o PPA (Parceiros pela Amazônia) das empresas do Polo Industrial de Manaus ligadas aos Estados Unidos, e da Aceleradora 100+ estão entre os cada vez mais numerosos arquivos de Bioeconomia na web. Com frequência, em parte por sua relevância cultural e simbólica, o guaraná, fruto sagrado e emblemático das etnias Saterê-Mawé, tem se revelado uma fonte promissora para iniciativas de bioeconomia que buscam conciliar o desenvolvimento econômico com a conservação ambiental. Vamos aqui destacar este exemplo, entre outras oportunidades que emergem da valorização do guaraná e outras iniciativas na Amazônia, destacando programas de aceleração bem sucedidos que dão suporte às metas públicas de sustentabilidade.
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A incorporação de inovações tecnológicas na cadeia produtiva do guaraná não apenas impulsiona a bioeconomia na região de Maués, mas também promove a preservação cultural e ambiental. Essas inovações abrem caminho para um modelo de desenvolvimento que é econômica, social e ambientalmente sustentável, alinhado com os valores e necessidades das comunidades locais e desses novos mercados – que são cada vez mais – globais. Ao valorizar o guaraná, não apenas como um produto agrícola e agroecológico mas como um recurso bioeconômico estratégico, podemos destacar o papel essencial da Amazônia e de suas comunidades na promoção de um futuro mais sustentável.
A Embrapa, Empresa Brasileira de pesquisa Agropecuária, há três décadas, tem focado no desenvolvimento de variedades de guaranazeiro por meio de técnicas de melhoramento genético, incluindo a expansão biotecnológica no teor de guaraína e tudo mais que o mercado demanda e que pode resultar em plantas com maior resistência a pragas e doenças, além de melhorar o teor de outros componentes a serviço de outros compostos benéficos. Essas inovações contribuem para a sustentabilidade da produção e a qualidade do produto.
![De Semente Sagrada a Motor Econômico: O Papel do Guaraná na Bioeconomia da Amazônia](https://brasilamazoniaagora.com.br/wp-content/uploads/2024/02/l-workshop-de-cadeias-produtivas-do-guarana-945x630.jpeg)
A empresa Urucuna, liderada por Júlia Tatto, por sua vez, ilustra a potencialidade de negócios que aliam valorização biocultural e dinamização econômica, focando em consumidores conscientes sobre a importância da floresta. Com a produção de velas aromatizantes com essências amazônicas, e agora se expandindo para velas de massagem, a startup mostra como produtos inovadores e sustentáveis podem encontrar mercado, especialmente no nicho de brindes corporativos com propósitos socioambientais.
![](https://brasilamazoniaagora.com.br/wp-content/uploads/2024/02/maxresdefault-1120x630.jpg)
São registros de novos empreendedores que deixaram carreiras convencionais para apostar em empreendimentos que refletem seus valores socioambientais, e evidenciam um crescente movimento de empreendedorismo que busca harmonizar lucro e responsabilidade ambiental. A estratégia de desenvolver produtos com maior margem de lucro, em colaboração com fornecedores locais, respeitando a realidade amazônica, sinaliza para a viabilidade de negócios sustentáveis que podem escalar sem comprometer seus valores.
Este caso também ressalta a importância de iniciativas de aceleração e aporte financeiro para startups que propõem soluções inovadoras para desafios sociais e ambientais. O apoio da Ambev, através de mentoria, treinamento e financiamento, é fundamental para transformar ideias empreendedoras em projetos de negócios sustentáveis que contribuem para a conservação da floresta e o bem-estar das comunidades locais.
O exemplo da Urucuna e do programa de aceleração da Ambev demonstram o potencial da bioeconomia na Amazônia, onde o guaraná e outras iniciativas podem liderar uma nova era de negócios que são ambientalmente responsáveis, socialmente justos e economicamente viáveis. Essas experiências reforçam a convicção de que é possível, e cada vez mais necessário, integrar a conservação da natureza com o progresso econômico, promovendo um futuro mais sustentável para a Amazônia e para o planeta.
A incorporação de práticas sustentáveis e a valorização do conhecimento tradicional nas estratégias de negócios da Urucuna representam um modelo inspirador de como a bioeconomia pode ser uma alavanca para o desenvolvimento sustentável na Amazônia. Através de suas parcerias com Organizações da Sociedade Civil locais e a adesão à rede Origens Brasil, a Urucuna enfatiza a importância do comércio justo e da sustentabilidade em todas as etapas de sua cadeia produtiva.
A participação na Aceleradora 100+ significou um ponto de virada na forma como a startup enxerga seu negócio, transformando-o em uma metodologia de trabalho que incorpora a sustentabilidade como um pilar central. A colaboração com 40 artesãos de oito povos indígenas e o fortalecimento de práticas sustentáveis exemplificam o compromisso da Urucuna com a conservação da biodiversidade e a valorização cultural. A produção e o repasse financeiro consciente para os fornecedores da região demonstram um modelo de negócio que beneficia diretamente as comunidades locais, promovendo a conservação de 23 milhões de hectares de floresta.
![](https://brasilamazoniaagora.com.br/wp-content/uploads/2024/02/urucuna-1198x630.webp)
A parceria com a Associação de Artesãos Unidos para Vencer da comunidade Menino Deus de Maués e a produção de velas utilizando conhecimentos tradicionais são estratégias que respeitam e valorizam o modo de vida amazônico. Esse modelo de produção não só contribui para a diversificação econômica das comunidades locais, mas também oferece produtos únicos que contam histórias e promovem a conservação ambiental.
![](https://brasilamazoniaagora.com.br/wp-content/uploads/2024/02/AAUV-Associacao-de-Artesaos-Unidos-para-Vencer-6-scaled-1-945x630.jpg)
A colaboração com o programa Cidades Florestais do Idesam e a inovação na produção de embalagens artesanais exemplificam como a Urucuna integra o conhecimento tradicional e a sustentabilidade ambiental em seu modelo de negócio. A utilização de materiais naturais e biodegradáveis, como o caroço de tucumã, o ouriço da castanha-do-brasil e o cipó ingá, na confecção de embalagens, destaca a busca da startup por soluções inovadoras e sustentáveis que agregam valor estético e ambiental aos seus produtos.
![](https://brasilamazoniaagora.com.br/wp-content/uploads/2024/02/trabalhe-conosco-idesam-840x630.jpg)
A exploração de óleos e manteigas amazônicos inexplorados para aromaterapia e cosméticos, assim como a potencial inclusão do guaraná nas formulações das velas, ilustram a busca constante da Urucuna por inovação e diversificação de produtos que respeitem a biodiversidade e os saberes locais. Essas iniciativas não apenas promovem a sustentabilidade ambiental, mas também abrem novos caminhos para o desenvolvimento de produtos que podem alcançar mercados nacionais e internacionais, valorizando os recursos naturais e culturais da Amazônia.
Este modelo de negócio, que integra sustentabilidade, inovação e valorização cultural, serve como exemplo para outras empresas e startups que buscam contribuir para o desenvolvimento sustentável da Amazônia. Ao alinhar práticas econômicas com a conservação ambiental e a valorização das comunidades tradicionais, iniciativas como a da Urucuna demonstram que é possível criar um futuro mais sustentável e justo para a região amazônica.
Em suma, a Bioeconomia está no DNA empreendedor da Amazônia desde o Ciclo das Ervas do Sertão e do Ciclo da Borracha. Neste momento de transição para a diversificação, adensamento e interiorização dos benefícios do Polo industrial de Manaus, o guaraná lidera os inumeráveis formatos de aproveitamento e mimetização do banco genético da floresta e suas infinitas possibilidades de Bioeconomia. Sua exploração inovadora e sustentável agrega outras frutos e iniciativas bioenergéticas e refrescantes como faz o Guaraná Magistral do Amazonas há 80 anos.
Fonte: BrasilAmazôniaAgora