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PIM busca reter talentos

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25/06/2025 10:30

Por Marco Dassori – @marco.dassori | @jcommercio

Indústria de Manaus reage à fuga de profissionais com mais qualificação, benefícios e investimento educacional

O PIM está buscando soluções para enfrentar a escassez de mão de obra especializada e reter os profissionais mais qualificados. Matéria da Agência Folha aponta que o Polo estaria perdendo técnicos e engenheiros, em função de salários mais baixos e a preferência da geração Z por mobilidade e liberdade, em detrimento de carreiras tradicionais. Lideranças do setor lembram, contudo, que a dificuldade de contratar é um problema vivido por toda a indústria brasileira e destacam que os benefícios oferecidos pelas empresas locais vêm diminuindo os impactos negativos, a despeito do custo de vida da cidade.

Pesquisa realizada pelo CIEAM no ano passado já projetava uma necessidade de 2.168 a 3.321 técnicos de nível médio para o PIM, até 2027. A estimativa é que a demanda em engenharia (mecânica, eletrônica, elétrica, automação, química e “de materiais”/PCP) fique entre 771 e 2.870 profissionais, para o mesmo triênio. Já a estimativa de procura por trabalhadores de nível superior para “atividade meio” (controladoria, financeiro, RH, administração, informática, logística, jurídico e compliance) vai de 1.228 a 4.942 pessoas. A procura vem dos polos eletroeletrônico (28% do total), “outros” segmentos (exceto termoplástico (16%), relojoeiro (12%), duas rodas (8%), bebidas (8%).

A coordenadora regional do Senai-AM, Rogéria Regina, informa que a instituição está fazendo esforço significativo para disponibilizar mais mão de obra qualificada para o PIM. A quantidade de alunos formados subiu 7,89% entre 2023 (18 mil) e 2024 (21 mil). A meta é superar esse número novamente em 2025, que já contabiliza mais de 20 mil estudantes qualificados, de janeiro a maio. Ela destaca que, de cada dez formados, oito conseguem emprego no setor. “Trabalhamos com educação profissional, formando em diferentes modalidades, no rigor do que a legislação define como ensino técnico”, resumiu, acrescentando que as áreas de logística e de TI tendem a ser as mais demandadas.

Indústrias do PIM oferecem diversos benefícios para reter a mão de obra, segundo lideranças industriais

“Competitividade salarial”

O levantamento do CIEAM revela que as principais dificuldades enfrentadas pelo PIM para contratar recursos humanos de nível técnico e superior são principalmente a “falta de profissionais com conhecimentos específicos” (17%), “influência em línguas estrangeiras insuficiente” (15%) e “qualificação técnica acadêmica insuficiente” (13%), entre outros entraves. Outros entraves vêm da “elevada concorrência entre as empresas para obter os melhores profissionais” e “queda na qualidade profissional ao longo do tempo”.

O presidente da Fieam e vice-presidente-executivo da CNI, Antonio Silva, confirma que os indícios de que a indústria intensificava recentemente esforços significativos para atrair e reter profissionais. “A competitividade industrial qualificada não é uma característica exclusiva da ZFM. “O que merece ser perguntado é: por que o Brasil inteiro enfrenta esse mesmo desafio? Será que não estamos diante de uma questão estrutural mais profunda, que passa pela educação, pelo sistema de ciência e tecnologia, pela valorização do trabalho técnico e pela própria cultura do improviso que se sobrepõe à excelência?”, questionou.

Ele lembra que a comparação de salários deve ser confrontada com a realidade regional, mas concorda que o perfil da nova geração de trabalhadores desafia o PIM a responder com inovação, tecnologia, ESG, e ambiente de trabalho com diversidade. “Ainda temos muito a aprender com essa juventude. Mas não podemos transformar desafios em rótulos. A ZFM continua formando talentos, empregando em larga escala e sustentando uma das maiores universidades multicampi do Brasil. Se alguns partem em busca de novas experiências, é porque foram bem formados aqui. Isso é motivo de orgulho, não de crise”, frisou.

“Escola de talentos”

Conforme a sondagem do Cieam, quando encontram o profissional com o perfil adequado, as indústrias do PIM oferecem diversos benefícios para reter a mão de obra. A lista inclui plano de saúde familiar (21%), plano odontológico familiar (17%), creche/escola para dependentes (16%), auxílio aprendizado para novas línguas (10%), flexibilidade de home office (9%), auxílio desenvolvimento acadêmico (9%), plano de carreira estruturada (9%), “salário acima da média” (8%) e flexibilidade de horário (7%). Outras vantagens citadas são programas de inclusão, apoio jurídico, social, emocional e bem-estar e “PLR atrativa”.

O presidente-executivo do Cieam, Lúcio Flávio Morais de Oliveira reforça que o PIM segue investindo em qualificação e melhoria do ambiente de trabalho. “Mais do que reforçar diagnósticos prontos, é preciso olhar para as soluções em curso. A ZFM é uma escola de talentos. Temos profissionais que começaram no chão de fábrica e hoje empreendem fora do país. Claro que enfrentamos desafios, como toda indústria brasileira. Mas enfrentamos todos com responsabilidade, diálogo com as instituições de ensino, programas de formação, e novas abordagens de gestão para dialogar com as demandas da geração Z. A saída está no investimento em gente, ciência e logística – e nisso estamos comprometidos”, afirmou.

O industrial ressalta que a evasão de técnicos e engenheiros não é um fenômeno novo, nem exclusivo da ZFM. “Segundo o Datafolha, cerca de 59% dos brasileiros, preferem trabalhar por conta própria do que com carteira assinada. Além disso, estudos da FGV mostram que a diferença salarial entre Manaus e São Paulo caiu drasticamente nas últimas décadas. O que temos é um desafio nacional de valorização das carreiras técnicas e de adequação às expectativas das novas gerações”, argumentou.

Já o contador, consultor do Cieam e professor universitário, André Costa, se mostra otimista. “A capacidade de formação de mão de obra foi preparada na década de 2010, que teve recorde de empregabilidade. Em 2013 se iniciou uma crise que só começou a ser superada em 2018. As instituições continuaram aumentando a formação, mas as empresas não alcançavam logo esses profissionais, e os melhores foram se direcionando para outros setores e regiões. O PIM está a caminho de solucionar esse afastamento, confirmando a trajetória de bom desempenho econômico, que vai levar aos empregadores a percepção que vale a pena aumentar salários para reter talentos. Além disso, as entidades empresariais e as instituições de ensino estão se articulando, para maior troca de iniciativas”, arrematou.

Fonte: Jornal do Commercio

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