22/07/2025 08:07
Por Antonio Silva
Presidente da FIEAM
Estamos atualmente em mais um cenário de incertezas para o país com o anúncio de barreiras de importação pelo segundo maior mercado externo do Brasil, os Estados Unidos (EUA). A Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (FIEAM), atenta aos interesses da indústria do Amazonas, acompanha a situação das empresas exportadoras e das demais do setor agroindustrial do país, que poderão enfrentar sérias dificuldades e afetar a economia brasileira e, consequentemente, o emprego e a renda e a queda de demanda dos produtos do polo industrial local.
Dessa forma, a entidade do setor produtivo manifesta urgência na aprovação de mais medidas de caráter estrutural para o equilíbrio da situação fiscal, para que o país se torne mais robusto do ponto de vista das suas contas e menos dependente das incertezas globais.
A imposição da tarifa de 50% sobre produtos brasileiros pelos Estados Unidos é preocupante sob diversos aspectos. O anúncio já começou a ser sentido na prática, a medida em que causa um ambiente de incerteza que dificulta qualquer planejamento de médio e longo prazo e obriga as empresas exportadoras a revisarem seus orçamentos e previsões de receitas.
Em 2024, o Amazonas exportou US$ 100 milhões e importou US$ 1,4 bilhão dos EUA. No primeiro semestre de 2025, as exportações somaram apenas US$ 35 milhões, frente a US$ 646 milhões em importações. Apesar de uma alta de 21% nas exportações entre 2022 e 2024, a medida ameaça interromper esse avanço.
A indústria brasileira está profundamente integrada a cadeias globais. Decisões unilaterais como essa rompem esse fluxo e colocam em risco milhares de empregos e investimentos.
Algumas empresas exportadoras estão revendo contratos e rotas de exportação, buscando alternativas fora do eixo EUA.
Há um esforço claro para reposicionar produtos em mercados como América Latina, União Europeia e países asiáticos. Esse, entretanto, é um movimento que demanda tempo para ser reestruturado.
Urgentemente, é urgente avançarmos em reformas que melhorem o ambiente de negócios, reduzam custos e aumentem a competitividade da nossa indústria.
Caso a balança comercial se deteriore, a desvalorização cambial pode agravar o custo de insumos e maquinário, pressionando ainda mais a indústria nacional.
É preciso cautela e firmeza na condução da política comercial, sem retaliações precipitadas que possam escalar conflitos que intensifiquem a instabilidade. O momento exige investimento na defesa estratégica dos interesses brasileiros.
Nossa cadeia produtiva é vigorosa, tem capacidade de reagir, mas precisa de previsibilidade e segurança jurídica para seguir gerando empregos e inovação. O momento exige medidas que combinem inteligência diplomática, diversificação comercial e fortalecimento do ambiente interno para negócios.
Artigo publicado pelo Jornal Acrítica em 22/07/2025