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Desenvolvimento e soberania na era da geoeconomia

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15/07/2025 08:09

Entender o contemporâneo é sempre um desafio. Somos levados, para aqui ou para acolá, pelos afetos, emoções e cansaços da vida. Edward Luttwak, em artigo de 1990, argumentou que a economia passou a ser um campo de combate. As sanções econômicas, com bloqueios financeiros, são exemplos de parte do Ocidente contra a Rússia ou o Irã, da mesma forma que a iniciativa do Cinturão e das Novas Rotas da Seda, da China, demonstram uma iniciativa de domínio pelo investimento em infraestrutura — e temos perto do Brasil o Porto de Chankay, com investimento da empresa chinesa Cosco.

As ideias neoliberais propagavam um Estado Mínimo, mas no contexto da Geoeconomia ele passa a ser um Estado presente e estratégico, com intervenções no mercado, contrariando a visão neoliberal do livre mercado. O comércio neoliberal, visto como um ambiente de cooperação, passa a ser um ambiente de disputa num contexto contemporâneo. A Globalização, anteriormente percebida como separada da política (com o mercado dominando as visões), em um ambiente mais contemporâneo, de Geoeconomia, passa a ter uma crescente intervenção dos interesses econômicos e ainda mais visível interferência das empresas nos espaços políticos. As ações tarifárias e de subsídios ou defesas de empresas específicas demonstram mais fraqueza dos negócios em um ambiente de competição do que uma fortaleza.

Empresas multinacionais (ou transnacionais, como preferem alguns) estão sempre em busca de mais estrutura de poder global. Em artigo de 12/02/2025 de Gillian Tett (publicado no Financial Times, reproduzido em síntese na Folha de São Paulo de 13/07), há uma ampla reflexão sobre este assunto. Trazendo para uma perspectiva do Norte do Brasil, de onde escrevo, tenho a sensação de que temos dificuldade, como sociedade, de inserir uma multiplicidade de visões que interessem ao país, às nossas pessoas e pouco interesse com nossas empresas. Há um excesso de olhar para agradar o estrangeiro, renunciando à soberania, seja pelo capital ou pela política. Há um certo conforto em ser subserviente, em troca de alguns trocados, interesses ou tecnologias.

Há uma certa ilusão reinante sobre o Desenvolvimento, com um olhar excessivo sobre o que interessa aos “mercados”, com o interesse financeiro se sobrepondo aos interesses das pessoas. Precisamos não nos perder, pois subalternizar o interesse nacional para uma potência ou um conjunto de empresas estrangeiras não será muito diferente do que as trocas desiguais do passado. Mais do que fazer o interesse do Brasil prevalecer (parafraseando a frase norte-americana), precisamos colocar as necessidades de desenvolvimento nacional e de redução das desigualdades regionais nos nossos atos e discussões.

Por ora, temos o triste e recorrente hábito de subordinar o país para os interesses internacionais e de olhar regiões com uma perspectiva colonial. No contexto Amazônico, temos refletido apenas sobre o “ativo” de potencial financeiro, mas não no olhar das suas pessoas. Sempre queremos o petróleo ou o minério, na perspectiva da extração. Precisamos transcender a visão mercantilista, extrativista e encontrar um interesse central nos seres humanos, ao invés dos mercados, finanças ou de algum império estrangeiro.

Artigo publicado no Jornal do Commercio em 15/07/225


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