15/07/2025 07:48

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) iniciou, em 1998, uma sondagem experimental para construir o Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI), aplicando a pesquisa em 19 estados e em empresas com mais de 25 funcionários, cuja série histórica começou em 1999. A partir de 2002, a pesquisa passou a ter abrangência nacional e, desde 2020, vem ganhando destaque pela forma como capta uma visão empresarial nacional, contrastando com a perspectiva centrada no capital financeiro que costuma prevalecer nos grandes veículos de imprensa do país.

Neste ano, com o apoio do CIEAM e em parceria com André Ricardo Reis Costa, iniciamos a publicação de uma enquete seguindo a mesma metodologia, porém voltada especificamente para a indústria do Amazonas. Assim, desde dezembro de 2024, estamos construindo uma série que reflete a confiança do setor industrial local. Nesta fase de testes, a base de empresas industriais pesquisadas é composta por associadas do CIEAM, mas a meta é, até o fim de 2025, calibrar a metodologia para que represente de forma mais precisa a visão da indústria do Amazonas. Desde então, é possível observar que a indústria amazonense, dentro da nossa amostra, tem se mostrado significativamente mais otimista do que a indústria brasileira como um todo, algo que, naturalmente, pode ser associado à reforma tributária e ao potencial de crescimento do Polo Industrial de Manaus.

Em janeiro, enquanto a confiança da indústria nacional estava em 49,1 pontos, o Amazonas registrou 60,14. Já em maio, o índice nacional caiu para 48,6, enquanto o do estado ficou em 57,23. Estamos, portanto, vivendo um momento de grande potencial de prosperidade para a indústria local, acompanhado de um aumento no número de empregos formais. De abril de 2024 para abril de 2025, o número de postos de trabalho no Amazonas cresceu 6,46%, e, especificamente na indústria de transformação, esse crescimento foi de 9,17%. Se considerarmos apenas os setores de duas rodas e a indústria naval, o aumento chega a 9,96%, o que explica em parte o otimismo observado.

O Polo Industrial de Manaus responde por 47% de toda a arrecadação de ICMS do estado e, em maio, registrou a segunda maior arrecadação da série histórica. O Amazonas vive, portanto, um excelente momento em sua indústria, mas é importante lembrar que nenhum ciclo de crescimento dura para sempre. Por isso, é fundamental entender o momento atual e começar a corrigir as grandes deficiências que ainda existem, transformando a arrecadação crescente em melhorias que reduzam as desvantagens comparativas do Amazonas em relação ao restante do país, inclusive fortalecendo a integração com o interior do estado.

A expectativa do setor industrial é de que a estiagem seja menos severa este ano e que não provoque sobrecustos expressivos como os registrados nos últimos anos. Armadores e terminais portuários já contam com condições de planejamento muito melhores do que no passado, e precisamos aproveitar esse período de crescimento para buscar maior eficiência tanto nas máquinas públicas quanto privadas. Um aumento no movimento de cargas tende a contribuir para a redução dos custos logísticos, e não se aceitará a imposição de taxas de estiagem nos mesmos patamares dos gastos de 2023 e 2024, que, somados, chegaram a quase R$ 3 bilhões. Para 2025, a diretriz considerada adequada é a ausência de taxas adicionais decorrentes da seca, como contrapartida ao crescimento econômico e ao aumento do volume movimentado. Resta saber se conseguiremos, de fato, alcançar esse objetivo.

Artigo publicado pelo Jornal Acrítica em 15/07/2025