13/05/2025 08:58
Por Augusto César Barreto Rocha
A música “A Sky Full of Stars” (“Um Céu Cheio de Estrelas”) é uma boa associação com a bandeira do Amazonas e os potenciais do Estado, que pode vir a ser uma das regiões que iluminem o futuro do Brasil, com uma abundância de floresta sem energia elétrica, com pessoas, conhecimentos milenares e um potencial à espera de uma integração responsável, íntegra e compartilhadora das conquistas.
O insignificante estoque de infraestrutura é uma das correções que precisam ser feitas com celeridade. Até hoje, por incrível que pareça, não há um ente responsável pela logística do Estado. Os governos federais, nas últimas décadas, nem consideravam que existe o problema. Fala-se de infraestrutura ou navegação como uma coisa secundária, mas não como o centro da vida do Amazonas, onde “o rio rege a vida”. Atualmente a indústria que mais cresce na região é a da construção naval. Imagine se existissem boas políticas públicas.
A bioeconomia vem sendo considerada de maneira equivocada, colocando-a com uma conexão com a antiga exploração da borracha, completamente inadequada ao pensamento contemporâneo, onde as escalas e cadeias produtivas são outras. Como discuti em um texto, dias atrás, temos um “bioeconomia envergonhada”, sem considerar as potências regionais. Para mudar isso só com instituições e lideranças que unam ciência e tecnologia, pesquisa básica e aplicada, interação de universidades, institutos de pesquisa e empresas.
O Amazonas e a Amazônia são grandes e precisam de muito esforço para seu desenvolvimento responsável, têm uma natureza imensa, mas finita e, principalmente, frágil. Este artigo encerra uma sequência de textos onde discuti infraestrutura, bioeconomia e o futuro para o Amazonas e algo da Amazônia. Tudo aqui é muito complexo e a cada dia compreendemos menos de sua beleza. Precisamos trabalhar para a força bruta não a desfigurar.
O principal motivador foi uma série de palestras que fiz para os principais cursos de Economia de Manaus. Em primeiro lugar estive na Universidade do Estado do Amazonas, a convite do Professor Roderick Castello Branco, falando em disciplina de Economia, sobre os potenciais econômicos do Estado e sua conexão com os problemas reais desse século, com mediação da atual presidente do Conselho Regional de Economia do Amazonas (e professora da Ufam) Michele Aracaty, onde evoluí algo mais das reflexões no curso de Economia da Ufam.
Por fim, na semana passada fiz uma apresentação para o curso de Mestrado em Economia da Ufam, quando a Professora Rosana Zau Mafra (que foi uma das organizadoras comigo de um livro sobre Bioeconomia), constituiu um evento que tinha alunos mestres mostrando, para os professores do curso. A sequência de debates com alunos de universidades públicas é uma ação repetida e fico muito agradecido com esta coincidência. Fica aqui o meu agradecimento aos colegas, e que possamos, no futuro, ter um céu cheio de estrelas e potenciais, basta ter olhos para ver e mãos para plantar. Lembrando Thiago de Mello: “faz escuro mas eu canto”.
Artigo publicado no Jornal do Commercio em 13/05/2025