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Múltiplas Amazônias, incontáveis oportunidades

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10/01/2024 10:55

Enquanto buscarmos soluções únicas para as Amazônias, ao invés de soluções para cada Amazônia, estaremos esmagando potenciais de uma futura potência global, apequenando o país e seus povos


A extensão da Amazônia é superior à de muitos países. Tentar entender esta vasta região como uma só, é um equívoco daqueles que não a conhecem em nenhuma extensão. É o mesmo erro que cometemos quando nos referimos à Ásia ou à África como uma realidade única em cada um dos países. Há uma diferença substancial entre o Quênia e o Sudão ou entre a Índia e a Coreia do Norte. Aqui repete-se o equívoco, pois as necessidades e as oportunidades do Oiapoque são muito diferentes do que necessita São Gabriel da Cachoeira ou entre o que necessita Manaus versus Macapá. Tentar unificar as demandas e oportunidade como se fossem iguais é um erro.

Haverá mais diferenças que semelhanças. Encontrar um eixo mestre para o desenvolvimento da Amazônia é algo insistentemente tentado e fracassado. Há projetos exitosos em todas os Estados da região – precisamos identificá-los, compreendê-los e potencializá-los, ao invés de atacar as poucas histórias de sucesso, como a indústria da Zona Franca de Manaus ou o escoamento da soja do Centro-oeste pelos portos do chamado Arco Norte. Democracia não é só eleição, mas a sensação de perceber-se participando e de participar efetivamente na definição de nossos destinos particulares.

Para quem vive em áreas relativamente isoladas do ambiente global, quando se fala numa redução da globalização e em um potencial de economia mais verde, todo o ambiente se transforma em oportunidade, uma vez que não há risco para quem já não tem nada. Os riscos estão muito associados aos que possuem algo. Como a pobreza impera na Amazônia, será que transformaremos nossas lutas em políticas para as pessoas locais serem impulsionadas ou esmagadas?

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

As regiões periféricas vivem em uma crise eterna, porque pouco conhecem ou usam das oportunidades. O relativo ou total isolamento em que a Amazônia se encontra, sendo destruída vagarosamente ou velozmente, conforme a época, faz com que ela possua uma vocação única para as oportunidades. Em meio ao que o mundo tanto delibera e busca, quanto às oportunidades mais verdes para a indústria, faz com que o caminho das oportunidades seja muito mais fácil do que qualquer outro.

A apropriação do crescimento pelas camadas mais isoladas da Amazônia fará grande diferença, se for em base de manter a floresta e o equilíbrio ambiental, ao invés de transformar a região em pasto e plantação extensiva por multinacionais. A região é muito complexa para analisá-la a partir dos grandes centros ou de qualquer de seus interiores. Não haverá uma única solução para as questões da Amazônia. Entretanto, olhar a “economia verde” como perspectiva de todos os ambientes é a grande oportunidade, adaptando esta premissa para cada uma das localidades

Amazônias
Crédito: Getty Images/iStockphoto

Esta adaptação será feita com política e conversa e não com matanças ou desmatamentos. Será necessária a construção de consensos para cada unidade federativa da Amazônia Legal. Enquanto buscarmos soluções únicas para a Amazônia, ao invés de soluções para cada Amazônia, estaremos esmagando potenciais de uma futura potência global, apequenando o país e seus povos.

O Amazonas pode se consolidar como um dos principais eixos da reindustrialização do Brasil. A V Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia & Inovação, que será realizada em junho de 2024, prevê eventos preparatórios por todo o país e nos seus Eixos Temáticos estão postas muitas oportunidades. Precisamos fazer encontros preparatórios que reconheçam os diferentes potenciais de cada Estado, para ampliar a indústria do Amazonas e para viabilizar uma indústria não destrutiva em outros Estados. A Ciência pode encontrar as respostas diversas que são tão fundamentais para corrigir as assimetrias históricas e transformar o futuro de riquezas em um presente mais próximo

Augusto Rocha é Professor Associado da UFAM, com docência na graduação, Mestrado e Doutorado e é Diretor Adjunto do CIEAM

Fonte: Brasil Amazônia Agora


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