10/07/2018
Notícia publicada pelo Jornal Acrítica
A bancada do Amazonas no Senado tenta hoje, pela segunda vez, aprovar o Projeto de Decreto Legislativo que anula os efeitos do decreto do presidente Michel Temer nº 9.394/18, o que reduziu de 20% para 4%os incentivos do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) das indústrias– A bancada do Amazonas no Senado tenta hoje, pela segunda vez, aprovar o Projeto de Decreto Legislativo que anula os efeitos do decreto do presidente Michel Temer nº 9.394/18, o que reduziu de 20% para 4%os incentivos do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) das indústrias de concentrados de refrigerantes do Polo Industrial de Manaus (PIM). Em meio ao debate, a Receita Federal abriu uma investigação para apurar se a Coca-Cola está superfaturando seus produtos na Zona Franca. A empresa afirma não ter conhecimento de nenhuma investigação e que o preço do concentrado é mantido estável há dez anos, abaixo da inflação.
Na semana passada, o PDS 57/18 dos senadores Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), Eduardo Braga (MDB-AM) e Omar Aziz (PSD-AM) chegou a entrar na ordem do dia. O painel chegou a ser aberto para votação, mas a base do governo não apareceu para dar quórum. Os senadores amazonenses garantem que tinham 19 votos a favor e aprovariam o decreto legislativo por maioria simples. de concentrados de refrigerantes do Polo Industrial de Manaus (PIM). Em meio ao debate, a Receita Federal abriu uma investigação para apurar se a Coca-Cola está superfaturando seus produtos na Zona Franca. A empresa afirma não ter conhecimento de nenhuma investigação e que o preço do concentrado é mantido estável há dez anos, abaixo da inflação. Na semana passada, o PDS 57/18 dos senadores Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), Eduardo Braga (MDB-AM) e Omar Aziz (PSD-AM) chegou a entrar na ordem do dia. O painel chegou a ser aberto para votação, mas a base do governo não apareceu para dar quórum. Os senadores amazonenses garantem que tinham 19 votos a favor e aprovariam o decreto legislativo por maioria simples.
Para a votação de hoje, o coordenador
da bancada do Amazonas,
no Congresso Nacional,
senador Omar Aziz (PSD-AM),
afirma que a estratégia é pôr o
projeto em votação somente se
se tiver certeza do quórum e da
vitória. “Não vamos correr riscos
até porque o governo está jogando
sujo; está enviando emissários
aos gabinetes dos senadores
com dados mentirosos, dizendo
que os estados perdem se
os incentivos fiscais dos concentrados
de bebidas não-alcoólicas
forem mantidos em 20%.
Isso é uma maldade o que o governo
federal está fazendo com
o Amazonas”.
A senadora Vanessa Grazziotin está esperançosa com o resultado da votação prevista para esta terça-feira (10). “Nossas expectativas são boas, uma vez que muitos senadores estão entendendo o foco do debate: a derrubada de um ato inconstitucional do presidente Temer contra o Amazonas. O nosso projeto de decreto visa somente repor a segurança jurídica e preservar a constitucionalidade do modelo Zona Franca de Manaus. Agora, é visível a tentativa do governo em desviar o foco, inclusive com apoio de setores empresariais de fora do Estado”, disse a senadora.
GOVERNO AM
Além de Michel Temer, quem
também não foi poupado de críticas
da bancada do Amazonas
foi o governo do Estado. O senador
Omar Aziz, que deve disputar
a eleição contra o governador,
cobrou uma posição do secretário
estadual de fazenda e
do governo do estado. “Não é só
da bancada de senadores a obrigação
de se mover, mas do governo,
dos empresários, de todo
mundo que considera importante
a Zona Franca para o estado
do Amazonas”, criticou Aziz.
Saiba mais
>> Coca-Cola Brasil
Por meio de nota, a Coca-Cola
Brasil esclareceu que, desde
2014, o volume de dividendos
distribuídos pela empresa se
mantém estável, assim como o
preço cobrado pelo concentrado
de bebidas para os fabricantes do
Sistema Coca-Cola Brasil. “Mas
ressaltamos que o valor do câmbio
afeta diretamente o valor em
reais. É importante esclarecer
que, de acordo com a legislação
brasileira, em regra, os benefícios
fiscais não são passíveis de serem
remetidos ao exterior e devem,
obrigatoriamente, ser reinvestidos no Brasil”, diz a nota.
Blog ‘‘ Serafim Corrêa (PSB)
Deputado estadual e economista
“Está claro que há um
jogo muito pesado de parte
do governo federal no
sentido de reduzir os incentivos
fiscais da Zona
Franca de Manaus. Ele inclusive
ataca o que é básico. A
isenção é o maior incentivo
que a Zona Franca tem. É claro
que na hora de diminuir a alíquota
de um produto que só é
fabricado aqui isso desestimula
que outras empresas venham
e gera insegurança jurídica.
Equivocadamente o governo
do Estado entrou com a
Ação Direta de Inconstitucionalidade
(Adin) contra a lei complementar
que acabou com a
guerra fiscal. Na hora que o
Amazonas se insurge contra esse
acordo, é lógico que os outros
Estados estão irritados. A
bancada do Amazonas terá dificuldade
de ganhar qualquer votação.
Estou sendo realista e
praticamente é impossível. Temos
três senadores empenhados
na defesa da Zona Franca,
mas vejo que não temos a simpatia
de nenhum outro Estado.
Na hora que for à voto já é previsível
o resultado. Há uma má
vontade dos outros Estados.
Sobre os decretos legislativos
que salvam os concentrados
há duas hipóteses: ser votado
e na hora perder e nada ser
conseguido e a outra hipótese
é obstruir a votação e isso ficar
para o segundo semestre e sabemos
que não será votado
por conta da eleição. É uma situação
delicada. É hora do governo
do Estado rever estratégias
equivocadas que ao invés
de defender a Zona Franca está
municiando adversários”.
Em números # 43%
é a carga tributária do refrigerante.
Já era 39% antes do
decreto nº 9394/2018. O índice é
dez pontos percentuais acima de
Argentina e, em média, o dobro
dos demais países da região.
Governo investiga fraude
Desde a semana passada, a bancada de senadores do Amazonas vem denunciando as manobras do governo federal para manter o decreto 9.394/18, de Temer, e a redução em 16 pontos percentuais no incentivo de IPI para o segmento de concentrados. Os senadores Gleisi Hofmann (PT-PR) e Lindberg Faria (PTRJ) subiram à tribuna do Senado com dados divulgados tanto pela Afebras (a associação das pequenas envasadoras de bebidas fora da ZFM) quanto da Receita Federal. Assim como a reportagem do jornal Folha de S. Paulo do último domingo. A publicação revela que a Coca-Cola está sendo investigada pela Receita Federal por estar superfaturando seus produtos para ampliar seu lucro na Zona Franca de Manaus, onde fica sua fábrica. Para o senador Omar Aziz, a reportagem não passa de jogo sujo do governo. Por meio de sua assessoria, a Coca-Cola negou as supostas irregularidades. “Atuamos há 76 anos no Brasil e há 28 anos na Zona Franca de Manaus sempre em cumprimento com a legislação em vigor, comprovada por auditorias externas anuais e dos órgãos concessores”.
José Alberto Machado
ECONOMISTA E PROFESSOR
Empresas da ZFM são mais fiscalizadas
“O cerne da questão é que se existe fraude, superfaturamento ou qualquer outro erro dessa natureza que a Receita Federal investigue como faz com qualquer tipo de contribuinte no País. Inclusive, as empresas sediadas na Zona Franca de Manaus são as mais investigadas. Isso não tem nenhuma relação com o modelo e não há razão para ser vinculado à Zona Franca de Manaus. Contribuintes que superfaturam, cometem fraudes e atos ilícitos têm no Brasil inteiro. De fato existe uma desnecessária e grosseira vinculação com a Zona Franca quando isso é um problema natural do fisco.Há um outro equívoco em relação às engarrafadoras de refrigerantes. Eles não são da Coca-Cola, são empresas locais que usam da franquia do produto e naturalmente tem uma ligação, e são empresas locais. É o caso do Grupo Simões, que engarrafa Coca-cola em todo o Norte do País, é uma empresa com capital regional. Essa história de transferir créditos porque um é dono do outro isso não existe.O que nós conhecemos da postura da empresa e dos fabricantes de Manaus é que são empresários sérios e nunca procuraram qualquer tipo de ardil ou subterfúgio para fraudar ou agir de forma ilícita em relação a o fisco.Da nossa parte, não fazemos nada para fortalecer à Zona Franca para ser menos dependente dos incentivos. Não existe uma atividade costumeira e regular de apresentar resultados do modelo para arguir e fazer a defesa. Ficamos acuados. Apenas quando nos ataca e que vamos para arena ou tatame e começa a mesma briga de sempre.
POR Jorio Veiga
ENGENHEIRO CIVIL E EXECUTIVO DO SETOR INDUSTRIAL POR MAIS DE 30 ANOS
A Receita tem um problema histórico com a ZFM
“Todo o polo de concentrados
se beneficia dos benefícios
concedidos por lei. No caso da
Coca-Cola é muito mais enfatizado
pelas ações regionais em
várias áreas, como é o caso da
Jayoro, com o açúcar e o guaraná
lá produzidos, e o projeto
de açaí no interior de estado.
No caso dos preços diferentes
no Brasil e para a exportação,
são frutos de situações diferentes.No
Brasil todo o custo é
pago diretamente pelos engarrafadores.A
Recofarma inclui
as despesas de marketing e todas
as outras necessárias à comercialização.
Na exportação
há uma divisão de valores, pois
os engarrafadores pagam uma
parte à Recofarma e outra, referente
à operação e comercialização
no País, para a unidade local
da Coca-Cola. Assim há uma
divisão do valor total. A Receita
Federal (RF) tem um problema
histórico com a Zona Franca de
Manaus (ZFM) que se acentua
em épocas de crise já que são
obrigados a buscar alternativas
de aumento da arrecadação. É
um alvo fácil e, de certa maneira,
irresponsável. Há que se
ver o todo e o nosso Estado é
um dos poucos superavitário
na Federação. A RF pode e deve
apurar qualquer possibilidade
de desvio. É sua obrigação,
como é das corporações cumprir
com as suas obrigações. O
que não pode é individualizar e
acusar antes de apurar a legalidade
do que se pratica. Ao fazerisso
presta-se um desserviço
ao País e, em especial, à
ZFM. Torna mais insegura ainda
a situação jurídica absurda
em que vivemos”.