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Falta de incentivos ‘fecha portas’ no Polo Industrial de Manaus

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09/07/2018

Notícia publicada pelo Em Tempo Online

A falta de investimentos por parte do governo federal tem levado grandes empresas a abandonarem suas atividades no Polo Industrial de Manaus (PIM), como foi o caso da alemã Siemens nesta semana. Diante dessa descontinuidade das atividades de uma grande empresa do ramo eletroeletrônico, os representantes da indústria demonstram desânimo e acreditam que, até o fim do ano, outras fábricas deixem de atuar no parque fabril local, especialmente nos setores de concentrados e plásticos.

Um dos grandes motivos do enfraquecimento do modelo Zona Franca de Manaus (ZFM) para muitas empresas foram as perdas de incentivos fiscais. Após a implementação da Lei de Informática, a Siemens, por exemplo, transferiu a linha de produção de celulares.

O consultor do Centro da Indústria do Estado do Amazonas (Cieam), Alfredo Lopes, informa que, por enquanto, não há confirmações de outras indústrias que fecharão as portas. Entretanto, as empresas do setor de concentrados, na avaliação de Lopes, apresentam mais chances de deixar o complexo fabril local, por conta da falta de incentivos fiscais.

“O polo como um todo está em crise. Prova disso é que o dirigente de uma grande fabricante de bebidas localizada em São Paulo foi presa por casos de corrupção”, enfatizou Lopes.

Para o economista Aílson Rezende, a greve dos caminhoneiros atrapalhou o ritmo de melhora da indústria no primeiro semestre. Mas o “descrédito” também está relacionado à alta do dólar, que prejudica a compra de produtos e a saída de mercadorias.

“O setor estava indo muito bem, com alta geração de empregos e ritmo de produção constante”, destacou o economista, ao dizer que os setores de duas rodas e eletroeletrônicos deixaram o cenário favorável para o complexo fabril local.

O primeiro semestre, segundo Aílson, não foi tão forte para a criação de novos trabalhos no PIM. “Para este segundo semestre, os números ainda podem ser fracos por conta das novas regras trabalhistas que deixam a contratação um pouco mais difícil”, avaliou.

“A admissão efetiva não acontece de imediato, pois os empregadores estabelecem um período de experiência de três meses, depois renovam por mais três meses, e, depois disso tudo, acontece a contratação com assinatura na carteira de trabalho”, salientou.

Tanto para o economista, quanto para o vice-presidente da Fieam, a recuperação da indústria ainda acontece em passos lentos, por conta da crise econômica que o país atravessa há algum tempo.

O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do Amazonas (Sindmetal-AM), Valdemir Santana, diz que algumas das indústrias estão retirando os direitos dos trabalhadores. “É praticamente um trabalho semiescravo. As empresas estão diminuindo os salários dos operários que ganhavam R$ 1,5 mil e foram demitidos ganhando apenas um salário mínimo”, afirma. Ainda conforme o sindicalista, as indústrias com essa prática, em sua maioria, são dos setores de eletroeletrônicos. “As gigantes do setor estão cometendo essas mazelas”, comenta.

Expectativa para o segundo semestre é de recuperação

Com a chegada do segundo semestre, a indústria se prepara para alcançar um bom desempenho e fechar o ano com saldo positivo. Atribuído ao cenário favorável de campos importantes como o de duas rodas e eletroeletrônicos, o faturamento do Polo Industrial Manaus (PIM) deste ano pode ficar na casa dos US$ 23 e US$ 24 bilhões, conforme especialistas do setor. No que diz respeito a geração de empregos, a expectativa é de que sejam criados entre 2 e 3 mil postos de trabalho, de julho a dezembro deste ano.

Segundo pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a indústria amazonense registrou crescimento de 16,2% em março deste ano. Se analisado o primeiro trimestre deste ano, o número sobe para 24,5%.

De acordo com o vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (Fieam), Nelson Azevedo, o segmento vem apresentando recuperação, especialmente após a greve dos caminhoneiros, ocorrida no fim de maio deste ano. “A melhora era bastante esperada para este ano, pois há acontecimentos importantes como a Copa do Mundo e as eleições. Além disso, outro fator importante foi a mudança do sinal analógico para digital, o que fez com que a venda de televisores fosse impulsionada, pois os consumidores não querem ficar sem TV em casa”, afirmou.

A demanda por televisores para a Copa do Mundo deu fôlego ao parque fabril local. No início do ano, por exemplo, a expectativa era de que as fábricas aumentassem a produção de televisores em 15%. No entanto, esse número surpreendeu e chegou à marca de 40%. Para o segundo semestre, a animação fica por conta da Black Friday, quando os consumidores lotam as lojas em busca de televisores devido ao preço mais em conta no período promocional.

Quanto à geração de empregos, o dirigente comentou que, mesmo com a retomada das atividades de uma grande empresa do setor de eletroeletrônicos, os postos de trabalho ainda vão demorar para serem criados. “É um período de adaptação para a empresa, até formar todo o seu quadro funcional novamente”, destacou.

Outro lado

Por meio de nota a Siemens informou que, "seguindo o direcionamento estratégico de oferecer produtos e soluções tecnológicas globais, está aprimorando seu portfólio de baixa tensão no Brasil. Diante deste cenário, as linhas de produção presentes na fábrica de Manaus serão descontinuadas. Com relação aos cerca de 300 colaboradores da fábrica, a empresa garante que todos os direitos estabelecidos em lei serão respeitados e, também, está avaliando o aproveitamento de parte deles em posições de trabalho em outras localidades".


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