25/06/2018
Entrevista publicada pelo Em Tempo Online
A menos de um mês do início das convenções partidárias, Álvaro Dias (Podemos), senador e
pré-candidato à Presidência da República, esteve em Manaus, onde divulgou seu nome como
presidenciável e se reuniu com dirigentes do partido no Amazonas, para definir estratégias
de campanha para as eleições.
Sexto presidenciável a passar pela capital amazonense antes do início da disputa eleitoral, o
senador é autor da PEC que reduz o foro privilegiado para autoridades, votou contra a
reforma da previdência em 2017 e renunciou benefícios parlamentares, como auxíliomoradia
e a aposentadoria do cargo de ex-governador do Paraná, que somaria mais de R$10
milhões de reais.
Durante sua passagem por Manaus, classificou a Zona Franca de Manaus como ‘intocável’,
avaliou com otimismo sua participação nas pesquisas eleitorais, onde aparece com 4% das
intenções de voto, e defendeu a reforma do sistema tributário como forma de impulsionar a
economia do país.
EM TEMPO – Como o partido chegou à decisão de que você seria o candidato da sigla à
Presidência?
Álvaro Dias – O partido me convocou para a candidatura por fazer a análise de que
certamente o eleitor fará, ou seja, alguém com experiência administrativa e passado limpo.
São exigências básicas. Temos um passado limpo, ficha limpa do começo ao fim, e
experiência bem-sucedida no governo do Paraná, que concluímos com 93% de aprovação, o
maior índice entre todos os governos estaduais do país. Portanto, creio que é isso que
devemos mostrar à população brasileira como credencial para pedir o voto, na esperança de
que podemos mudar o Brasil para melhor.
EM TEMPO – Na última pesquisa feita pelo Datafolha, o senhor figurava com 4% das
intenções de voto. Como você avalia sua posição em relação a pré-candidatos como Jair
Bolsonaro (PSL) e Ciro Gomes (PDT)?
AD – Fico feliz, porque essa pesquisa mostra que tenho um grande patrimônio, que é a
menor rejeição entre os candidatos. Esse é o maior patrimônio que um político pode ter
atualmente, porque a descrença é geral. Há um descrédito na classe política. Temos
esperança de que nossa campanha de rompimento com esse sistema corrupto ganhe apoio
popular. Para mim, é mais importante que conheçam o que fizemos antes, ou seja,
comportamento, postura, desempenho e experiência adquirida na administração pública.
Isso deve ser credencial para dar sustentação à proposta que estamos apresentando, de
refundação da República, da substituição desse sistema corrupto.
EM TEMPO – Constantemente, a Zona Franca de Manaus é alvo de ataques. Vimos,
recentemente, a revogação do incentivo aos concentrados de refrigerantes. Como essa
instabilidade pode ser vencida?
AD – É preciso acabar com essa insegurança. Deve haver uma regulação competente,
segurança jurídica e atrair investimentos para gerar empregos. A região Norte,
principalmente a Amazônia, oferece muito ao país. Por isso esse modelo foi adotado. A Zona
Franca é um modelo vitorioso e deve ser valorizado, prevalecer e permanecer.
EM TEMPO – Como você avalia a sua visita à Região Norte nesse momento?
AD – Acredito que é um momento importante para conhecermos os programas regionais,
saber, por exemplo, que é preciso que a União invista em logística e infraestrutura. O
sistema hidroviário precisa estar inteirado, assim como as estradas. Temos a BR-319, que
liga Manaus a Porto Velho e é uma estrada fundamental, o governo não pode ignorar isso. O
governo precisa de investimento produtivo para o país crescer e se desenvolver. Nesse
sistema federativo injusto, a Região Norte é a mais prejudicada.
EM TEMPO – Caso eleito, que tipos de medidas devem ser adotadas para que a economia
do país volte a crescer?
AD – É preciso investir em empreendimentos fundamentais e simplificar o sistema
tributário para alavancar a economia. Para isso, vamos reduzir impostos e estabelecer
justiça, tributar menos no consumo e mais na renda. A roda da economia vai girar com mais
força, se a carga tributária for reduzida.
EM TEMPO – Qual a sua compreensão sobre a Interação do governo com o restante do
país?
AD – Precisamos de uma reforma no sistema federativo. Isso começa com uma reforma
tributária, mas como elemento essencial uma melhor distribuição dos recursos arrecadados,
e sim um sistema federativo mais justo. É necessário que haja um tratamento igual,
sobretudo, entre as regiões.
EM TEMPO – Em que tipo de propostas sua campanha vai se basear?
AD – Principalmente na refundação da República, que não é apenas uma frase, um slogan
de campanha. Trata-se de uma aspiração nacional. É a mudança do sistema político e de
governantes. Isso passa por um conjunto de reformas essenciais para alavancar o
crescimento econômico do Brasil.
EM TEMPO – O que o Amazonas pode esperar da sua candidatura?
AD – Um governo moderno, que enxugue o Estado e o torne capaz de oferecer respostas
eficientes às demandas. Uma dessas demandas é a tecnologia, onde devemos investir.
Manaus é um centro tecnológico; se investirmos em tecnologia, estaremos beneficiando indiretamente a capital e o Amazonas. Precisamos investir em tecnologia, assim como países como a Coreia do Sul investiram. Os países que mais se desenvolveram foi devido a esse tipo de investimento.