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EUA dominando o jambu

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25/06/2018

Notícia publicada pelo jornal Acrítica

O jambu e suas propriedades são objeto de pesquisas desenvolvidas nos Estados Unidos e na Europa. O Brasil, no entanto, perde com a pouca exploração de sua biodiversidade ao mesmo tempo que concede patentes para estrangeiros. Pesquisadores da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) foram impedidos de lançar na indústria uma pomada de uso odontológico feita a partir da substância espilantol, que possui propriedades anestésicas, por conta de patente registrada nos Estados Unidos.

A professora Geciane Porto, da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto (FEA-RP) da USP, comentou à agência de rádio da universidade as condições para as concessões dessas patentes. Os EUA,ondeaplantanãoexiste,possuem 15 patentes registradas. Na Europa são 34. "Para a biodiversidade brasileira ser estudada, é necessária uma autorização. Existe um processo formal, que vale tanto para pesquisadores nacionais quanto para estrangeiros." Segundo ela, é necessária a apresentação de um projeto de pesquisa com a substância química a ser estudada. Para a realização da patente, é preciso uma "atividade inventiva", na qual o pesquisador faz uma descoberta relacionada à alguma substância da planta e pode pedir autorização para patenteá-la.

"Nós perdemos uma grande oportunidade de fazer pesquisas sobre o jambu" acrescentou a professora. Geciane comentou que o Brasil começou tardiamente a desenvolver pesquisas sobre a planta, apesar do senso comum dos nativos do Norte do País sobre as propriedades da planta. Para a professora, a legislação é suficiente para proteger os recursos naturais do País. O problema está na falta de investimentos em pesquisa.

A planta

O jambu (Acmellaoleracea ­Asteraceae) é uma planta medicinal originária da Amazônia, com propriedades anestésicas, usado na culinária substituindo o agrião. Pertencente à família Asteraceae e recebe vários nomes populares,dentre os mais comuns: agrião-do-Brasil (Bahia), agrião-do-Pará ou jambu (Rio de Janeiro), entre outros.

NÚMEROS DO INPE

De acordo com o Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), órgão responsável pelo cadastramento de produtos e pela concessão de patentes para todos os tipos de produtos no Brasil, existem 433 pedidos e concessões de patentes relacionados ao jambu solicitadas não apenas pela autarquia, mas também por outras instituições de patentes pelo mundo requeridos por centros de pesquisas, empresas e organizações.

O Japão possui 137 solicitações e patentes concedidas referentes a planta, equivale a 32,16%.

Logo após os EUA apresenta 102 pedidos e patentes (23.94%), França com 55 (12,91%), Espanha 36 (8,45%) e China 26 (6,10%).

O Brasil registra 15 patentes e pedidos que estão sendo analisados relacionados ao jambu, um percentual de 3,52%, atrás da Alemanha com 10 pedidos e patentes (2,35%) e Grã-Bretanha com sete (1,64%).

PESQUISA NA UNICAMP

No ano passado, pesquisadores do Centro Pluridisciplinar de Pesquisas Químicas, Biológicas e Agrícolas (CPQBA) e da Faculdade de Odontologia de Piracicaba (FOP) da Unicamp desenvolveram um processo que permite a obtenção de extrato de jambu mais puro, com a presença de espilantol ­ principal responsável pelo efeito anestésico ­ e livre de clorofila.

Também chamado de Agrião, Agrião-Pará ou Agriãozinho, o extrato da planta é utilizado não apenas como ingrediente culinário ­especialmente na região Norte -, mas também como anestésico e antibiótico em tratamentos, via oral, para dor de dente e de garganta, por exemplo. Outra utilização possível é na fabricação de cosméticos e produtos anti-idade.

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