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Mais de 80% dos alimentos consumidos no Amazonas vêm de outros Estados

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05/06/2018

Notícia publicada pelo Jornal A Crítica

A greve dos caminhoneiros, que provocou o desabastecimento em todo o País, acentuou a dependência do Amazonas de produtos importados de outras regiões. Mais de 80% dos alimentos consumidos no Amazonas vêm de outros estados. A informação é do presidente do Sindicato dos Feirantes do Estado do Amazonas (Sindifeiras-AM), David Lima, que frisou a dependência da produção agrícola oriunda de países como Argentina, China, Inglaterra, Peru e Venezuela.

Alimentos e produtos comercializados na capital e no interior do Estado são transportados por avião como frutas e alguns legumes, balsas e barcos e caminhões que foram afetados com a paralisação nacional dos caminhoneiros ocasionando em alguns alimentos o impacto de preço e estoque.

Para o presidente do Sindifeiras-AM, David Lima, o Estado não apresenta um produto que seja auto sustentável, fator que contribui para que consumidores e comerciantes da capital e de municípios do interior comprem os alimentos importados que são comercializados na Feira Manaus Moderna, principal centro de abastecimento da cidade.

“Mandamos alimentos para cidades como Tefé, Coari, Parintins até mais do que se produz lá. Vamos buscar cheiro verde no Ceará, Macaxeira em Boa Vista e Coco na Bahia, a Banana em Roraima e Rondônia. Temos limão regional, no entanto não supre 1% da demanda. Vem também de outros países como Venezuela, a cebola da Argentina e da Inglaterra, o alho da China e a batata do Peru”, afirmou Lima.

O feirante afirmou que de 10 a 15 empresários atacadistas, a maioria da Feira da Manaus Moderna, importam os produtos de outras localidades e distribuem a produção abastecendo feiras, supermercados, mercadinhos, redes de atacado e interiores do Estado.

De acordo com o diretor-presidente do Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Amazonas (Idam), Luiz Carlos do Herval Filho, a dificuldade de se produzir determinados legumes e verduras, por exemplo, tomate deve-se ao solo da região ser inapropriado para o cultivo e investimentos em tecnologia e irrigação que tornam os custos elevados. “O tomate, a cebola e a batata que usamos no nosso dia a dia praticamente vêm de outros estados, principalmente, Brasília, Goiás e São Paulo”, disse.

DependênciaPara o supervisor técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Inaldo Seixas, essa dependência de determinados produtos não é restrita do Amazonas. O economista cita os municípios de Manaquiri e do Baixo Amazonas que compõem a bacia leiteira com a pecuária de corte e não atendem a demanda local.

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“Temos diferentes situações de dependência. Nós não temos competência e nem vantagens competitivas de produzir tudo. Temos abundância de peixe aqui, mas também importamos de Roraima. O nosso ambiente de negócio aqui está muito mais voltado para o Polo Industrial de Manaus com investimentos voltados para esse setor, logo é mais desenvolvido”, disse.

Na avaliação do economista, os estados do Sudeste e Centro-Oeste despontam por conta da extensão de terra para cultivo. Para ele, com exceção da várzea, as terras do Estado demandam expressivos investimentos para torná-las produtivas sendo desvantajoso e preferível a importação.

“O Amazonas produz banana, tomate, leite, mas ele não atende toda demanda da capital e do interior e para completar são importados. Por exemplo, a banana que vem do Baixo Madeira, de Roraima. O tomate antes vinha de Iranduba, mas foi diminuindo pelo avanço imobiliário”, destacou Seixas.

Produção de ovosA criação de ave de postura, destinada a produção de ovos, é considerada rentável no Estado e está concentrada nos municípios da Região Metropolitana de Manaus (RMM), segundo informações do Idam. O Estado possui um plantel de 2,5 milhões de aves e produz 2 milhões de ovos/dia.

Embora o Amazonas seja o quinto produtor nacional de ovos, não produzimos os insumos necessários para manter a produção. As granjas compram milho e farelo de soja de outros estados, principalmente, do Mato Grosso e os carregamentos chegam a Manaus por meio de comboios.

Análise – Luiz Carlos do Herval Filho – Diretor presidente do Instituto de Desenvolvimento Agropecuário Flor. Sustentável do Estado

“Vários municípios que integram a Região Metropolitana de Manaus e o interior apresentam uma produção significativa. Os principais produtos são as hortaliças, por exemplo, alface, repolho, coentro, cebolinha, pimentão oriundo do entorno de Manaus. Destaca-se a produção interna significativa de frutos como banana pacovã, mamão, maracujá e laranja. Há produção no Rio Madeira, nos municípios Manicoré e Novo Aripuanã (banana pacovã). A produção forte de farinha de mandioca se concentra ao redor de Tefé, Alvarães e Uarini. A produção de ovos em Manaus é significativa apesar de sermos totalmente dependentes da ração que vem de fora.Os caminhos para diminuir essa dependência inicia com a união de agricultores em grupos, associações e cooperativas visto que trabalhar de forma conjunta fortalece a categoria e permite aumentar a produção. Em segundo lugar, políticas públicas para mecanizar essas áreas de cultivo considerando que uma máquina no campo aumenta o rendimento em cerca de cinco e seis meses e também o desempenho da mão de obra.No Amazonas é preciso fortalecer a questão fundiária para que os produtores possam ter financiamentos mais vultosos para alavancar a agricultura e potencial agrícola do Estado”.

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