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Industrializado perde participação na balança

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22/05/2018

Notícia publicada pelo site Diário, Comércio, Indústria e Serviços

De 2008 a 2018, a participação das mercadorias industrializadas no total das exportações brasileiras caiu de 54,25% para 39,17%, enquanto a de produtos primários avançou de 31,32% a 47,33%.

O grupo dos semimanufaturados, por sua vez, reduziu pouco a sua presença no total das vendas, que foi de 14,43% para 13,50% em igual período. Esses itens são os que passam por um processo muito inicial de industrialização, como o açúcar em bruto e a celulose. Os dados são do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (Mdic) e se referem ao primeiro quadrimestre de cada ano.

Outras informações reforçam que o saldo comercial de manufaturados saiu de um déficit de US$ 9,5 bilhões no primeiro quadrimestre de 2008, para um resultado negativo de US$ 17,6 bilhões até abril deste ano, o que representou uma deterioração de 85% dessa balança. Já o saldo das vendas externas dos produtos primários saltou de um superávit de US$ 7,3 bilhões para um desempenho positivo de US$ 28,5 bilhões, o que significa que, em 10 anos, a balança de básicos cresceu 290%. Por fim, o saldo positivo de semimanufaturados avançou 44%, ao passar de US$ 5,2 bilhões em 2008, para US$ 7,5 bilhões neste ano.

O coordenador do curso de economia da FAAP, Paulo Dutra, avalia que a crise financeira internacional de 2008 e a expansão econômica da China provocaram um ponto de inflexão na nossa balança comercial. “A crise internacional fez os países se fecharem para o comércio externo. Cada um quis proteger o seu produtor ou reeleger o seu sucessor, o que acabou prejudicando muito as nossas exportações de manufaturados, principalmente para Estados Unidos, para onde vendíamos uma quantidade muito grande”, comenta Dutra.

“Nós ainda continuamos exportando industrializados para os EUA, mas em menor quantidade do que no passado”, acrescenta. Entre o primeiro quadrimestre de 2008 e de 2010, por exemplo, as exportações de manufaturados caíram 17%. Por outro lado, as vendas de primários avançaram 40%. Segundo Dutra, isso se explica pelo fato dos países desenvolvidos – os mais afetados pela crise global – não serem fortes produtores de insumos básicos para produção. “Para fabricarem industrializados, esses países precisam importar matéria-prima”, afirma.

Década de crescimento

A alta das vendas externas de primários foi também impulsionada pela forte expansão, na década passada, dos preços e da demanda por commodities agrícolas e minerais, puxadas, principalmente, pelo crescimento econômico da China. O professor de economia da ESPM, Orlando Assunção Fernandes, diz que esse cenário favoreceu o fortalecimento do real frente ao dólar. “A cotação do dólar chegou a bater R$ 1,50 em 2010”, lembra Fernandes. “O processo de apreciação cambial acabou se tornando um problema estrutural. Substituímos produtos locais por importados, provocando desindustrialização”, complementa.

Contudo, o professor da ESPM afirma que, atualmente, não há câmbio que compense a baixa produtividade da mão de obra do País. “A redução das exportações de industrializados também se explica pelo nosso estágio de desenvolvimento”, ressalta. “A qualificação profissional, alta tecnologia, nível de escolaridade não se mudam do dia para a noite. A escolaridade média de um brasileiro em 1990 era de 4 anos. Hoje está em torno de 9,5 anos. Ou seja, em 25 anos, saímos do ensino fundamental um, para o ensino fundamental dois”, diz Fernandes.

Paulo Dutra, da FAAP, também acredita que será muito difícil elevar as vendas externas de manufaturados nos próximos anos, mesmo com o dólar em alta neste momento. “ Cerca de 40% da população não tem o segundo grau completo. O Brasil não faz investimento em produtividade do trabalho. Isso sem falar nos gargalos de infraestrutura”, critica Dutra. Ele afirma que o País está perdendo espaço para a China até na exportação de manufaturados para os nossos parceiros da América do Sul. O país asiático vende aos nossos parceiros, por exemplo, eletrônicos e automóveis.

Diante do cenário de guerra comercial entre EUA e China, as exportações de commodities do Brasil tendem a aumentar, especialmente para a China, no curto prazo. No entanto, Dutra alerta que a Embrapa já ajuda o país asiático a melhorar o seu processo produtivo de soja, pois a avaliação é de que o Brasil não conseguirá suprir toda a demanda chinesa do grão, após o país asiático reduzir suas compras dos EUA. Para Dutra, esse processo pode, no longo prazo, diminuir os preços das commodities e impactar, negativamente, as vendas do Brasil.

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