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‘Precisamos de ambiente industrial seguro no País’, diz presidente da Eletros

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07/05/2018

Entrevista divulgada pelo portal Acritica

Após longa trajetória na Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) e com a experiência de ter sido titular da Secretaria Estadual de Planejamento e Desenvolvimento (Seplan), o amazonense José Jorge Júnior tem um novo desafio em sua carreira profissional, agora na iniciativa privada. De mudança para São Paulo, ele assume a presidência da Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros), maior entidade do setor no País.

A entidade representa os interesses dos segmentos de eletroeletrônicos e eletrodomésticos junto às entidades e órgãos públicos e privados do Brasil e do exterior. A associação foi criado em 1994 por fabricantes de produtos eletroeletrônicos do polo industrial da Zona Franca de Manaus (ZFM) e de todo o País para atuar na defesa dos interesses do setor.

A escolha de José Jorge Júnior foi feita pelos membros do conselho de administração da Eletros, formado por representantes das empresas associadas, depois de passar por entrevistas e análise do histórico profissional.

O senhor assume a entidade no momento em que o País está saindo de uma crise econômica e os indicadores apontam crescimento no consumo e nas exportações do setor eletroeletrônico. O senhor já tem um plano de gestão para entidade?

No dia 2 de maio, me apresento e ao longo de 15 dias será feito um processo de transição. O atual presidente Lourival Kiçula vai me passar às ações desenvolvidas, os processos em andamento, a rotina da entidade para que eu possa receber a instituição e começar a trabalhar. De fato e de direito assumo a presidência no dia 1º de junho.

Qual será o desafio primordial à frente da Eletros e qual irá demandar atenção especial?

Intensificar o relacionamento com os governos e parceiros privados. Estabelecer parcerias com todos os atores dos segmentos público e privado, realizar ações visando o fortalecimento do segmento de eletroeletrônicos e eletrodomésticos.

Durante 11 anos, a entidade foi dirigida pelo ainda presidente e empresário Lourival Kiçula. Qual marca o senhor pretende imprimir na sua gestão?

A Eletros é uma entidade de classe consolidada no País e acredito que poderemos realizar e dar continuidade às ações que o Lourival Kiçula desempenhou até hoje. Ele foi muito importante porque colocou a entidade na pauta nacional. Uma das ações será tornar a entidade mais conhecida no Amazonas, aliado a isso ter uma aproximação maior com os governos Estaduais e Federal e com as demais entidades de classe.

Qual será a relação com as demais entidades da indústria?

Existem assuntos que são de interesse da indústria nacional como um todo e não especificamente do setor de eletroeletrônicos. Iremos dialogar com a Abraciclo (Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicleta), Abinee (Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica), sentar com a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) para tratar de assuntos de interesse comum. A ideia é agregar forças para que possamos fazer com que as políticas para indústria nacional apresentem sinergia.

As ameaças à Zona Franca por iniciativa do próprio governo federal são frequentes. Como o senhor pretende atuar em relação a isso?

O principal será fazer com o que o governo nos garanta a segurança jurídica adequada para que os investimentos continuem sendo realizados na região através de diálogo, esclarecimentos e apresentar que os incentivos fiscais são importantes. Existe uma renúncia fiscal e também uma contrapartida de geração de emprego, investimentos na região e atração de tecnologia. É uma relação de ganha-ganha. É um brasileiro do Amazonas que conhece as realidades da Zona Franca e que vai ter a oportunidade de mostrar e defender que precisamos ter equilíbrio com uma política industrial que atenda a todas as regiões do País e não determinados centros.

A Zona Franca de Manaus tem adversários dentro da Eletros que se opõem aos incentivos do modelo. Com o senhor pretende lidar com isso?

Dentro da Eletros não há muitos conflitos nesse sentido. Temos 12 indústrias instaladas na Zona Franca de Manaus que são associadas à Eletros e outras que não estão instaladas no Polo e não são concorrentes. Por exemplo, as empresas Black & Decker, Mallory e outras em que os seus produtos não concorrem com os fabricados aqui e elas não se incomodam com a existência a Zona Franca de Manaus.

O setor de eletroeletrônicos é o mais importante da Zona Franca de Manaus e continua em dificuldades. Há alguma expectativa de melhora?

Hoje o segmento é considerado o mais importante do Polo Industrial de Manaus. Representa 30% do faturamento e da geração de emprego. Logo em seguida vem o setor de duas rodas e o químico. A Eletros como entidade de classe vai procurar apresentar aos governos federal e estaduais alternativas para fomento dos nossos negócios. E quando se fala em fomento não é pensando exclusivamente no aumento dos ganhos empresariais. Vale lembrar que uma empresa ou segmento forte tem os lucros das suas empresas otimizados, mas também gera empregos e paga impostos.

O desempenho do setor será melhor?

Acreditamos que estamos no momento de recuperação do crescimento econômico do País como um todo e os indicadores nacionais apresentam melhoras significativas. Acreditamos que o setor de eletroeletrônicos vai seguir esse mesmo caminho.

Eventos programados como a Copa do Mundo e o desligamento do sinal analógico já neste mês tendem a impulsionar o segmento?

Principalmente, na melhoria da venda de televisores com a substituição pelo sinal digital e a própria Copa do Mundo. Outro aliado é as eleições gerais que aquecem o mercado por conta de inúmeros fatores, entre eles, pessoas que estavam desempregados e vão trabalhar temporariamente nas campanhas, e assim aquecer a economia.

O setor já tem alguma estratégia para estimular o consumo?

Os negócios das empresas associadas à Eletros tiveram um grande prejuízo por conta da crise econômica porque a primeira coisa quando se está numa crise ou se perde o emprego é deixar de adquirir um bem de consumo. Com a retomada do crescimento da economia e o fim da crise, é natural que haja a melhoria das vendas dos produtos com o retorno do horizonte equilibrado de aquisição de mudanças. Com a melhora da economia, o segmento tende a melhorar.

Quais as principais preocupações do setor para este ano?

Segurança jurídica para que os incentivos fiscais sejam garantidos. No caso da Zona Franca de Manaus garantir as vantagens competitivas. Políticas industriais em um ano eleitoral que visem o fomento e o incentivo ao crescimento da indústria. Precisamos de um ambiente industrial seguro que dê garantias aos investidores de que o Brasil é sim um porto seguro e um local bom para se investir. Tendo esse cenário favorável, os investimentos serão realizados.

Como o senhor irá aplicar a experiência adquirida na Suframa e na Secretaria de Planejamento em uma entidade de alcance nacional?

Vejo como uma grande oportunidade e a continuidade da minha carreira profissional. Fui tecnicamente forjado, talhado dentro da Suframa. Tive a possibilidade, no Executivo estadual, de desenvolver um trabalho na área de incentivos fiscais e desenvolvimento. Este é o momento em que vou poder utilizar toda a minha experiência de serviço público com uma visão empresarial, fomentando o segmento industrial. Sobretudo, está sendo depositada uma responsabilidade muito grande sobre mim, mas tenho certeza que, com o conhecimento técnico que tenho, e o bom relacionamento com os demais atores do segmento, será possível enfrentar todos os desafios.

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