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‘Nenhum país do mundo consegue fechar suas fronteiras para entrada zero’

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24/04/2018

Entrevista com general César Nardi publicada pelo Jornal Em Tempo

Coincidindo com a celebração do Dia do Exército na última quarta-feira (19), o EM TEMPO, entrevistou o General de Exército César Augusto Nardi, que assumiu o Comando Militar da Amazônia (CMA) em março deste ano. Nascido em São Paulo, Nardi já morou em Manaus e, inclusive, foi aluno da primeira turma do Colégio Militar, no ano de 1970.

Na entrevista, o general, que lidera os 21 mil soldados que integram o CMA, falou sobre o trabalho do Exército nas fronteiras, no combate ao tráfico ao tráfico de drogas e sobre a atuação nas eleições deste ano.

EM TEMPO - Este é um ano eleitoral. Como se dará o processo de atuação do CMA na segurança das eleições?

General do Exército Nardi - Em todo processo eleitoral, o exército presta apoio à Justiça Eleitoral. Funciona de seguinte forma: a Justiça Eleitoral verifica quais municípios cujos juízes eleitorais de cada região preveem problemas ou necessidades de segurança e se organiza para isso.

Um pedido é feito ao tribunal Superior Eleitoral (TSE), que valida esse pedido e encaminha ao Ministério da Defesa.

Como já atuamos nisso há vários anos, temos um histórico e depois avaliar a demanda que ocorrerá a cada ano. Isso entra, inclusive, na previsão de recursos necessários solicitados ao TSE.

EM TEMPO - A partir de que momento o CMA começa a se preparar para atuar nas eleições?

General do Exército Nardi - Hoje estamos fazendo apenas uma previsão, já que a demanda só é efetivada via Ministério de Defesa. Esse planejamento será detalhado ao longo do ano e vai ganhar mais definição à medida que chegaram solicitações do TSE.

EM TEMPO - O combate ao tráfico de drogas será prioridade em sua gestão?

General do Exército Nardi - Qualquer gestão segue diretrizes. Os comandantes dão continuidade, cada um com seu toque pessoal na maneira de gerir, mas as atividades em si são permanentes. Às vezes, as atividades precisam ser adaptadas, porque mudam-se as circunstâncias, mas a atividade em si é permanente. A atividade na fronteira, mais do que nunca, é permanente.

EM TEMPO - Existe um aumento no número de crimes praticados por piratas nos rios. É responsabilidade do Comando atuar nesses casos?

GEN - Não, normalmente os casos ocorrem fora da faixa de fronteira e, mesmo dentro dessa faixa, a autorização para atuação do exército é contra crimes transacionais e ambientais. A pirataria, apesar de ser um assunto muito sério, está ocorrendo fora da faixa de fronteira, onde não temos respaldo legal para atuação nesse combate.

EM TEMPO - A dificuldade geográfica ainda é um empecilho para o combate ao tráfico de drogas no Estado?

GEN - Sim, a dimensão das nossas fronteiras e a dificuldade de acesso também não deixam de ser. Por outro lado, em outras fronteiras, a facilidade geográfica é o maior empecilho. São fronteiras simples onde a pessoa passa de um para o outro andando. No nosso caso, as dimensões são o maior problema. O meio aéreo pode ser utilizado, as próprias embarcações também. A dificuldade geográfica é um fator que dificulta esse combate.

EM TEMPO - Recentemente foram apreendidas armas das Farc, em Manaus. O que pode ser feito para que o controle nas fronteiras seja mais eficaz?

GEN - O patrulhamento, por mais gente que você coloque, nunca terá entrada zero. Não podemos parar de incrementar esse controle de acesso às fronteiras. Mas uma coisa posso dizer: Se não estivéssemos fazendo o trabalho, que estamos fazendo, teríamos um incremento muito maior de drogas e armas na região.

EM TEMPO - O senhor acha que falta investimento do Governo Federal nessa região?

GEN - Estamos passando por uma fase de ajustes fiscais na qual cada setor está dando sua contribuição. Procuramos, com o recurso que temos, fazer o melhor possível. Temos certeza de que a atuação nas fronteiras hoje está muito melhor que há quinze, vinte anos atrás. Existem novos meios e formas de atuar.

EM TEMPO - Qual a importância do Exército na Amazônia?

GEN - Ele tem uma participação muito grande desde a fase de colonização inicial da área, como na fase de desenvolvimento. Desenvolvemos trabalhos de engenharia, hoje temos trabalhos junto às fronteiras com apoio às populações, onde a maioria da população atendida nos hospitais não é militar. Em alguns lugares, somos a única presença, como em algumas comunidades indígenas. A ligação com a Amazônia é muito especial. O dia do exército aqui tem um significado especial.


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