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A política e sua ineciência

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23/04/2018

Gina Moraes de Almeida

Há cinco meses, relatamos, neste espaço, a calamidade dos buracos encontrados nas vias de acesso ao Polo Industrial de Manaus. São décadas de descaso, a traduzirem o desmazelo do Poder Público quanto ao recolhimento dos tributos, que possibilita a gastança perdulária. O que fazer? Buscar a Justiça, como já foi feito, não adiantou, visto que a decisão permanece nas gavetas da burocracia e da indiferença.

Os entes públicos sublimam a responsabilidade com o assunto e deixam passar a oportunidade de trabalhar em conjunto, para dar ao Distrito Industrial a importância devida. A União leva quase sessenta por cento da riqueza aqui produzida, enquanto o Estado recolhe três Fundos de quase R$ 1,5 bilhão ao ano e a prefeitura mais da metade de suas receitas. O que deveria ser o cartão de visita para atração de novos investidores, transformou-se num pesadelo. É insano continuar a não fazer nada.

Há dois anos, o Município realizou uma operação tapa-buraco em algumas poucas vias do Distrito Industrial, que, na realidade, se traduz em dinheiro público jogado pelo ralo, já que na temporada de chuvas seguinte, os buracos lá estarão, e se transformarão perenes. As ruas estão sem manutenção, o que torna o tráfego impraticável, a ponto de alguns taxistas se recusarem a transportar passageiros.

Os buracos já causaram acidentes com morte, a par da falta de iluminação em algumas áreas, consequência natural do abandono. O Distrito Industrial gera emprego e renda, mas parece que, por aqui, sofremos de cegueira crônica.

A Justiça Federal do Amazonas, por iniciativa da Superintendência da Zona Franca de Manaus, reconheceu o Poder Municipal com competência e responsabilidade para gerir, fiscalizar e manter o Distrito Industrial I e II. Com a decisão e o compromisso assumido pelo município para recuperar as vias, até o momento não se tem notícia de que a licitação tenha sido disponibilizada e, apesar de os jornais locais terem trazido a informação de que, após as folias de Momo, a licitação seria realizada, isso não ocorreu. Talvez devamos esperar as festas juninas!

Os buracos, como vemos, têm uma extensão assustadora e, além de geológicos, são sintomas patológicos de uma doença chamada omissão de responsabilidades, geradora do desânimo e da revolta dos cidadãos e das empresas.

Após o lapso temporal de anos sem solução, há a necessidade de uma reação mais contundente da sociedade organizada, para que os entes públicos assumam a responsabilidade de sua competência, com a mesma força da cobrança dos deveres dos cidadãos.

Acresça-se a isso, o descaso que acomete não somente as empresas aqui instaladas, mas toda a população de Manaus, relativo à questão da água e da falta de saneamento básico, temas também já debatidos anteriormente, mas cotidianos sempre. Um estudo recente do Instituto Trata Brasil, divulgado pelo site G1, fez um ‘ranking’ das cem maiores cidades do País, baseado nos diversos indicadores de saneamento básico, como acesso ao abastecimento de água e esgoto, o percentual do esgoto tratado e investimentos e arrecadação no Setor e, pasmem, Manaus aparece na vexatória 96ª posição.

Sem saneamento, a população adoece, as crianças morrem de diarreia e infecções, com flagrante impunidade para essa brutalidade inaceitável. A empresa que deveria fazer essa tarefa, a quarta ou quinta no rodízio da imoralidade, foi vendida recentemente em mais um negócio milionário.

O debate político que temos buscado travar, deve, portanto, mobilizar a opinião pública sobre o sentido maior dessas questões, suas origens, danos, consequências e necessidade de explicitação e transparência a respeito. Ou nos mobilizamos para mudar as crateras morais que aqui se instalaram, ou, todos nós seremos tragados por seu poder de destruição.


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