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Crise econômica na Venezuela afeta as exportações da Zona Franca de Manaus

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23/03/2018

Notícia publicada pelo jornal Acritica

A crise econômica na Venezuela está afetando o comércio exterior do Amazonas. Em 2015, o País vizinho era o principal destino dos produtos da Zona Franca de Manaus, responsável por 25,52%, e no levantamento do primeiro bimestre deste ano, divulgado pelo Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), a Venezuela ocupa a décimo segunda posição dentre os países compradores registrando apenas 2,11% de participação nas exportações.

De acordo com o gerente do Centro Internacional de Negócios do Amazonas (CIN-AM), departamento vinculado à Federação da Indústria do Estado (Fieam), Marcelo Lima, o maior volume de exportação para Venezuela era o extrato de concentrados de refrigerantes distribuído pela empresa Recofarma.

“As exportações para a Venezuela estão estáveis. O primeiro bimestre apresentou variação de 39,41% saindo de US$1,925 milhões em 2017 para US$2,683 milhões. Com o agravamento da crise no país, a Recoforma redirecionou suas vendas para Colômbia que hoje ocupa o segundo lugar no ranking dos países exportadores. Esse acréscimo é em virtude da exportação dos concentrados, embora empresas da Colômbia sejam compradoras de componentes para duas rodas, lâminas de barbear, canetas e aparelhos elétricos”, explicou Lima.

O polo de concentrados da Zona Franca de Manaus é responsável por mais de 30% das exportações, com faturamento anual de R$ 548,8 milhões e geração de 14 mil empregos diretos, chegando a 70 mil toda a mão de obra envolvida na cadeia produtiva. O polo está ameaçado por conta da mudança no enquadramento da Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM), regras para fabricação de bebidas no PIM.

Segundo Lima, o empresário brasileiro está receoso de exportar para Venezuela e alguns alegam que o país não dispõe de credibilidade para negócios internacionais. “Eles estão com um pé atrás. A orientação que damos é para o empresário não ficar no prejuízo e realizar o processo por meio de uma carta de crédito ou pagamento antecipado. Temos conhecimentos de empresas que exportaram para o país, sem a devida orientação, e não receberam o pagamento”, disse.

Na avaliação do gerente é preciso recuperar essa parceria econômica para não deixar de atender o mercado consumidor do país. Ele destaca a necessidade de uma política de comércio que apresente garantias de negociações para o importador e a empresa exportadora da Zona Franca por conta da moeda do país vizinho.

Os dois países para onde mais vendemos os produtos da Zona Franca de Manaus são Argentina e Colômbia, correspondendo a 45% das exportações, um total de US$ 56,8 milhões contra US$48,9 mi em relação ao mesmo período do ano passado. Outras empresas da Polônia, Bolívia, México e Paraguai também foram destino das exportações.

Balanço

As exportações do Amazonas fecharam o primeiro bimestre do ano em alta ao registrar US$ 127,1 milhões, uma variação de 43,52% em relação ao mesmo período em 2017 quando comercializou US$88,5 milhões. Entre os períodos, o Estado exportou 38,5 milhões a mais. Comparando os números de fevereiro deste ano (US$57,1 milhões) com o mesmo mês em 2017 (US$47,3 mi) o crescimento foi de 20,81%. Já em relação a janeiro ((US$69,9) houve retração de 18,33%.

"Esse crescimento é um indício de que está havendo reaquecimento da economia. As empresas já iniciaram a produção de televisores para atender a demanda da Copa do Mundo. O processo demanda insumos, por isso o aumento no índice da importação e esse aquecimento deve refletir também nos números das exportações, quando os produtos começarem a ser escoados", analisou Lima.

Produtos exportados

Segundo a balança comercial amazonense, o produto mais exportado pela indústria local foi o extrato para elaboração de bebida concentrada. No primeiro bimestre, o produto teve uma leve alta de 0,80% ao comercializar US$ 30,8 milhões, cifra um pouco maior que os US$ 30,5 milhões em igual período do ano passado.

O segundo colocado são as motocicletas com US$ 26,4 milhões, alta de 68% na comparação com o mesmo bimestre do ano anterior, quando exportou apenas US$ 15,7 milhões. Em terceiro aparece os aparelhos de barbear com variação de 188,67% no período, ao contabilizar US$ 11,9 milhões e as lâminas resultando em US$ 6,68 milhões exportados do setor industrial de Manaus.

Queda nas exportações

“Infelizmente, a Venezuela que antes chegou a representar 1/4 de nossas exportações despencou drasticamente com a crise instalada no país. Essa crise não é de hoje, logo, as empresas já deveriam ter se preparado e buscado novos mercados. Por outro lado, falta ao governo brasileiro política, plano e ações para ajudar essas empresas a encontrar novos mercados, reforma na legislação aduaneira e destravamento burocrático para melhorar o comércio internacional brasileiro", ressaltou o economista Wallace Meirelles.

Segundo ele, o Amazonas ainda depende "extremamente" da Zona Franca de Manaus. "Temos um importante complexo industrial (Polo Industrial de Manus) encravado no meio da floresta amazônica a cerca de 2 a 3 mil quilômetros de distância dos grandes centros consumidores do Brasil e de países fronteiriços. Além disso, temos uma das piores formação bruta de capital fixo e logística do Brasil, o que ajuda a limitar o crescimento. Quanto ao comércio internacional, cerca de 97% são importações de insumos, componentes eletrônicos e estruturalmente exportamos pouco para outros países”.

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