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Destinação do lixo industrial cabe ao PIM

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29/01/2018

Notícia divulgada pelo jornal do Commercio

A falta de políticas públicas para a gestão de resíduos descartados por empresas do PIM (Polo Industrial de Manaus) é um dos fatores que contribuem para um déficit na qualidade de vida no Estado. O Polo Industrial é responsável pela produção de 5 mil toneladas de resíduos por dia, segundo dados da JICA (Agência de Cooperação Internacional do Japão), entidade ligada a Suframa (Superintendência da Zona Franca de Manaus), que até outubro passado era responsável por esse mapeamento.

Desde então, a realização desse relatório passou ao Ipaam (Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas), que segundo o presidente do instituto e secretário do Meio Ambiente (Sema), Marcelo Dutra, ainda não conseguiu realizar o levantamento. “Encontramos um governo sem nenhuma política pública de gestão desses resíduos, inclusive no interior do Estado. A partir de agora, estaremos elaborando um Plano Estadual de Gestão de Resíduos Sólidos”, afirmou.

O secretário informa que, no primeiro semestre de 2018, o Instituto irá implantar o sistema de monitoramento dos resíduos sólidos do PIM. “Após 50 anos de PIM, a questão ‘meio ambiente’ ainda é um desafio. Estudos indicam a necessidade de avanço quanto ao assunto”, disse. Para o secretário, passar o monitoramento de resíduos ao Ipaam vai garantir ao Estado um maior controle da destinação dos resíduos.

Problema antigo
A destinação do lixo produzido pelas empresas do PIM é muito antigo, explica o engenheiro com pós-doutorado em resíduos sólidos industriais, Bosco Ladislau. “Para que esse problema seja sanado, ou pelo menos reduzido, as empresas precisam seguir o modelo gerencial de resíduo químico, que está na Lei 12.305 de Política Nacional de Resíduos Sólidos, promulgada em agosto de 2010. Esse modelo incentiva os municípios, com o gerenciamento e a coleta seletiva, apresentarem soluções técnicas como quais os cuidados devem ser tomados com os aterros sanitários, lixo doméstico e industrial”, afirma.

Ladislau salienta ainda, que o lixo produzido pelo PIM apresenta um problema bem maior do que produzido pela população. “Isso porque a cidade não conta com empresas que reciclem, por exemplo, o vidro. Sendo mais fácil encontrar as de papel e plástico”, explica. Outro agravante apresentado pelo engenheiro, é a incineração de resíduos realizada por muitas empresas. “Sou contra essa prática, porque resíduo queimado não tem mais reaproveitamento. Por isso, bato na tecla de que as empresas precisam seguir os termos da coleta seletiva e da reciclagem para um melhor reaproveitamento do seu resto de material após o processo produtivo”, finalizou.

Segundo a Resolução CONAMA n.º 313/2002 (Inventário Nacional de Resíduos), resíduos industriais são de responsabilidade dos geradores, o que vem minimizando a falta de cobertura estatal para a questão do lixo. Dentre as empresas do PIM que buscam um melhor reaproveitamento dos seus resíduos sólidos, estão a Siemens Eletroeletrônica S/A e a Whirlpool Corporation no Brasil.

Para a técnica em segurança do trabalho da Siemens, Josie Cardeliquio, em 2017, a empresa descartou 289.47 toneladas de resíduos a menos que em 2016, que foi de 405.28 toneladas. “Em 2017, geramos 115.81 toneladas a menos que o ano anterior. Essa redução vai ao encontro dos objetivos da empresa, que é melhorar a sua eficiência na gestão de resíduos, ou seja, gerar menos lixo”, disse. A Siemens gera papelão, plástico, ferrosos, lixo orgânico (considerando os restos de alimento), o lixo comum (considerandos não-recicláveis) e resíduos ambulatoriais, contaminados e rebarbas.

Quanto ao destino do lixo industrial, a técnica disse que o papelão, plástico e os ferrosos são destinados as empresas que fazem o trabalho de reciclagem desses itens. “Já o lixo orgânico e o lixo comum, são destinados ao aterro sanitário de Manaus. Os resíduos ambulatoriais, contaminados e rebarbas, são enviados para destinação conforme legislação aplicável”, explica.

Outra empresa a realizar o descarte correto de seus residuos sólidos, é a Whirlpool Corporation no Brasil. Segundo o relatório publicado em 2017, o volume de resíduos gerados em 2014 que foi de 33.298 toneladas, reduzidas em 2015 para 24.115 mil toneladas. Em 2016, a empresa gerou 28.812 toneladas, um aumento no volume. Ainda assim, de acordo com a empresa, desde 2015, a Whirlpool zerou o envio de resíduos industriais e não-industriais para aterro.

“O Brasil foi o primeiro país, entre as operações da Whirlpool no mundo, a alcançar esta meta um ano antes do prazo estipulado. Para isso, contamos com a gestão dos resíduos e planos de melhoria contínua para a manutenção da triagem e o envio de materiais, que são provenientes dos processos produtivos (papel, plástico, vidro, metais, entre outros) para reciclagem, coprocessamento ou incineração”, explica o vice-presidente de sustentabilidade, relações institucionais e comunicação da Whirlpool América Latina, Armando Ennes do Valle Júnior.

Sobre o destino do lixo, o vice-presidente disse que a empresa sempre busca reduzir, reutilizar e reciclar, além de desenvolver novas formas de destinação aos resíduos gerados. “Para a reciclagem, trabalhamos em parceria com fornecedores e cooperativas de reciclagem. Em alguns casos, buscamos e capacitamos o parceiro para que ele passe a reutilizar os materiais provenientes do nosso processo produtivo”, disse Valle Júnior.

Fóruns

Em Manaus, a unidade da Whirlpool participa de maneira intensa dos workshops e fóruns relacionados ao tema, como os promovidos pela Suframa em prol do Plano Diretor de Resíduos Zero no Polo, do qual fazem parte os receptores e os órgãos de fiscalização como IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e Ipaam para encontrar melhores maneiras de tratar, reduzir, reutilizar e reciclar os resíduos do Polo Industrial de Manaus.

“A triagem e separação dos resíduos são importantes para facilitar o trabalho do reciclador. Por exemplo: criamos um local diferenciado para que as pessoas descartem fios encapados, durante o processo de produção, que facilita a triagem do material. Investimos na construção de uma doca de papelão maior e coberta para melhorar a qualidade de vida dos funcionários que trabalham no local, a qualidade do papelão que enviamos para recicladoras e o retorno financeiro com a venda do material. O papelão molhado vale menos e é mais difícil de reciclar”, explica o vice-presidente

A Whirlpool conta hoje com mais de 80 parceiros em todas suas unidades. Na planta de Manaus essa parceria fica com a Riolimpo Indústria e Comércio de Resíduos LTDA, a Norte Sul Indústria e Reciclagem LTDA-EPP, a AGrário Comércio e Serviços de Resíduos reciclagem LTDA-ME e outras. Anualmente a empresa realiza em todas as suas unidades campanhas de conscientização para 100% dos colaboradores com temas relacionados ao descarte correto/coleta seletiva, preservação de água, meio ambiente e recursos naturais, incentivando-os a vivenciar práticas sustentáveis dentro e fora da Empresa, mostrando a importância deste tema em seu dia a dia e para as gerações futuras.

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