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Logística reversa, um grande desafio

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29/01/2018

Notícia divulgada pelo jornal do Commercio

O descarte incorreto de lixo e resíduos sólidos por parte das empresas e do consumidor final, tem sido um dos principais desafios ambientais no Brasil. Em Manaus, há muito o que aprender, afirmam alguns empresários. E com intuito de mudar esse cenário, foi instituída em 2010, a PNRS (Política Nacional de Resíduos Sólidos). Entre os conceitos estabelecidos nesta política, está a responsabilidade das empresas de garantir o retorno dos seus produtos descartados e direcionar um destino adequado para eles.

Parte da lei, a logística reversa surge como ferramenta que utiliza o processo de coleta, triagem, limpeza e reprocessamento dos lixos descartados. Esse sistema permite o reaproveitamento de materiais em um ciclo produtivo e atua como instrumento de responsabilidade socioambiental.

Dono da empresa Descarte Correto, especializada na gestão de resíduos tecnológicos, o empresário, Alessandro Dinelli, explica que a conscientização do consumidor final em assumir a responsabilidade de buscar os locais certos para descartar os produtos, é fundamental para ajudar empresas a ter uma prática mais eficaz da logística reversa. E destacou, que a falta de definição entre o governo e os fabricantes, são um dos principais entraves para uma prática mais produtiva, e conta que, a indefinição entre o governo e o fabricantes de quem vai pagar a conta é prejudicial para a prática do reaproveitamento.

“A principal questão da logística reversa é que, quando o produto foi fabricado, não se pensou que ele precisava voltar e quem iria custear esse valor. Ela traz uma responsabilidade compartilhada de quem fabrica e de quem distribui, de quem vende e quem consome, incluindo o governo. Com certeza o custo que foi feito para fabricar determinado produto não foi apropriado para cobrir o custo da volta desse material”, disse.

Dinelli explica, que a prática da logística reversa, da forma correta e eficaz, é uma grande chance de gerar novas oportunidades de negócios e novos mercados. O empresário conta que Manaus ainda está muito longe dos grandes centros de pesquisa e inovação do processo para materiais reaproveitados.
“O maior desafio é que não existem fábricas que colocam no seu ciclo produtivo a reutilização de matéria prima secundária para ser reinserido no mercado produtivo. Esse desafio pode ser uma oportunidade de surgir outros empreendimentos, como empresas que utilizam a garrafa PET para produzir forros e telhas de plástico”, disse.

O empresário conta, que o Estado do Amazonas tem uma missão muito árdua para fazer com que as empresas do município, apliquem a política de reaproveitamentos dos materiais para não poluir o meio ambiente. Quando elas não são respeitadas, existem custos que o governo tem que quem paga é a população

“Existe o caminho que leva, mas não tem o caminho que volta. O material que sai de Manaus tem a motivação do lucro, mas quando tal produto está obsoleto e sem utilidade, qual o fator motivacional que faz esse produto voltar para Manaus para reciclar? Não existe”, disse.

Polo Industrial de Manaus

Em Manaus por exemplo, existem algumas empresas com a política de reaproveitamento estabelecidas. Setores de baterias e pneus que já estão bastante avança na política de reaproveitamento de materiais. Entre elas as baterias Moura, que recebem baterias usadas para reaproveitar o uso.

No PIM (Polo Industrial de Manaus), a Honda possui políticas de conhecer e aprimorar o ciclo de vida de todos os materiais envolvidos no processo produtivo, onde é desenvolvido novas tecnologias que permitem a redução, reutilização e reciclagem de resíduos, além de cuidar do uso final de cada um.
Em 2016, a empresa desenvolveu um projeto para a reciclagem interna de rejeitos metálicos, utilizando-os novamente na produção de motocicletas. A ação permitiu a eliminação do descarte de 52 toneladas de sucata de aço por ano. Em atendimento da política reversa, os pneus sem utilidades são encaminhados para os pontos de coleta reconhecidos pela Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos – Reciclanip que representa a indústria de pneus e câmaras de ar instalada no Brasil para destinação ambientalmente adequada.

Logística reversa como ferramenta social

Na capital amazonense, algumas companhias adotaram o mecanismo como ferramenta de inclusão social em comunidades carentes. A empresa Descarte Correto, criou em 2012, o programa “Interativo – Transformando pessoas e comunidades”. O sistema tem como finalidade gerar capacitação, empregos e educação ambiental em comunidades carentes.

“O programa consiste em uma rede nacional de espaço comunitários de cursos profissionalizantes e inclusão digital. Além de disponibilizar pontos de coletas de lixo eletrônico no entorno das comunidades que o projeto está inserido. A ênfase é o reaproveitamento de equipamentos de informática”, explicou.
Localizado no bairro Colônia Antônio Aleixo, zona Leste, a Escola Conquista Interativa foi um das instituições beneficiadas pelo projeto. Segundo a coordenadora da escola, Valdelina de Souza Santos, em 6 meses de funcionamento, a comunidade já conta com mais de 60 cursos de capacitação entre cursos de Informática, Web Designer, Designer Gráfico, Criação de Game e TI com ênfase em manutenção de rede. “O programa tem sido muito importante para a comunidade tem ajudado a escola onde trabalhamos a questão ambiental. Procuramos levar para a nossa comunidade a importância de reaproveitamento dos materiais como computadores e materiais reutilizados. Trabalhamos com a lixeira eletrônica onde as pessoas descartam lixos eletrônico. Todos os materiais aqui foram reutilizados, desde as mesa aos computadores”, disse.

Segundo o gestor do programa, Italo Mamud Michiles, o programa é uma grande oportunidade de mostrar para a comunidade o empreendedorismo social e os valores dos cursos são cobrados de acordo com a realidade econômica de cada morador. E toda receita é investida nos cursos para própria comunidade. Para ele, a escola é um grande exemplo de case de sucesso do programa interativo, por não deixar de ser empreendedorismo social. “Lá eles promovem cursos e trabalham questões ambientais, além de cobrar valores acessíveis que são de acordo com a realidade social de cada pessoa.”,
disse Michiles.

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