09/01/2018
Notícia publicada pelo site Valor Econômico
A América Latina deve crescer 2% neste ano, depois de
acelerar 0,9% em 2017, segundo estimativa do Banco Mundial. De acordo
com o relatório "Global Economic Prospects", divulgado nesta terça-feira
pela entidade, o impulso do crescimento deverá aumentar na medida em que
o consumo privado e o investimento crescerem, especialmente nas
economias exportadoras de commodities.
O Brasil também deve crescer 2% neste ano, em comparação com a
estimativa de 1% em 2017. A entidade afirma que a previsão se confirma à
medida em que a melhoria das condições de trabalho e a inflação baixa
favorecerem o aumento do consumo privado. Além disso, a dissipação dos
efeitos residuais da recessão e as condições políticas podem propiciar um
ambiente mais favorável aos investimentos.
A Argentina, afirma o documento, pode crescer 3% graças a um maior
investimento em infraestrutura. O Peru deve ter crescimento de 3,8% neste
ano, a Colômbia de 2,9%, e o Chile de 2,4%.
O México, por sua vez, deverá crescer 2,1% neste ano, em comparação à
estimativa de 1,9% no ano passado. Para 2019, o Banco Mundial prevê que o
México cresça 2,6% graças à recuperação no investimento. Essa alta deve
ocorrer, afirma a entidade, conforme se dissiparem as incertezas em relação
às eleições presidenciais de julho e às renegociações do Acordo de Livre
Comércio da América do Norte (Nafta).
No Caribe, a reconstrução relacionada com os afeitos do furacão deverá
permitir que o crescimento na sub-região atinja 3,5% em 2018.
O Banco Mundial observa ainda em seu relatório anual que os riscos à
perspectiva de crescimento da região continuam consideráveis. "Um
aumento adicional na incerteza política [de eleições legislativas e
presidenciais em países como Brasil, Colômbia e México], impacto adicionais
de desastres naturais, contágio de rupturas no mercado financeiro
internacional ou um aumento no protecionismo comercial dos EUA, e uma
deterioração adicional nas condições fiscais podem pesar na trajetória de
crescimento da região", diz o documento.
Em 2019, o Banco Mundial projeta um crescimento de 2,6% para a região
Emergentes
Os mercados emergentes e economias em desenvolvimento (EMDEs na sigla
em inglês) devem crescer 4,5% neste ano embalados por um ambiente global
favorável para países exportadores de commodities e pelo crescimento
robusto de países importadores desses produtos.
No relatório, o Banco Mundial afirma que os EMDEs podem alcançar
crescimento médio de 4,7% entre 2019 e 2020. Mas na próxima década terão
de lidar com provável redução do crescimento potencial, que seria reflexo do
"efeito tardio do baixo investimento, do abrandamento do crescimento da
produtividade e de tendências demográficas desfavoráveis".
A entidade afirma que a aceleração do crescimento projetada para os EMDEs
reflete a contínua recuperação dos exportadores de commodities, que devem
crescer de 1,8% em 2017 para 2,7% em 2018. O consumo doméstico também
deve crescer, como consequência da estabilidade dos preços e da confiança
dos consumidores e das empresas. O Banco Mundial afirma que o nível de
ociosidade da economia deve diminuir com a contínua recuperação cíclica.
Um crescimento mais rápido em grandes economias como Brasil e Rússia
teria efeitos positivos sobre os países vizinhos
Além disso, um reforço de investimento nas economias mais avançadas e nos
EMDEs pode estimular o comércio global, beneficiando países emergentes
mais dependentes do comércio. "Os desenvolvimentos nas maiores
economias continuam a gerar os principais efeitos sobre outras economias,
mas os EMDEs importantes também vêm desempenhando um papel
crescente nesse sentido", afirma o texto.
O relatório do Banco Mundial alerta, no entanto, para riscos em países
exportadores de commodities que apresentam políticas fiscais cada vez
menos pró-cíclicas que não vêm acompanhadas de uma consolidação fiscal.
Alguns países como Argentina e México, afirma o documento, têm tomado
medidas como reduzir subsídios ao setor de energia e cortar gastos, mas
ainda há obstáculos.
No grupo de emergentes, o Banco Mundial espera uma desaceleração gradual
da China, que deve crescer 6,4% em 2018, depois de avançar 6,8% em 2017.
O relatório cita projeções do Fundo Monetário Internacional (FMI) para
reafirmar que a China continua enfrentado vulnerabilidades associadas ao
alto endividamento corporativo, especialmente em setores com excesso de
capacidade e deterioração da lucratividade.
O texto afirma que os principais riscos para a China advêm do setor
financeiro, de possíveis políticas protecionistas de economias avançadas e de
crescentes tensões geopolíticas. Além disso, afirma o documento, o
envelhecimento populacional deve diminuir a oferta de mão de obra na
próxima década e desacelerar ainda mais o crescimento chinês.