28/12/2017
Notícia publicada pelo site D24AM
Ambientes alagados da Amazônia emitem entre 15 e 20 milhões de toneladas de
metano por ano, o equivalente ao que é liberado por todos os oceanos juntos. A conclusão é de
um estudo de cientistas britânicos e brasileiros, publicado na revista Nature, em dezembro de
2017. A pesquisa arma
que a Amazônia responde por um terço de todas as emissões de metano
em ecossistemas alagados do mundo. As informações foram divulgadas no site Nexo.
Estima-se que a produção por combustíveis fósseis seja de cerca de 167 milhões de toneladas por
ano, no mundo todo. Esses gases não são produzidos pelas árvores vivas, mas os troncos destas
servem de principal canal para sua liberação. A produção segue o ciclo da floresta:
na época seca,
áreas alagadas ficam
com menos água, o que leva ao crescimento de ervas e gramíneas. Quando
as águas sobem novamente, a vegetação submersa morre e se decompõe sem oxigênio, o que
leva à produção de metano. É esse gás, canalizado principalmente pelos caules das árvores, que
os pesquisadores mediram.
Em 2011, pesquisadores sobrevoaram áreas da Amazônia sobre o Amazonas, Pará, Acre e Mato
Grosso, colhendo amostras de ar em frascos de vidro. Essas amostras foram analisadas para
descobrir a concentração de gases estufa, entre eles monóxido de carbono (CO), metano e gás
carbônico, o que serviu de base para estimar a produção anual desses gases.
Entre 2013 e 2014, outra equipe passou a medir o gás metano liberado por meio das árvores.
Unidades de coleta para medição de metano foram posicionadas em 13 pontos de várzeas e
igapós dos rios Negro, Solimões, Amazonas e Tapajós. Câmaras utuantes
foram utilizadas para
medir as emissões de metano pela superfície da água, e câmaras estáticas, ao redor de troncos e
folhas para medir as emissões de 2.300 árvores. As taxas destes locais foram utilizadas como base
para estimar as emissões da oresta
como um todo. Tanto as estimativas das medições próximas
ao solo quanto aquelas baseadas na coleta de ar tiveram resultados similares.
Os pesquisadores armam
que a “Amazônia, ao contribuir com até um terço de toda a emissão de
CH4 (metano) de ecossistemas alagados, é uma fonte de CH4 muito maior do que aquilo
reportado nos atuais inventários, e provavelmente exerce uma inuência
maior na variação da
concentração de CH4 atmosférico do que se pensava anteriormente”.
Em entrevista à Revista Fapesp, a professora da Universidade Paulista (Unip) Luana Basso, uma
das autoras do estudo, arma
que é importante compreender o processo para buscar “prever
como a oresta
se comportará em diferentes cenários de mudanças climáticas”.