28/08/2023 08:33
“E por que denominar esse movimento de gestão da transversalidade do CIEAM? O que tem a ver a Comissão de Assuntos Legislativos com a questão do potássio, ou do FCBio, o Fundo que deverá amparar a diversificação rumo à Economia Verde? Por que encrencar na Comissão de Logística com as tarifas absurdas do modal aéreo e a recusa do poder público em rever as tarifas de combustível na região que podem amenizar a questão.”
Por Alfredo Lopes
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Como podemos descrever as relações que vivenciamos e as instituições em que nos movimentamos ao longo da vida? Pergunta incômoda. Arriscamos a dizer que a palavra de ordem é a procura frenética de novas receitas e formatos de ser e/ou de parecer. É imperativo assegurar o melhor dos enquadramentos de veiculação nas redes sociais. Obedece quem quer?. Antes fosse.
Enquanto alguns estacionam em qualquer modismo, e assim renunciam ao movimento incessante da reinvenção, outros procuram na interlocução e na interatividade novos caminhos de descobertas, conquistas e realizações. Oportuna seria, entretanto, definir previamente a identidade pretendida e o papel de todos e cada um nas relações substantivas do cotidiano impositivo. Doce ilusão ou antecipação de materialização de uma fantasia? Façam suas apostas. No fim das contas, mesmo ancorados no espaço nebuloso em que uns e outros estamos mergulhados, temos que parar para acertar sem dar trela à indecisão. Eis a questão?
Essa reflexão me ocorreu neste meio de semana, observando os movimentos que me levariam a escrever mais um dos três textos que me compete publicar na Coluna Follow-up como colaborador do Centro da Indústria do Estado do Amazonas. E como conceituar a entidade senão como um amontoado dinâmico e frenético de conselheiros engajados obrigando seu animador, Luiz Augusto Rocha, a fazer boas e loas que, em muitos casos, jamais(?) lhe passaram pela imaginação. A pauta sempre variada, incluindo conversas planejadas ou inesperadas com a fauna e a flora do poder federal, parlamentar, ministerial, institucional.
A semana da entidade começou assim na capital da República onde, segundo alguns, tudo acontece, desde que não tenha apagão, circunstancial ou premeditado, a mostrar que sem energia não existe o momento, apenas o tormento.
Um dos interlocutores, na pauta da Reforma Tributária, era o senador Omar Aziz, agitado e despachado como se o amanhã já estivesse de plantão e sempre a sua espreita. Com ele a conversa flui no rumo da resolução. E isso torna a interação mais produtiva. O outro é Plinio Valério, um pouco mais arredio, postado na oposição do governo atual, contrário aos rumos da Reforma mas aberto à conversação. O terceiro, Eduardo Braga, o relator, aquele mais acossado por lobistas, assessores e representantes institucionais, já mandou dizer que está a disposição do Brasil mas cantarola, entre os mais chegados, uma cantiga de um paraense que “tem orgulho de ser amazonense”.
No segundo dia a missão federal dessa decisiva rodada de interlocução já estava encaminhada e satisfatoriamente cumprida. Depois, uma prosa preciosa com Rodrigo Rollemberg, secretário de Economia Verde do Ministério da Indústria e Comércio (MDIC), um socialista como o vice-presidente Geraldo Alckmin, encarregado de impulsionar a economia verde e a bioeconomia, com foco na região amazônica, em especial, no Amazonas. A discussão se expandiu para abranger toda a Amazônia.
Ambos são do PSB, de Serafim Corrêa, que acaba de ser nomeado titular da SEDECTI, cargo ocupado na gestão passada por Jório Veiga. Rollemberg esteve há pouco em Manaus e conheceu o projeto Potássio, que já rola há mais de duas décadas e esbarra no proibicionismo ambiental do Amazonas. O Secretário da Economia Verde confirmou a prioridade do projeto Bioeconomia, como também o sonho de seu ministério, o MDIC, de viabilizar a exploração sustentável do potássio visando reduzir a importação do minério, essencial para o agronegócio.
Mas enquanto alguns Conselheiros do CIEAM tentavam apresentar/ilustrar/seduzir/barganhar a indústria, a bioindústria e a redenção mineral do agronegócio nacional, ao núcleo de poder federativo, outras lideranças permaneciam no coração pulsante da floresta amazônica no frenesi incansável e desaforado das Comissões Setoriais da entidade. Uma delas, das mais agitadas, concorridas e efetivas, a Comissão de Tributos – não esqueçam que vivemos a realidade de uma contrapartida fiscal para redução das desigualdades regionais – liderada por uma guerreira Amazona, Kelly Sampaio, fez acontecer o que precisava, a prorrogação dos laudos técnicos de inspeção, conforme o Decreto nº 47.725/2023.
E outra Comissão, a de Logística, guerreira e encrenqueira, fazia os últimos preparatórios para desembarcar no Aeroporto de Manaus, onde será debatido amanhã a contribuição dos estudos originados no CIEAM, coordenação Augusto Cesar, na busca de saídas para a precariedade em forma de logística dos transportes que atormenta a ZFM.
O que está acontecendo no Centro da Indústria do Estado do Amazonas? A resposta é, aparentemente, simples pois, em seu substrato de sustentação, está a escolha feita pela entidade: o modelo de gestão dos interesse das empresas que integram o programa Zona Franca de Manaus. Os Conselheiros, instados pelo condutor da movimentação, governam. Importante lembrar que este programa é reconhecido pelas mentes livres como o maior acerto de política fiscal da história da República. E por que denominar esse movimento de gestão da transversalidade do CIEAM?
Ora, o que tem a ver a Comissão de Assuntos Legislativos com a questão do potássio, ou do FCBio (Fundo Constitucional para o Desenvolvimento da Bioeconomia), o Fundo que deverá amparar a diversificação rumo à Economia Verde? Por que encrencar na Comissão de Logística com as tarifas absurdas do modal aéreo e a recusa do poder público em rever as tarifas de combustível na região que podem amenizar a questão? Enquanto o presidente Lúcio Flávio junta atores e clamores da ZFM no Planalto Central seu time de suporte dá apoio ao dinamismo da Comissão de Tributos.
O movimento é sincrônico e plugado entre si. E o diretor que integra a Comissão de ESG vai contar nas reuniões da sua empresa o que está rolando na sala ao lado, onde as decisões do colegiado geral estão movimentando as Comissões de RH, entre outras, onde o recado e as soluções estão sendo compartilhadas com muita atenção e paixão.
Fonte: BrasilAmazôniaAgora