13/11/2020
Fonte: Jornal do Commercio
Antonio Parente
Desequilíbrio entre
produção e demanda
resulta em queda na
fabricação de motocicletas no PIM (Polo Industrial de Manaus) e setor registra
90.880 unidades em outubro.
A quantidade representa uma
queda de 13,5% em relação a
setembro (105.046 unidades).
O aumento do uso do modal
como transporte seguro e instrumento de trabalho para fonte
de renda nos serviços de entrega foram um dos principais
fatores que influenciaram na
capacidade de produção das
fábricas. Os dados foram divulgados pela Abraciclo (Associação Brasileira dos Fabricantes
de Motocicletas, Ciclomotores,
Motonetas, Bicicletas e Similares).
Segundo o presidente da
Abraciclo, Marcos Fermanian,
a alta na demanda ainda não
está plenamente suportada
pelas unidades fabris, devido
às modificações nos processos
produtivos criado pelas empresas para combater à Covid-19.
Para ele, o maior desafio do
setor é ter sob controle a pandemia para as fábricas retornarem
aos níveis normais de produção. Ele reforçou que, enquanto
houver riscos de disseminação
do vírus a estrutura precisará
ser mantida para preservar a
saúde do colaborador.
“As plantas foram impactadas diretamente pelas diversas
adaptações necessárias para
atender às medidas sanitárias
recomendadas pelos órgãos de
saúde, como as mudanças no
layout das áreas produtivas,
bem como as demais necessidades estabelecidas pelos protocolos de preservação da saúde dos funcionários. O maior
distanciamento entre os postos
de trabalho, por exemplo, gera
aumento no tempo de produção
das motocicletas”, disse.
Em relação ao mesmo período do ano passado (109.118), a
queda na produção é de 16,7%.
No acumulado de janeiro a outubro foram produzidas 784.421
motocicletas, retração de 17%
na comparação com o mesmo
período de 2019 (945.568 unidades). Conforme a entidade,
apesar da redução no volume,
o setor mostra um desempenho
sustentável e prevê números
positivos para o término do
ano, além de uma expectativa
de crescimento em torno de 10%
da sua produção para 2021.
Com a mudança no cenário do mercado de motocicletas
imposta pela pandemia da covid-19 levou o Setor de Duas
Rodas a revisar suas projeções
para 2020. A produção esperada para 2020 deve ficar em
torno das 937 mil motocicletas,
volume que representaria uma
retração de 15,4% na comparação com 2019.
Insumos
Outro ponto que tem exigido planejamento por parte das
indústrias para manter o ritmo
de produção é a ausência de
insumos importados. Fermanian explicou, que apesar de
pequenos problemas relatados
pelos associados, cada empresa vem montando estratégias
específicas para concretizar o
plano dos processos produtivos
estabelecidos. “A substituição
de insumos de fornecedores
externos para internos é uma
estratégia de cada fabricante,
e certamente todos eles estão
debruçados nesse momento
para achar a solução e a melhor
alternativa para abastecer sua
linha de produção”, ressaltou.
Empregabilidade
Fermanian mostrou-se bastante otimista com os níveis de
empregos gerados pelo setor
no período da pandemia, e
destacou que apesar da queda
de produção no acumulado do
ano, dados da Suframa (Superintendência da Zona Franca de
Manaus) apontam que o setor
totalizou no ano, 12.800 empregos diretos na indústria contra 12.159 de dezembro do ano
passado. Além disso, existem
expectativas de investimentos
para 2021.
“Os investimentos estão
mantidos e os novos modelos
previstos para lançar no futuro
estão em curso, inclusive investimento em novas tecnologias
no programa de emissão de poluentes também está em curso
para motocicletas produzidas
a partir de 2023”, disse.
Vendas do atacado
Em outubro, as fábricas
repassaram para as concessionárias 90.807 motocicletas.
Esse volume foi 9,8% inferior
ao registrado em setembro
(100.656 unidades) e 11,4%
menor em relação ao mesmo
mês do ano passado (102.545
unidades). No acumulado do
ano, as concessionárias receberam 756.451 motocicletas,
correspondendo a uma queda de 17,7% na comparação
com o mesmo período de 2019
(918.609 unidades).
Desempenho por categoria
O aumento de 42,5% nas
vendas no atacado, levou a
categoria Sport registrar um
crescimento percentual. Em
outubro, foram repassadas
764 motocicletas ante as 536
registradas em setembro do
presente ano. A Street foi a
categoria mais comercializada
no atacado, com 45.072 unidades. O volume representa uma
queda de 12% na comparação
com setembro (51.196 unidades) e de 13,4% em relação a
outubro de 2019 (52.052 motocicletas).
No ranking de vendas no
atacado do acumulado do ano,
a Street manteve a liderança,
com 391.552 unidades e 51,8%
de participação no mercado.
Em segundo lugar, ficou a
Trail, com 139.167 unidades
e 18,4% de participação.
Emplacamentos com queda de 3,5%
De acordo com dados do Renavam (Registro Nacional de Veículos Automotores) o número de emplacamentos teve uma queda de 3,5% em relação a setembro (99.609 unidades) e de 2,3% na comparação com o mesmo mês de 2019 (98.338 unidades). A média diária de vendas em outubro, que teve 21 dias úteis, foi de 4.577 unidades –esse foi o melhor resultado para o mês de outubro desde 2014 (5.231 motocicletas/dia). Em relação a setembro (4.743 motocicletas/dia), com o mesmo número de dias úteis, foi registrada queda de 3,5%.
Na comparação com outubro do ano passado (4.276 unidades/ dia), com 23 dias úteis, houve alta de 7%. A região Sudeste teve 37.291 unidades emplacadas e 38,8% de participação no mercado. A região Nordeste ficou em segundo lugar (28.358 motocicletas e 29,5% de participação). Na sequência vieram Norte (11.024 unidades e 11,5% e participação), Sul (10.170 unidades e 10,6% de participação) e Centro-Oeste (9.271 unidades e 9,6% de participação).
Os cinco Estados que apresentaram o maior volume de
emplacamentos em outubro
foram: São Paulo (22.083 motocicletas licenciadas), Minas
Gerais (7.858 unidades), Ceará
(5.341 unidades), Rio de Janeiro
(5.338 unidades) e Pará (5.218
unidades). As vendas no varejo
totalizaram 726.973 motocicletas
no acumulado do ano, correspondendo a uma queda de 18,8%
em relação ao mesmo período de
2019 (894.764 unidades).
Exportações têm queda acentuada
A quantidade de motocicletas para o mercado externo registrou queda de 35,7% em outubro, quando foram exportadas 2.330 unidades em relação às 3.622 motocicletas registradas em setembro deste ano. Em comparação com o mesmo mês do ano passado (3.148 motocicletas), a retração foi de 26%. O principal destino das motocicletas produzidas no PIM em outubro foi a Argentina.
Segundo dados do portal de estatísticas de comércio exterior Comex Stat, que registra os embarques totais de cada mês, analisados pela Abraciclo, foram exportadas 1.248 unidades, representando 50,4% do total exportado. Em segundo lugar, ficaram os Estados Unidos (312 motocicletas e 12,6% de participação), seguidos pela Colômbia (272 unidades e 11%).
No acumulado do ano,
as exportações somaram
25.983 unidades, correspondendo a uma redução
de 19,5% na comparação
com o mesmo período do
ano passado (32.284 motocicletas). A Argentina manteve o posto de principal
parceiro comercial também
no acumulado, com 8.441
motocicletas e 34,4% do
volume total exportado.
Na sequência, vieram a
Colômbia (5.136 unidades
e 20,9% de participação) e
Estados Unidos (4.591 unidades e 18,7%).