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Produção recua após altas

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13/05/2022

Marco Dassori

A produção das fábricas de motocicletas do PIM engatou marcha a ré, após meses seguidos de crescimento acelerado. O Polo Industrial de Manaus produziu 112.678 motos no quarto mês de 2022, quantidade 17,4% inferior à obtida em março (136.350). A queda foi de 7,8% na comparação com abril do ano passado (125.756) -período em que a segunda onda da pandemia ainda era uma realidade no mercado consumidor. O parque fabril da capital amazonense, no entanto, conseguiu sustentar um quadrimestre (439.817) 22,3% melhor do que o apresentado em igual intervalo de 2021 (359.621).

Os números são da Abraciclo (Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares), e foram divulgados nesta quinta (12). O tombo ocorreu em paralelo com o começo da crise do IPI e com a piora no fornecimento de insumos por conta dos lockdowns na China. Montadoras como a Yamaha, por exemplo, trabalham em ritmo reduzido desde março, com previsão de retorno à normalidade apenas em junho. A entidade não entrou em considerações a respeito, mas garantiu que a demanda interna segue aquecida, apesar das exportações terem experimentado nova derrapagem. E manteve suas projeções de produção.

Em texto divulgado por sua assessoria de imprensa, o presidente da Abraciclo, Marcos Fermanian, limitou-se a dizer apenas que as fabricantes operam dentro da normalidade e conforme o planejamento anual. "As unidades fabris [do Polo Industrial de Manaus] cumprem seus programas de produção. Com isso, mantemos nossa expectativa de produzir 1,29 milhão de unidades em 2022", afiançou, acrescentando que o número configura um salto de 7,9% na comparação com o placar de 2021 (1.195.149).

O dirigente enfatiza que o problema não está na demanda. "Hoje, a fila de espera é de cerca de 30 dias para motocicletas de baixa cilindrada e para as scooters, que são muito utilizadas nos serviços de entrega e para os deslocamentos urbanos. Isso é resultado dos impactos provocados pela pandemia nos últimos dois anos, que freou o ritmo de produção no Polo de Manaus. Deveremos normalizar as entregas para as concessionárias nos próximos meses", amenizou.

A reportagem tentou ouvir o presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Manaus e vice-presidente da Fieam (Federação das Indústrias do Estado do Amazonas), Nelson Azevedo, mas não obteve retorno até o fechamento desta edição. Em entrevistas anteriores à reportagem, o dirigente destacou que a crise de abastecimento de insumos afeta indiretamente o uso da capacidade instalada do polo de bens intermediários do PIM. "Temos uma inflação altíssima em ferro e aço, mas o maior problema é a falta de componentes eletrônicos. Com o aumento da ociosidade, os pedidos também diminuem e muitos componentistas estão superestocados", lamentou.

Vendas aquecidas

A mesma base de dados da Abraciclo indica que o varejo nacional de motocicletas desacelerou, mas seguiu ascendente, indicando que o mercado ainda não chegou ao ponto de saturação.

Em abril, foram licenciadas 107.707 motocicletas, volume 2,1% inferior ao do mês anterior (110.040), mas 13,8% maior do que o registrado 12 meses atrás (94.654). Com isso, os emplacamentos somaram 382.380 unidades no acumulado dos quatro meses iniciais de 2022, o que corresponde a uma alta de 27,4% na comparação com o mesmo período do ano passado (300.098).

A Abraciclo explica que abril (19) teve três dias úteis a me- nos do que março (22). Mesmo assim, a entidade destaca que a média diária de vendas do mês passado (5.669) foi a melhor para o período desde 2014, quando foram emplacadas 6.087 motocicletas. Nesse tipo de comparação, o número foi 13,3% melhor do que março de 2022 (5.002 unidades vendidas/ dia) e 19,8% mais robusto do que abril de 2021 (4.733 motocicletas emplacadas/ dia) -que teve 20 dias úteis. Na variação mensal, o Sudeste é o maior mercado das motocicletas produzidas no PIM, com 40.893 emplacamentos e 38% das vendas. Na sequência estão o Nordeste (32.212 e 29,9%), o Norte (13.113 e 12,2%), o Sul (11.016 e 10,2%) e o Centro-Oeste (10.473 e 9,7%). As posições foram mantidas no ranking do quadrimestre, sendo que o Norte foi a região que mais cresceu, com alta de 43% em relação ao acumulado de janeiro a abril de 2021. O Nordeste (+31,5%) e o Centro--Oeste (+30%) aparecem logo em seguida.

As motocicletas de baixa cilindrada (até 160) representaram 83,3% das vendas no varejo, com 89.715 unidades comercializadas em abril. Os modelos de 161 a 449 cilindradas responderam por uma fatia de 13,6% do mercado, com 14.618 unidades. Já as motos acima de 450 cilindradas totalizaram 3.374 licenciamentos, o que correspondeu a novamente 3,1% do total.

As três categorias mais emplacadas no ranking mensal foram Street (54.424 unidades e 50,5% do mercado), Trail (18.569 e 17,2%) e Motoneta (15.942 e 14,8%). Todas desaceleram em relação a março e apenas a Street (+13,4%) e a Motoneta (+37,9%) registraram altas no confronto com os dados de 12 meses atrás, enquanto a Trail encolheu 9,6%. Os modelos Scooter (10.654 e 9,9%), Naked (2.622 e 2,4%), Ciclomotor (2.049 e 1,9%) e Big Trail (1.981 e 1,8%), entre outros, vieram em seguida.

Na avaliação do presidente da Abraciclo, o mercado brasileiro de duas rodas segue aquecido por fatores sanitários e econômicos. "É um movimento que começou com a pandemia. Muitas pessoas optaram pela motocicleta para fugir da aglomeração do transporte público e para utilizá-la como instrumento de trabalho, atuando nos serviços de entrega. Mais recentemente, há aquelas que escolheram o modal para driblar a alta constante nos preços dos combustíveis", analisou.

Exportações em queda

Diferente do ocorrido no mercado doméstico, as vendas externas de motocicletas ainda ficaram aquém do desejado. As exportações brasileiras de motocicletas atingiram 3.946 unidades em abril, praticamente empatando com março (3.944). Mas, recuaram 7,7% no confronto com o dado de 12 meses atrás (6.335). O portal de estatísticas de comércio exterior Comex Stat, mostra que, em valores, os principais destinos foram Estados Unidos (US$ 4.47 milhões), Colômbia (Us$ 4.04 milhões) e Argentina (US$ 2.39 milhões).

De acordo com a Abraciclo, as vendas externas de motocicletas já sofreram retração de 16,7% no acumulado do ano, com 14.533 (2022) contra 17.441 (2021) unidades. A mesma base de dados do Comex Stat informa que a demanda do período foi liderada pelos mesmos países e nas mesmas posições: Estados Unidos (US$ 9.96 milhões), Colômbia (US$ 9.68 milhões) e Argentina (uS$ 9.61 milhões).

"Esse recuo se deve às oscilações do mercado. A crise mundial e, em especial na América Latina, continua interferindo nas negociações comerciais. Mas, acredito que o cenário será melhor nos próximos meses. Não só para motos, como também para os produtos eletrônicos do PIM, incluindo TVs, em razão da aproximação da Copa do Mundo, em novembro próximo", concluiu o gerente-executivo do CIN (Centro Internacional de Negócios) da Fieam, Marcelo Lima.

Base de dados da Abraciclo indica que o varejo nacional de motocicletas desacelerou.

Fonte: Jornal do Commercio

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