06/04/2015
O polo industrial de Manaus faturou US$ 37,2 bilhões em 2014, um recuo de quase 4% na comparação com o ano anterior (US$ 38,5 bilhões), de acordo com dados da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa). A Taxa de Serviço Administrativo (TAS), recolhida pela Suframa no ano passado totalizou R$ 424 milhões.
Esses recursos deveriam ser usados para o desenvolvimento da chamada Amazônia Ocidental – Acre, Amapá, Amazonas, Rondônia e Roraima. As empresas argumentam, no entanto, que eles serviram para compor o superávit primário (economia para o pagamento dos juros da dívida). Além de conseguirem parar de pagar a taxa, o que compromete a fonte de receitas futuras, as indústrias estão pedindo o ressarcimento do que foi recolhido nos últimos cincos anos. A taxa chega a ser equivalente a 1,9% do faturamento das empresas.
A Advocacia-Geral da União (AGU) informou que atua em 659 ações que questionam a TSA – a ZFM tem atualmente 550 indústrias. Os procuradores federais que defendem a legalidade da cobrança alegam, em linhas gerais, que a taxa é empregada para financiar o “poder de polícia” da Suframa, que tem a função de controlar as atividades de importação e internamento de mercadorias comercializadas através da ZFM.
Mas as empresas dizem que a autarquia, vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic), não tem autonomia para administrar as verbas e está sucateada, como consequência do contingenciamento.
“Certamente, a partir do momento em que as empresas estão tendo sucesso e a prática do governo não muda, a situação encoraja outras indústrias a seguirem o mesmo exemplo”, diz Wilson Périco presidente do Centro da Indústria do Estado do Amazonas (Cieam). “O Amazonas virou um exportador de recursos para o governo federal. Além da prorrogação, a Zona Franca precisa desses recursos para funcionar.”
No meio do ano passado, a Zona Franca de Manaus teve sua vigência prorrogada por mais 50 anos até 2073. Sem a aprovação no Congresso, a ZFM, que concede benefícios fiscais que incidem sobre os principais impostos e contribuições federais para os produtos fabricados no local, teria sua manutenção garantida até 2023.
Pioneira na fabricação de Cds e DVDs na América Latina, a Microservice é uma das indústrias que foram à Justiça contra o pagamento da TAS à autarquia veiculada ao Mdic. “É um absurdo. A Suframa não cumpre as regras, e o governo usa esses recursos para pagar os juros da dívida, em vez de desenvolver a região”, afirma o diretor de relações institucionais, Amaury Blanco. “Ir para a Justiça é a nossa única forma de protestar.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Fonte: Estadão.com.br