08/04/2022

A Zona Franca de Manaus não tem sossego. Após descumprir o acordo firmado com lideranças políticas do Amazonas no sentido de blindar o modelo do decreto que desonerou o Imposto sobre Produtos Industrializados - prejudicando duramente a competitividade da indústria local - o governo federal volta seu olhar para o setor de concentrados, um dos mais importantes do polo industrial. O temor que é um novo decreto reduza a zero a alíquota de IPI para concentrados, o que poderia causar o sufocamento de todo esse setor em Manaus, de modo que as empresas perderiam qualquer motivo para permanecer no Amazonas.


Não se trata de mera opinião. Não é de hoje que alterações no IPI dos concentrados causam fuga de capitais na ZFM. A primeira a fechar as portas foi a Pepsi, que parou de fabricar concentrados no Amazonas em 2 018, quando o IPI foi reduzido a 4%. Mais recentemente, o Grupo Heineken anunciou a mesma medida. Se a nova ofensiva do governo for concretizada, o golpe no já combalido polo de concentrados pode ter consequências irreversíveis. O “xarope” para preparação de bebidas ainda tem destaque na pauta de exportações do Estado, mas até quando? O impacto de um esvaziamento completo do setor teria repercussões que iriam muito além dos empregos nas fábricas. Até os pequenos agricultores de Maués, que cultivam guaraná para abastecer essa indústria, também seriam duramente atingidos.

A sociedade amazonense, suas lideranças políticas e empresariais, não podem esperar o golpe se desferido. É preciso reagir de imediato, independentemente de posicionamentos políticos. É preciso demonstrar ao governo, de forma inequívoca, os sérios prejuízos econômicos e sociais que podem advir do fim do polo de concentrados, que juntamente com duas rodas e eletroeletrônicos, ainda mantém o modelo em pé, apesar de todas as adversidades.

O fato é que, por estar claramente na mira da política liberal do Ministério da Economia, a Zona Franca já se torna uma área de risco para investimentos, um cenário que pode se agravar ainda mais, afastando novos projetos, paralisando a diversificação da indústria e minando a geração de empregos. É essencial que haja uma robusta reação por parte do Amazonas, associada a uma interlocução eficaz junto ao governo federal para evitar danos maiores.

Fonte: Jornal Acrítica