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Zona Franca de Manaus pode amargar pior crise em décadas por pandemia

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01/06/2020

Fonte: O Globo

Com as vendas prejudicadas por causa da pandemia do novo coronavírus e os estoques abarrotados, as fábricas da Zona Franca de Manaus esperam para este ano a maior crise em décadas. Atualmente, cerca de 30% da mão de obra está de braços cruzados por falta de demanda e as demissões devem começar neste mês.

Em meio ao pessimismo, lideranças empresariais do Amazonas veem uma oportunidade de Manaus capturar parte da manufatura hoje concentrada na China – e que pode migrar para outros países por causa do medo das multinacionais com novas epidemias no gigante asiático.

Em 2020, as receitas das empresas instaladas na Zona Franca de Manaus devem cair até 6% em relação ao ano passado, quando as empresas do polo faturaram pouco mais de R$ 100 bilhões, estima Jório Veiga, secretário estadual de Desenvolvimento Econômico.

– Se confirmada, será uma crise mais severa que a de 2015 e 2016 e mesmo a de 2008 – diz Veiga.

Vendas caíram até 80%

Os problemas para as 400 empresas da cidade, responsáveis pela maioria dos eletroeletrônicos consumidos no Brasil, começaram em fevereiro, com a falta de peças importadas da China, primeiro epicentro da crise sanitária.

No mês seguinte, o desabastecimento de componentes foi resolvido com a reabertura de rodovias e portos chineses. Aí veio outro choque: com o avanço da pandemia pelo Brasil, as vendas dos produtos fabricados em Manaus desabaram em até 80% por causa do fechamento de varejistas, medida tomada por conta das regras de isolamento social em estados das regiões e Sul e Sudeste.

O resultado: as fábricas da cidade estão com estoques de produção até seis vezes acima do ideal. Em tempos normais, as indústrias trabalham com um estoque de segurança de cinco dias. Ou seja, num cenário de fábricas fechadas, a produção estocada aguentaria cinco dias de consumo no país.

Agora, com o consumo em queda livre por causa do isolamento social, as fábricas de Manaus estão com estoque para até 30 dias.

Um terço da mão de obra em risco de demissão

Com o avanço da pandemia pelo território brasileiro, e a extensão dos regimes de isolamento social, a expectativa é de demissões nas próximas semanas. Até agora, as fábricas deram férias coletivas ou suspenderam contratos de trabalho a pelo menos 30% da mão de obra.

– Até um terço da mão de obra da Zona Franca de Manaus está sob risco e demissões devem acontecer a partir de junho – diz José Jorge do Nascimento Júnior, presidente da Eletros, associação das principais fabricantes de eletroeletrônicos.

O aumento do desemprego deve complicar os problemas sociais de Manaus, um dos epicentros da pandemia no país. Até 28 de maio, a cidade tinha 15.769 casos confirmados e 1.314 mortes, o que torna a cidade a quinta no país com maior concentração da doença, atrás de São Paulo, Rio de Janeiro, Fortaleza e Recife.

Em meio às projeções pessimistas, lideranças empresariais veem uma oportunidade de a Zona Franca de Manaus sair do atoleiro caso consiga absorver parte da produção industrial que deve migrar da China por causa do receio de novas disrupções nas cadeias logísticas como as vistas no início deste ano.

A ideia é usar Manaus como base para multinacionais produzirem componentes para atender consumidores na América Latina, Estados Unidos e Europa.

– Da porta para dentro, as indústrias de Manaus competem em igualdade com os principais centros de manufatura no mundo. Falta resolver os empecilhos da porta para fora – diz o economista Wilson Perico, presidente do Cieam, associação das indústrias do Amazonas.

Na lista dos percalços estão os poucos incentivos fiscais para exportação de bens de valor agregado e alta carga tributária em insumos como luz e mão de obra.

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