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Zona Franca de Manaus perdeu mais de 33 mil empregos em cinco anos

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30/04/2019

Notícia publicada pelo Portal Acrítica

Larissa Cavalcante

O número de trabalhadores empregados no Polo Industrial de Manaus (PIM) caiu de 121,6 mil para 87,7 mil no período entre 2013 e 2018. Com a perda de mais de 33,8 mil postos de trabalho, segundo indicadores de desempenho do PIM. No mesmo ritmo, vem às empresas instaladas na Zona Franca de Manaus (ZFM) com a redução de 480 para 450 fábricas.

O distrito industrial encerrou 2018 com 86.047 trabalhadores empregados, entre efetivos, temporários e terceirizados. O resultado indica uma queda de 2,82% em relação a dezembro de 2017, quando 88.553 trabalhadores estavam empregados. A Suframa ainda não divulgou os números consolidados do polo industrial deste ano. O dado mais recente é de dezembro.

Ainda assim, a média mensal de empregos diretos do PIM em 2018 ficou estabelecida entre a melhor dos últimos três anos, 87.732 trabalhadores. No comparativo da movimentação, o ano de 2018 registrou mais demissões que admissões com o saldo negativo de 1.479 postos de trabalho. Todavia, o saldo negativo na geração de empregos já foi maior. No ápice da crise, em 2015, foram 33 mil contratações contra 58,7 mil desligamentos, saldo negativo de 25,6 mil vagas.

O presidente do Centro da Indústria do Estado do Amazonas (Cieam), Wilson Périco, atribui a queda nos indicadores de mão de obra a crise econômica no Brasil, iniciou a partir de 2014, e a redução significativa nos investimentos.

“Afetou a geração de emprego e o mercado consumidor decrescente. Quanto menor o consumo, menor a demanda da atividade industrial, principalmente na crise que passamos há três anos atrás em que todo mundo reduziu o consumo inclusive, as empresas fizeram a mesma coisa buscando formas de se manter”, disse.

Por setores

A relação de mão de obra por subsetores mostra que a área de eletroeletrônico é a com mais empregados, o equivalente a 35.916, depois vem o polo de duas rodas (13.157) e o termoplástico (7.963). Em 2013, esses setores chegaram a contratar no ápice 53.220, 18.805, 10.669 trabalhadores, respectivamente. Esses três subsetores empregam juntos mais de 60% do total de funcionários do PIM.

Em seguida, vem as atividades metalúrgica (5.722) e mecânica (5.105). O setor que menos contrata é o de material de limpeza e vela com a geração de apenas 34 postos de trabalho.

Tecnologia

Segundo o economista Denis Minev, o segmento industrial no mundo todo tende a empregar menos por conta do aperfeiçoamento de técnicas de administração e tecnologias associadas à indústria 4.0.

“É um processo que torna os produtos mais baratos e mais competitivos, portanto necessário para nossas indústrias, mas causa desafios de políticas públicas com menos empregos disponíveis nestas áreas”, pondera o empresário.

De acordo com Wilson Périco, as empresas do PIM investiram em automação e em inovação tecnológica. “Mesmo que o polo industrial venha a produzir os mesmos produtos que foram produzidos no ápice não iriamos gerar o mesmo quantitativo de empregos, mais de 120 mil”, avalia.

Em números

92,67 bilhões de reais foi o faturamento do Polo Industrial de Manaus (PIM) em 2018. O valor representa um crescimento de 12,92% em relação ao faturamento obtido no ano de 2017 (R$ 82,070 bilhões). As exportações do PIM no ano passado totalizaram US$ 509.54 milhões, corresponde a um crescimento de 5,87% na comparação com o desempenho de 2017, registrou US$ 481.31 milhões.

Blog: Osíris Silva, economista e escritor

“O problema se resume a própria desidratação do modelo. O Polo Industrial de Manaus (PIM) vive um momento de exaustão em termo de atração de novas cadeias produtivas. Hoje, 93% do faturamento do polo é de responsabilidade de apenas seis cadeias produtivas. Como ampliar o nosso parque industrial? Como atrair novos investimentos? Hoje o padrão industrial internacional é movido a alta tecnologia, com países que têm no ensino, na pesquisa, no desenvolvimento, na inovação o mote dessa sua evolução. Países (e empresas) que estão chegando movidos a alta tecnologia. Estamos falando de Vietnã, Irlanda, Polônia e Suécia. Isso nós não temos em Manaus. Como ampliar? Em 1990, tínhamos quase 600 empresas, hoje é 450. A queda é brutal”.

“Além as crises de 1998, 2008 e outras, a Zona Franca de Manaus não foi suficientemente avaliada no sentido de promover a correção de suas fragilidades. A conquista de creditação do IPI adquirida junto ao STF, é apenas uma etapa. Temos ainda pendente o dilema: o que fazer com o distrito industrial daqui pra frente? Que cadeias produtivas podem ser acrescidas ao perfil do nosso parque industrial? Respostas não temos. Precisamos trabalhar essas respostas em cima de planos, programas e projetos concretos para levar a Brasília como compensação a eventuais perdas comparativas que poderemos ter no âmbito da reforma tributária. É uma realidade que não podemos omitir. Não vamos nos iludir de que a reforma tributária vai nos tratar como coitadinhos”.

Saída de diversas fábricas de Manaus

Em 1990, a Zona Franca de Manaus (ZFM) teve o primeiro ápice, registrando a geração de 80 mil empregos diretos e indiretos e o faturamento de US$ 8,4 bilhões. A população de Manaus, à época, era de 1,01 milhão de habitantes.

Em 2013, foi registrado o auge de empregos gerados desde a criação do parque industrial, com a média mensal de mão de obra de 121,6 mil e 480 fábricas instaladas. Em novembro, o número de postos de trabalho diretamente ocupados chegou a 130,2 mil. A partir de 2015, a mão de obra caiu gradativamente.

Nesse período, as contratações foram encolhendo em virtude do fechamento de grandes fábricas, entre elas a Siemens e a Sanyo da Amazônia, e a inclusão dos telefones na Lei de Informática - que garante incentivos similares aos da Zona Franca para produção em qualquer Estado - o setor encolheu a ponto de manter apenas duas fabricantes de bens finais: Nokia e Samsung. Apenas esta última ainda produz telefones e smartphones por aqui.

Em dezembro de 2018, a PepsiCo, uma das maiores empresas no ramo de bebidas do Brasil, deixou o polo industrial. À época, a empresa justificou a saída para buscar um crescimento a longo prazo.

A saída da fábrica já era especulada desde que um decreto assinado pelo então presidente Michel Temer reduziu a alíquota de 20% para 4% do Imposto sobre Produto Industrializado (IPI) do polo de concentrados.

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