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Zona Franca de Manaus: a decisão de fazer e a união para realizar

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12/06/2020

Nelson Azevedo

vice-presidente da FIEAM

É importante olhar pelo retrovisor da memória, não para repetir o passado tal e qual, mas para saber de onde nós partimos e ter muito claro para onde estamos indo. Essa retomada está diretamente relacionada com nossa disposição – como empresários atuantes nas entidades de classe – de planejar a economia pós-pandemia.

Isso tem sido objeto das últimas reflexões, sobretudo a partir da constatação de que podemos retomar o papel original da Zona Franca de Manaus, como substituição dos importados, para não sofremos, de novo, as consequências de depender da cadeia asiática de suprimentos.

Resistência e verticalização

Permito-me relatar um momento de paradoxal importância em nossa história de desenvolvimento. Corria o ano de 1976, quando a Moto-Honda da Amazônia, da qual fui diretorresidente, começou a fabricar motocicletas em Manaus. A empresa viera para o Brasil, em 1971, com intuito de importar motocicletas do Japão, criando no país uma estrutura de distribuição, concessionárias e assistência técnica. Em poucos anos, os fatos empurraram a empresa a abrir uma fábrica na ZFM, e assim foi feito.

Linhas de montagem, e só!

Uma Portaria, na ocasião, nos surpreendeu a todos. Foi a de n° 308, de 11 de agosto de 1976. Ainda estávamos vivendo o ciclo da ZFM comercial, encerrado com uma canetada logo em seguida. Entretanto, já tínhamos clareza do rumo a seguir, para substituir importações. A economia começara a se ampliar com a chegada das primeiras indústrias em Manaus.

Eis, entretanto, o que estabelecia a tal Portaria em poucas palavras: na ZFM, somente ocorreria a montagem simples de produtos industrializados, contando com insumos estrangeiros e com insumos nacionais. Ou seja, nenhuma palavra em termos de absorver e abrasileirar a tecnologia. Um susto e um paradoxo. Sem mexer em seu planejamento, a MotoHonda da Amazônia, em poucos anos, em vez de se intimidar, passou a ser a empresa mais verticalizada fora do Japão.

E com pouco tempo, missão cumprida, voltaram pra casa os japoneses que vieram implantar o modo Honda de produzir e verticalizar, deixando-nos sob a responsabilidade dos curumins e das cunhatãs nativos.

Usurpação burocrática

Esta é uma lição preciosa para todos nós que nos colocamos o desafio de superar, em mais de cinco décadas, adversidades, burocracias, medidas arbitrárias e de deformação constitucional. Inventaram o PPB para embargar nosso direito legal de fabricar qualquer coisa que nos aprouvesse em Manaus, com incentivos fiscais vetados a apenas 5 categorias de produtos. Isso complicou muito nosso meio de campo. Nos tirou o direito, por exemplo, de seguir fabricando celulares e computadores com vantagens competitivas. Fomos o primeiro a fabricar estes dois itens no Brasil.

O que queremos produzir?

O que queremos produzir? E por que voltamos a falar no assunto? A razão é muito simples. Não temos mais desculpas para não fazer. Temos, apenas, que definir o que importa produzir. Houve muito avanço, mas ainda insuficiente, em fazer retornar para o Conselho da Suframa algumas das decisões que dizem respeito à ZFM. Depende de nós para que isso permaneça com a gestão subitamente interrompida do titular Alfredo Menezes. A ele, não temos dúvidas, devemos um novo marco regulatório para o PPB, que precisa ser assimilado e invocado por todos-lideranças patronais e de trabalhadores, parlamentares e, no limite, – ser respeitado perante a justiça. Isso, entretanto, supõe a decisão de fazer e a união para realizar.

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