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ZFM, déficit tecnológico compromete matriz econômica e ambiental

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13/03/2017

Por Osíris Silva

As histórias de desenvolvimento rápido mostram que, antes de tudo, um país precisa fazer escolhas e fixar-se nelas, sem desviar o foco ao sabor de governos. Outra lição que se depreende da experiência internacional é que o atalho para o crescimento reside em um investimento casado em educação e ciências. Uma boa universidade não deve apenas transmitir conhecimento, mas produzi-lo para estar na vanguarda, e só poderá fazê-lo com uma turma talentosa e bem formada no ensino básico. As escolas, por sua vez, recebem de boas universidades professores de alto nível. Esse ciclo virtuoso explica a ascensão da economia de países como Finlândia e Coreia do Sul.

Essa irrefutável constatação do matemático Marcelo Viana, diretor geral do Instituto de Matemática Aplicada – IMPA, em síntese define as principais causas do atraso global da universidade, da tecnologia e inovação no Brasil. Consequentemente, da Zona Franca de Manaus (ZFM). Uma boa universidade, ressalta, deve não apenas ensinar, mas produzir conhecimento, ciência e tecnologia. Regra geral, a universidade brasileira envelheceu antes de haver amadurecido. Mais ainda, acomodou-se, distanciou-se, silenciou ante a conjuntura socioeconômica do país. Questões ideológicas subverteram a ordem subjacente à natureza de sua função estrutural: ensino, pesquisa, extensão. Mais “chic” discutir Marx, Lenin, Mao, Fidel, modelo soviético, chinês ou cubano, do que procurar enfrentar e combater o processo de deterioração do padrão de ensino já em pleno curso no país desde os 70’s.

A universidade, pública ou privada, vem se omitindo abertamente diante das grandes questões nacionais. Bem distante do padrão dos anos 1960, quando o estudante se conectava, se posicionava firme e convictamente; lutava por fortalecimento do padrão qualitativa e da função social, política e cultural do ensino superior. O distanciamento da economia brasileira, e da ZFM, face aos países líderes mundiais decorre muito dessa inversão de valores. Como bem observa o diretor do IMPA “nem o setor produtivo vai à universidade procurar ajuda, nem a universidade enxerga como missão prestar serviços ao setor produtivo”. Erro crasso, inadmissível.

Pesquisa é um ativo que pode se concretizar em cinco, cinquenta anos ou sabe-se lá quando. Quase impossível precisar datas de conclusão de uma investigação científica. Assim no Brasil ou em qualquer lugar do mundo. Assegurar investimentos é fundamental para gerar boas perspectivas de resultados. Avanços tecnológicos ocorrem segundo essa lógica e ritmo. O investimento precede todas as ações subjacentes ao processo de conquistas inovadoras. Este um alerta que se faz necessário observar no momento em que se discute a nova matriz econômica e ambiental do governo do Amazonas.

Embora, penso eu, mereça todo apoio da comunidade científica e do setor produtivo, além do pleno e irrestrito engajamento das autoridades gestoras, é profundo o déficit de pesquisa aplicada no setor primário amazonense. O desbalanço de sistemas de produção (pacotes tecnológicos), necessariamente validado pela EMBRAPA, associado a monumentais déficits de recursos financeiros e humanos, configuram fatores altamente restritivos à produção local de qualquer coisa no campo alimentar. Em tais circunstâncias, só por milagre se poderá produzir peixe, frutas, aves, carnes, couve ou cenoura, cupuaçu, açaí ou laranja em escala econômica e a custos competitivos. Endêmica insuficiência de dotações orçamentárias e financeiras impede à Sepror/Idam levar ao campo assistência técnica de qualidade. Investir em pesquisa, na modernização da estrutura de gestão e o emprego de pessoal tecnicamente bem formado na extensão é condição “sine qua non” para viabilizar a atividade rural em bases econômicas sustentáveis. Consequentemente, promover a interiorização dos incentivos. Produzir alimentos sem recursos e assistência técnica adequada não passa de mera obra de ficção.

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