17/12/2018
Editorial publicado pelo Jornal Acrítica
Se o planejamento do futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, a respeito da indústria for, de fato, colocado em prática a partir de 2019, os defensores do modelo Zona Franca de Manaus têm motivos para se preocupar. Entre as metas defendidas por Guedes está a abertura do mercado brasileiro aos importados, o que obrigaria o empresariado local a se modernizar para fazer frente à concorrência.
Parlamentares da nova bancada amazonense precisam atuar para que a abertura não aconteça de forma abrupta, como ocorreu no início da década de 1990, quando o então presidente Fernando Collor de Melo, abriu a economia de forma brusca, causando uma quebradeira nacional de empresas, especialmente na Zona Franca de Manaus, que encolheu e enfrentou um dos momentos mais difíceis de sua história.
A abertura causa divergências entre os economistas, há quem defenda que ela deva ocorrer de forma paulatina, dando tempo e condições - por meio de linhas de crédito específicas - para que os diferentes segmentos busquem a modernização das plantas e dos processos visando maior eficiência e competitividade. Outra corrente, mais radical, defende a tese da sobrevivência do setor de bebidas. A bancada terá que atuar de forma coordenada com parlamentares dos outros estados onde a Suframa atua. A pressão deve ser inteligente e de
forma suprapartidária.
De qualquer forma, o Amazonas não pode mais retardar o desenvolvimento de alternativas ao modelo Zona Franca. Mais do que nunca, é preciso fortalecer o turismo, a exploração sustentável da biodiversidade, a produção de alimentos e outros eternos potenciais que
sempre foram deixados de lado em prol de uma indústria de transformação baseada em incentivos com prazo para acabar.