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ZFM teme efeitos do calote argentino

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02/07/2014

A Argentina, principal parceira comercial do Brasil – e do Amazonas –, vem correndo contra o tempo e procura evitar cair no segundo calote da sua dívida em 13 anos. Com poucos dólares em caixa, os ‘hermanos’ tendem a reter as compras, o que pode afetar as exportações da ZFM, já que o país vizinho é responsável por absorver 26,8% de tudo o que é exportado pela Zona Franca de Manaus, de aparelhos e lâminas de barbear a televisores e motocicletas, principalmente de 125 cilindradas, que foram responsáveis pela segunda maior arrecadação (20% de alta) da ZFM entre janeiro e maio deste ano.

Presente para apoiar a base produtiva do Estado, com foco nas exportações, o CIN-AM, (Centro Internacional de Negócios) espera por mais detalhes e pelo fim do prazo estabelecido para poder tomar qualquer medida de proteção à indústria amazonense, conta o gerente executivo do Centro, José Marcelo de Lima.

“É tudo muito recente e ainda não fomos atingidos em cheio. Talvez piore nos próximos meses, mas as reduções nas exportações já eram vistas. O que nos irá segurar os negócios da ZFM será o mercado interno que vem absorvendo nossa produção. Esperamos por medidas do governo federal para tomarmos as nossas”, disse Lima.

Austeridade

As imposições da Suprema Corte dos EUA, que cobram do governo argentino o pagamento dos ‘fundos abutres’(como os argentinos chamam os credores), podem jogar o país vizinho em uma política de austeridade e a falta dos dólares argentinos em nosso mercado, pode ser a causa de crises nas exportações da ZFM, aponta o presidente do sistema Fecomércio-Am (Federação do Comércio do Estado do Amazonas), José Roberto Tadros. “Desde a criação do Mercosul (bloco econômico, formado por Argentina, Brasil, Bolívia, Paraguai, Uruguai e Venezuela) venho dizendo: mercado entre países pobres não tem a chance de vingar. No caso com a Argentina é ainda pior, pois este amarra o Brasil e o impede de fazer novos negócios”.

Para Tadros, a crise argentina é crônica e este calote pode abalar a economia em um momento já difícil, com poucas exportações e balança comercial em baixa. Mesmo assim o presidente acredita que o quadro pode ser revertido. “A presidente argentina declarou que há uma reserva de fundos para o pagamento, creio que a dívida será mais uma vez renegociada”, resume.

Tragédia anunciada

Em mais de uma década de crise o governo argentino vem causando insegurança no mercado internacional e o recente agravamento da situação econômica parece ser a confirmação de uma tragédia anunciada, conta o presidente do Corecon-AM (Conselho Regional de Economia) Marcus Evangelista. Segundo o economista, pouco se pode fazer quanto a possível crise nas exportações da ZFM. “As perspectivas sempre foram ruins, desde o primeiro sinal de calote.

Infelizmente, por um tempo vamos ficar sem um parceiro comercial. O que podemos fazer é procurar novas parceiras e aguardar”, fecha.

O tempo de espera por melhoras, segundo Evangelista não pode ser determinado agora, mas o economista cita viradas de jogo como o que aconteceu nos EUA em 2008. “Uma coisa boa é que nenhuma crise pode ser eterna e esse jogo pode ser mudado. A crise americana parecia ser duradoura, mas o país conseguiu superar. Esperamos o mesmo para a Argentina,” disse.

O mercado brasileiro e amazonense têm se mostrado preparado para oscilações econômicas, mas os golpes nem sempre são absorvidos. A falta de vendas para a Argentina fará o Brasil buscar outros parceiros do Mercosul, países com economia também cambaleante. “O governo argentino de vez em quando solta uma ‘bomba’ dessas, às vezes com imposições tarifárias que impedem novos negócios. No momento o que podemos fazer é manter as exportações para outros países”, conta Lima.

Alternativas

Como alternativas para o mercado argentino, o presidente do CIN-AM lembra dos concentrados e bases de bebidas dos produtos Coca-Cola da Recofarma, que exporta para Venezuela, Colômbia, Paraguai, Equador e Trinidad/Tobago, além da P&G que abastece o Mercosul e mais de 19 países com produtos de higiene pessoal. “Estas empresas junto ao mercado interno, tem tido grande representatividade para a ZFM e devem ser incentivadas”, ressalta Lima.

Usar a capacidade de fazer bons negócios adquirida pela indústria amazonense também é citada como alternativa para o PIM e para o comércio do Estado, segundo o presidente do Cieam (Centro da Indústria do Estado do Amazonas) Wilson Périco. “Cabe às políticas comerciais de cada empresa decidir sobre a busca de novos parceiros. Já havia essa dificuldade de receber dos argentinos, então o melhor seria fazer novos negócios ou incrementar o mercado interno,” conta Périco.

Fonte: JCAM

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