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ZFM - roçados, tesouradas e descasos

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24/02/2021

Fonte: EM TEMPO

ESCRITO POR NELSON AZEVEDO NO DIA 23 DE FEVEREIRO DE 2021 - 11:17

Ainda sobre a transformação do Brasil no maior roçado do mundo, expressão utilizada pelo presidente da CNI, Robson Andrade, sobre as recomendações do presidente do IPEA, Carlos Von Doellinger, de desindustrializar o país para dinamizar o agronegócio, já podemos colocar as barbas de molho ou, para usar uma expressão do momento, o quartel em alerta geral. Já não há dúvidas que a brigada da desindustrialização está em marcha com as medidas nocivas contra o polo de duas rodas, setor de bicicletas, da Zona Franca de Manaus. E mais, está subentendida na recomendação que um dos grandes ativos de nosso programa de desenvolvimento regional - que é a proteção florestal – está no pacote. Do ponto de vista de determinados atores do setor ruralista, a expansão da pecuária exigiria derrubar mais florestas. É salve-se quem puder?

Quebra da cadeia asiática de suprimentos

Essa estória não começou agora. Há um ano, quando estava iniciando a pandemia da COVID-19, nos manifestamos contra o posicionamento do secretário do Comércio Exterior e Assuntos Internacionais do Ministério da Economia, Marcos Troyjo. Ele se reportava à indústria em categorias semelhantes às de seu colega Doellinger. Referindo-se à indústria da ZFM sugeriu abandonarmos o modelo de substituição de importações por uma relação comercial aberta entre Brasil e as economias mais evoluídas. Ora, esse voluntarismo é indiferente ao amadurecimento estratégico que o setor industrial exige. Por azar de suas intenções, a pandemia exigiu que a indústria local arranjasse soluções para a quebra da cadeia de suprimentos da Ásia. E nós demos.

Descaso inaceitável

Tanto as medidas da Camex, de 17 de fevereiro último, reduzindo as tarifas de importação de 35% para 20%, bem como as do aludido secretário de Comércio Exterior e ainda as do ministro Salles, que sugeriu, em janeiro do ano passado, substituir o polo de bicicletas por produtos da Bioeconomia, nenhum deles se dignou a consultar as entidades de classe do setor produtivo que representam indústrias que recolheram ao caixa único da União em 2019 a bagatela de R$17 bilhões. "No caso do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, ele acusou o segmento de ganhar milhões a fundo perdido para fabricar bikes na floresta. Aí já é demais. Como pode ser tão desinformado no trato de um polo industrial tão respeitado mundialmente como o de Manaus onde não há dinheiro público na sua instalação e desenvolvimento?"

Competitividade zarolha

Outra desinformação gritante, de quem pretende nos obrigar a competir com indústrias estrangeiras marcadas por uma competitividade inteligente e competente, é desconhecer que o Brasil ocupa o 57º lugar no ranking da competitividade global. E o que é pior: a ZFM não tem conexão rodoviária com o resto do Brasil, balizamento hidrográfico, dragagem de seus rios, e paga a energia mais cara do país e conta com comunicação de dados e voz entre as mais onerosas do planeta.

Quem cala consente?

Estranhamos o silêncio obsequioso de alguns atores ligados à economia do Amazonas no caso das tesouradas federais, comprometendo empregos e receitas públicas e açoitado por um dos mais agressivos ataques da pandemia. É importante enfatizar que as bicicletas produzidas no Polo de Manaus contam com o mesmo nível de qualidade das marcas globais, graças aos investimentos contínuos que as fabricantes têm feito em tecnologia e modernização. As empresas vinham negociando com o Governo Federal a necessidade de se reduzir o custo Brasil e, com isso, aumentar a competitividade, paralelamente à̀ adoção de medidas de abertura comercial. A Indústria Brasileira de Bicicletas, instalada no PIM desde 1975, é a 4ª maior produtora mundial e gera cerca de 4,5 mil empregos diretos e indiretos. Isso não tem a menor importância para a tesoura da (des) União?

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