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'ZFM precisa ser via de integração regional' (Nelson Azevedo vice-presidente da Fieam) - Entrevista

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03/02/2022

O empresário Nelson Azevedo diz que a ZFM (Zona Franca de Manaus) teve um bom desempenho nos últimos dois anos, apesar da pandemia que se abateu sobre o Amazonas, impactando negativamente nas atividades econômicas, causando muita dor, muito sofrimento, muitas mortes. Para ele, até agora as empresas não conseguiram, porém, retomar o grande fôlego de outras épocas, quando o faturamento alcançou até US$ 40 bilhões, provavelmente no ano de 2011.

Até o último mês de novembro, o parque industrial do Amazonas faturou pelo menos R$ 145 bilhões, com expectativa de atingir R$ 155 bilhões no acumulado de janeiro a dezembro do ano passado, segundo Azevedo. No período, o incremento se aproximou dos 14%. Os empregos devem também crescer, passando dos 98 mil postos de trabalho em 2020 para 103 mil em 2021, estima o empresário, que é vice-presidente da Fieam (Federação das Indústrias do Estado do Amazonas).

"Veja a situação muito diferente em relação aos outros empresários. Apenas estamos conseguindo recuperar, aos poucos, o que perdemos na pandemia. Falta muito ainda para atingirmos o desempenho de anos anteriores, alavancando toda a produção industrial", afirma o empresário.

Para Azevedo, a Zona Franca precisa ainda mostrar para o que veio, atraindo cada vez mais investidores para negócios focados em suas potencialidades regionais. "Esperamos que a ZFM seja, de fato, um modelo de integração regional", ressalta.

Azevedo diz, ainda, que nunca se viu, como hoje, uma integração tão grande entre a Suframa, o governo do Amazonas e a Prefeitura de Manaus em defesa da ZFM. As ações estão cada vez mais integradas para fortalecer um modelo, alvo de constantes ameaças de outros Estados, que também reclamam os benefícios fiscais.

Ele se mostra um grande entusiasta do potencial da biodiversidade para gerar novos empregos e renda à população. A liderança empresarial diz que existem, hoje, aproximadamente 50 empresas interessadas no polo agroindustrial do município de Rio Preto da Eva, atualmente o segundo maior produtor de peixes em cativeiro. "Mas falta ainda uma infraestrutura adequada para dar a contrapartida necessária que viabilize esses novos empreendimentos", analisa.

Nelson Azevedo participou da live 'JC às 15h', comandada pelos jornalistas Caubi Cerquinho e Fred Novaes, diretor de redação do Jornal do Commorcio.

Jornal do Commercio - Apesar da pandemia, o polo de Manaus registrou um bom desempenho nos últimos dois anos. O faturamento cresce, as empresas mantêm os empregos. A que atribui esse aspecto tão positivo nas atividades?

Nelson Azevedo - Óbvio, mantivemos as atividades econômicas e também os empregos. Mas vejo a questão de uma forma diferente em relação a outros empresários. Para mim, o que está acontecendo é apenas uma recuperação, aos poucos, do que perdemos com a pandemia.

Já tivemos faturamento de até US$ 40 bilhões em outras épocas. Se não me engano, em 2011. De lá para cá, não conseguimos mais isso. Até novembro de 2021, chegamos a faturar R$ 145 bilhões, com estimativas de alcançar R$ 155 bilhões no acumulado de janeiro a dezembro do ano passado. Os empregos devem atingir 103 mil postos de trabalho, comparando os 96 a 98 mil registrados em 2020.

Mas nossas expectativas continuam ainda muito boas, tendo como referência os números desse atual cenário econômico. Outra coisa positiva. Nunca vi antes o que está acontecendo hoje, com uma integração tão grande entre a Suframa, o governo do Amazonas e a Prefeitura de Manaus em defesa da ZFM.

JC - Conseguimos avançar no polo agrobio industrial na área do município de Rio Preto da Eva?

NA - A questão é que os terrenos são do governo federal. O Ministério da Economia já enviou a petição para o Congresso Nacional solicitando a liberação das áreas.

E parece que já estão fazendo o trabalho político para que seja doado o terreno para a Prefeitura de Rio Preto da Eva. Pelo menos 50 empresas já estão interessadas em se instalar naquela região. Isso é muito bom, significa muitos empregos.

Mas temos que criar uma infraestrutura adequada, com acessibilidade, melhorar as condições da estrada, suprir mais a energia elétrica, a comunicação. E levar também os nossos institutos como o Senai, o Senar, as nossas universidades, para capacitar e treinar a mão de obra.

Sou muito adepto do tecnólogo, tenho discutido muito isso com as nossas universidades. Formação de tecnólogo com foco nos nossos recursos naturais. Piscicultura, fruticultura, temos que atrair indústrias de beneficiamento. Em vez de comprar óleo de soja lá da China, produzir e comprar aqui mesmo.

JC - Mas não temos praticamente quase nada em termos de infraestrutura. A estrada na região de Rio Preto da Eva está muito ruim...

NA - A nossa estrada, a AM-010, nunca teve um tratamento bom pelos vários governantes que passaram pelo Amazonas. Ela é muito importante porque liga vários municípios a Manaus. Tem uma função interestadual. Pela AM-010, pegamos a BR-174. Em Silves, temos a Eneva que está extraindo o gás liquefeito de petróleo.

Tem várias carretas levando o gás. A estrada tem que estar preparada, mas está agora imprestável. Funciona até o km 30, mas está muito ruim a partir daí. Tem muitas crateras. Temos que ver essa situação.

Antes, havia muitas empresas em Itacoatiara, inclusive madeireiras, mas dado a esse abandono da estrada, infelizmente, elas foram embora. Mas existe um bom porto que está na beira do nosso majestoso Amazonas, que tem calado para o ano inteiro, não importa se há seca ou enchente. Para receber navios de grande porte. Podendo levar e trazer mercadorias.

Então, há necessidade de se voltar para essa demanda, todo mundo está imbuído desse propósito.

JC - Tivemos a construção de duas pontes na AM-010, que foram grandes obras. De lá para cá, houve um abandono. E há agora uma tentativa de melhorar as condições da rodovia, que serve ainda ao polo graneleiro. Espera-se que a mobilização em torno do assunto não seja só uma promessa de campanha. O pequeno agricultor também precisa dessa atenção, principalmente nos ramais?

NA - Exatamente. A estrada principal é o grande rio, mas temos os ramais que são os afluentes onde estão localizados os produtores de um modo geral, até mesmo fábricas. Hoje, Rio Preto da Eva é o segundo maior produtor de peixes em cativeiro.

Temos uma produção muito grande, que exige melhores condições de estrada. Devemos atrair investidores para industrializar o peixe, como tambaqui, pirarucu, produtos cítricos como a laranja. Temos que ter esse porto funcionando bem.

É muito importante que isso aconteça, que haja essa contrapartida. Temos que ter uma AM-010 que possa atrair investidores ao Amazonas. A ZFM surgiu sem Distrito Industrial, que só veio depois.

JC - A gente observa uma situação. A infraestrutura está sempre correndo atrás de melhores condições. Estamos falando do Distrito Bioagroindustrial, mas não se oferece a contrapartida necessária. Por que não se consegue colocar na cabeça das pessoas responsáveis pela região, dando uma canetada para essas prioridades?

NA - Temos que esquecer a coloração partidária, pegar nossa bancada federal e junto com nosso governador, a Suframa e a prefeitura reforçar ações.

Antes, a Suframa era muito atuante em relação aos demais Estados da Amazônia Ocidental, hoje infelizmente não é. A nossa Amazônia é cobiçada no mundo inteiro. Esperamos que a ZFM seja, de fato, um modelo de integração regional.

E dê as respostas necessárias, reunindo inclusive a Sudam. Tudo faz parte dessa cadeia de incentivos fiscais. Quando terminar a campanha política, vamos descer do palanque e nos filiar a um partido chamado Zona Franca de Manaus.

JC - Vemos que o interior do Estado ainda precisa de muitas ações que fomentem o desenvolvimento. Praticamente, a população continua sem nenhuma expectativa de vida. Não há empregos, falta também infraestrutura. Como avalia essa situação?

NA - Sou do interior, sou dos barrancos, das terras caídas. Eu era concursado da Sefaz, vim pra cá para ajudar os outros. Fui uma das pessoas que ajudaram a fundar a Utam, que era voltada para o tecnólogo. Pra não trazermos pessoa de fora. Pra capacitar mão de obra para o Polo Industrial de Manaus.

Se todos nós pensarmos nos outros, com certeza vai melhorar a nossa região. Os próximos governantes devem colocar pessoas com habilidade e conhecimento em cada área. E não deixar alguém nos gabinetes sem fazer nada.

Temos que ter pessoas que sejam capazes de criar atividades sociais e econômicas. Não vou perder o meu entusiasmo.

JC - O sr. falou em números interessantes sobre o fechamento das atividades industriais no ano passado.

Foi mais difícil recuperar, mas houve um desempenho positivo. Vem agora a Copa do Mundo. Em 2022, teremos eleições, a economia sempre tem esses abalos da política. Qual a expectativa para este ano?

NA - Em 2022, a expectativa é que os resultados sejam melhores do que no ano passado. Claro, a Copa do Mundo sempre desperta boas ações, até pela questão tecnológica.

A gente tem esperança. Agora, o que está prejudicando é essa nova variante ômicron.

Estão faltando matérias-primas. Dependemos principalmente da Ásia. Temos empresas com produção reduzida. Então, esperamos superar todas essas dificuldades. Isso vai desde o chão de fábrica até aos dirigentes.

Temos que esquecer a coloração partidária, pegar nossa bancada federal e junto com nosso governador, a Suframa e a prefeitura reforçar ações".

Fonte: JCAM

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